sexta-feira, abril 27, 2012

A segurança social e a saúde nos EUA – os campeões mundiais do laissez faire, laissez souffrir, laissez mourir...



Rapinado do Ladrões de Bicicletas

Hoje, no jornal Público, o economista e investigador Domingos Ferreira termina com estas perguntas o seu artigo intitulado "A desvalorização interna":

Outro erro histórico será o de privatizar a Segurança Social e o Sistema Nacional de Saúde.

Estes senhores não sabem que nos EUA milhões de americanos perderam as suas poupanças e foram lançadas na pobreza em resultado da falência de algumas companhias de seguros e de bancos?

Será que não sabem que uma em cada três famílias fica insolvente em resultado das elevadíssimas despesas do sistema de saúde privado americano?

Então não sabem que as despesas de saúde do tão "eficiente" sistema privado americano é duas vezes superior ao sistema de saúde público alemão ou sueco e três vezes superior ao Sistema Nacional de Saúde?

Porque insistem no erro?

a) Porque não reformam o cancro nacional que são as PPP?

b) Onde estão as reformas fundamentais para a modernização e revitalização da economia nacional?

c) Porque não abrem a economia fortemente oligopolizada e cartelizada à concorrência?

d) Porque não baixam os impostos às depauperadas pequenas e médias empresas?

e) Porque não introduzem moralidade no sistema e põem fim aos indevidos privilégios de alguns influentes?

f) Porque são sempre os mais vulneráveis a pagar?

Pois, disto nem se ouve falar.





«Porque insistem no erro?» Qual erro? Sócrates e Coelho são funcionários bancários. Complementam-se, são colegas de trabalho.

O primeiro (Sócrates) estoirou todo o dinheiro que podia em obras com tanto de inúteis como de faraónicas, subsidiadas pala Banca. O segundo (Coelho), faz questão de que os portugueses paguem, com sangue se necessário, os juros usurários a que Sócrates nos obrigou.

Sob esse aspeto têm sido profissionais (bancários) irrepreensíveis. Mesmo que tenham empurrado um povo inteiro para a miséria. Cabe ao povo dizer de sua justiça e executá-la de forma célere...



terça-feira, abril 24, 2012

Adeus, caro Miguel



A Integridade parte

Miguel Portas 1958-2012


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A Torpeza fica


domingo, abril 22, 2012

Vítor Gaspar: «As pessoas estão totalmente disponíveis para os sacrifícios»...

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Uma brigada constituída por cinco portugueses: um desempregado na casa dos 40-50, um precário com um salário insignificante, um idoso com uma pensão miserável, um jovem licenciado sem futuro e um sem-abrigo que perdeu a esperança, oferece em sacrifício o ministro da das finanças - Vítor Gaspar, a fim de apaziguar os deuses da ganância da Finança Internacional...


Vítor Gaspar: «As pessoas estão totalmente disponíveis para os sacrifícios e para trabalharem mais, para o país ter êxito nos programas de ajustes, se a partilha do esforço for vista como sendo justa. Como tal, temos estado constantemente preocupados com a concepção dos cortes na segurança social, no sistema de saúde, quando aumentamos impostos, para protegermos os menos favorecidos e os mais vulneráveis.»


Comentário

Os sacrifícios de que fala Gaspar estão a empurrar milhões de pessoas para a miséria e dezenas de milhar de jovens (que se vêem sem futuro) e idosos (que se vêem sem amparo) para o suicídio. Quaisquer sacrifícios a que Gaspar seja sujeito saberão sempre a pouco aos deuses da justiça social...


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segunda-feira, abril 16, 2012

"Portugal está a trabalhar bem para cumprir os «seus» objectivos", disse o banqueiro Ricardo Salgado

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«A CRISE FINANCEIRA»


Banco Espírito Santo

Lucros em 2006 = 420 milhões de euros

Lucros em 2007 = 607 milhões de euros

Lucros em 2008 = 402 milhões de euros

Lucros em 2009 = 522 milhões de euros

Lucros em 2010 = 510 milhões de euros

O BES lucrou, nos nove primeiros meses do ano de 2011, 137,8 milhões de euros. O agravamento da situação económica internacional levou o banco a reforçar as provisões em 660,7 milhões de euros, penalizando os resultados observados até Setembro. [As provisões destinam-se a que a empresa possa constituir reservas para acontecimentos incertos. Aquando da constituição da provisão, esta será um custo reconhecido na demonstração de resultados. Na actividade bancária, as provisões para riscos gerais podem ter uma influência grande nos resultados - fazendo evaporar magicamente chorudos lucros...]


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Texto de Baptista Bastos - 13 Abril 2012

As palavras do banqueiro

"Portugal está a trabalhar bem para cumprir os seus objectivos", disse o banqueiro Ricardo Salgado, com aquele ar assustador que o distingue. É um elogio ou o sinal de que somos a obediência em estado puro? A verdade é que sempre trabalhámos bem, muitas horas, cabisbaixos e tristes, não somos culpados deste infortúnio que nos caiu em cima, e pagamos uma culpa irremediável. Trabalhamos bem. Diz o banqueiro. E ele e os outros, têm trabalhado bem?

A pergunta modesta e singela tem razão de ser. Que têm feito pela pátria, ele e os outros? Que objectivos perseguem senão aqueles dimanados pelo lucro? Nada destas questões assentam num primarismo tonto. Correspondem a uma verdade como punhos. Eles enriquecem com o nosso dinheiro, quando cometem disparates têm sempre o respaldo do Governo, e, ainda por cima, atrevem-se a ditar sentenças. Sei, claro que sei e sabemos, que a Banca é um dos pilares do capitalismo, e que o capitalismo, ao contrário do socialismo, não promete nada, e muito menos a felicidade dos povos. Mas deixá-lo à solta, é arriscadíssimo. Tem-se visto.

A crise por que atravessamos não tem merecido, dos banqueiros, um esforço aturado de análise. E se, entre 1929 e agora, a crise possui semelhanças que têm sido escamoteadas, as causas são sempre as mesmas, porventura mais ou menos graves. Por sua vez, os políticos, esta geração de políticos, não sabe o que fazer. E a Europa está nas mãos de uma Direita tão anacrónica como incompetente.

Os senhores da Europa assenhorearam-se do mando porque são mais fortes, dispõem de dinheiro, de informação e de poder. Mais ainda: arregimentam Governos servis, de cega obediência, que mais não são do que serventuários de interesses alheios. O Governo português não foge à regra: é um arregimentado, sem personalidade própria, seguidor de uma estratégia imperial bicéfala. Mas não será a França a detentora absoluta do poder. Chegará a altura que ela própria sofrerá as consequências da megalomania.


Governos servis, de cega obediência, que mais não são do que serventuários de interesses alheios

O discurso clássico sobre a bondade da economia moral não passa de uma facécia. A economia vive de si mesma, e o pretendido equilíbrio geral que provoca é o equilíbrio instável do momento. Marx esclareceu. E se alguns preopinantes desenfreados entendem Marx como um pensador ultrapassado, ignoram que a relação económica imposta sem regras conduz ao descalabro. Como nos aconteceu esta desgraça?, perguntam as pessoas que mais sofrem a crise. Acontece que o mundo e os homens se transformaram em cobaias ou mercadorias, e introduzidos como engrenagens de uma roda infernal.

"Gastámos de mais. Gastámos acima das nossas possibilidades", dizem por aí. Gastámos, quem? Gastámos de mais, se sempre tivemos de menos? A falácia não esconde o jogo desta hipocrisia inominável. Quando Ricardo Salgado formula aquela opinião, sabe muito bem que somos comprados, utilizados e manipulados a BEL-prazer das circunstâncias. Trabalhamos bem porque não recalcitramos contra estas afrontas, porque somos colonizados como peças de um empreendimento de domínio. No caso português, por submissão e impossibilidade criada pelos mecanismos de mando, chegamos a ser cúmplices dos nossos próprios verdugos.

Todos os dias, de forma quase implacável, surgem notícias de novas submissões. Todos os dias aumentam os impostos, de forma directa ou indirecta, e ninguém sabe explicar porquê, a não ser que a crise é que determina. Os portugueses nunca foram senhores da sua liberdade, é verdade. Desde sempre fomos colónia de qualquer império, e chegámos a ser colónia do nosso próprio império. A banalidade económica do mal (parafraseando Hannah Arendt) provém da banalidade do mal do capitalismo. E a implosão do "comunismo" auxiliou, grandemente, a voracidade da luxúria. Não digo nada que se não saiba: as coisas estão por aí.

Sofremos, em Portugal, o reflexo de uma ideologia que se oculta sob o nome de "neoliberalismo." Não é "neo", nem "liberalismo." As palavras têm sido alteradas e adulteradas ao sabor das circunstâncias históricas. E dispõe, a ideologia, como todas as ideologias dispõem, de turiferários [bajuladores] encartados [comentadores mediáticos], que encenam o destino dos outros e são pagos para isso. "Portugal está a trabalhar bem", assevera Ricardo Salgado. Está. Mas será em benefício próprio?


Turiferários [bajuladores] encartados, que encenam o destino dos outros e são pagos para isso


Comentário

O caso do pensionista grego de 77 anos que pôs termo à vida na manhã de quarta-feira (4 de Abril de 2012) na praça Syntagma, trouxe para primeiro plano o desespero das vítimas das políticas de austeridade. Dimitris Christoulas escreveu uma nota responsabilizando o Governo: "Não vejo outra solução senão pôr, de forma digna, fim à minha vida, para que eu não me veja obrigado a revirar o lixo para assegurar o meu sustento. Eu acredito que os jovens sem futuro um dia vão pegar em armas e pendurar os traidores deste país na praça Syntagma, assim como os italianos fizeram com Mussolini em 1945”, escreveu o antigo farmacêutico de Atenas.

É desejo de muitos que Portugal comece finalmente a trabalhar bem, recusando-se a continuar a encher os bolsos a banqueiros e acólitos, e cumprindo aquele que deve ser o seu primeiro objectivo: pegar em armas e pendurar os traidores deste país – banqueiros ladrões, políticos a soldo e comentadores venais - nas muitas praças deste país. Pelourinhos não faltam...
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quarta-feira, abril 11, 2012

Mentecaptos, ingénuos ou assassinos tout court?

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Estes são talvez os rostos mais conhecidos daqueles que têm vindo a arrastar Portugal e os portugueses para a pobreza e a morte.

Não há nenhum economista (não vendido à Banca) que defenda as medidas absurdas que estes indivíduos já tomaram e continuam diariamente a tomar para destruir este país e os seus cidadãos. Portugal tem atualmente a terceira taxa de desemprego mais elevada da OCDE.

Parecendo pertencer a ideologias diferentes, esta escumalha faz parte de um único partido – um aparelho que está ao serviço da Banca Internacional (que, mais tarde, lhes garantirá um esplêndido tacho numa das suas agências).


Chris Gupta: "A constituição de uma «Democracia Representativa» "consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta..."


Não sendo mentecaptos nem ingénuos, estes canalhas da "governação", que premeditadamente atiram milhões de pessoas para a miséria e muitos outros milhares para o suicídio, podem e devem ser considerados assassinos encartados.

E na falta de uma justiça digna desse nome – seja porque a legislação é cozinhada por poderosos escritórios de advogados (a soldo do Grande Dinheiro), e de juízes cuja independência não passa de uma fantasia (algum juiz que se insubordine vai corrido para a comarca de Trancoso) – a justiça tem de ser feita diretamente pelos cidadãos. Quanto mais demorar essa justiça, maior a penúria que assolará o país.




O número de jovens que se suicidam por falta de futuro disparou (40% em Espanha). O número de idosos que morrem por falta de cuidados de saúde aumentou de forma brutal. O número de pessoas que caiem diariamente no desemprego e na pobreza é enorme.

O secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, diz que com o agravar da crise e com o aumento do desemprego e o aumento de situações de maior dificuldade social, individual e familiar "é possível e imaginável" que cada vez mais pessoas se suicidem.



Fernando Leal da Costa, Secretário de Estado Adjunto da Saúde, tenta demonstrar que o Governo não tem nada a ver com o súbito aumento da mortalidade, exibindo um gráfico que representa um pico de gripe que se revela de forma mais acentuada na Grécia e em Portugal. Depois dos surtos da gripe das aves e da gripe suína, defrontamo-nos agora com a gripe da Troika.


O caso do pensionista grego de 77 anos que pôs termo à vida na manhã de quarta-feira (4/4/2012) na praça Syntagma, trouxe para primeiro plano o desespero das vítimas das políticas de austeridade. Dimitris Christoulas escreveu uma nota responsabilizando o Governo: "Não vejo outra solução senão pôr, de forma digna, fim à minha vida, para que eu não me veja obrigado a revirar o lixo para assegurar o meu sustento. Eu acredito que os jovens sem futuro um dia vão pegar em armas e pendurar os traidores deste país na praça Syntagma, assim como os italianos fizeram com Mussolini em 1945”, escreveu o antigo farmacêutico de Atenas.


Comentário

De que é que estamos à espera para agir? Ou aceitamos todos continuar a marchar bovinamente para o matadouro enquanto uma escória que merece mil mortes continua a encher pornograficamente os bolsos – e sobretudo os bolsos daqueles a quem servilmente prestam vassalagem?

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segunda-feira, abril 09, 2012

«Bem pensado – mas nunca substituirão o cavalo», disseram os cépticos quando viram os primeiros automóveis.

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Uma resposta aos que se agarram desesperadamente a um paradigma que surgiu com a revolução industrial – O Emprego – quando se percebe que este está a agora desaparecer em todo o lado a uma velocidade vertiginosa. Tudo devido à evolução tecnológica exponencial a todos os níveis.

O fim do emprego trará também o fim do capitalismo e, a cereja em cima do bolo, o fim do parasitismo financeiro.


The Benz Patent Motor Car Velocipede Of 1894


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* Nos primeiros tempos da aviação, o astrónomo americano William Pickering, que predisse a existência de Plutão, preveniu o público de que: «A mente popular imagina frequentemente gigantescas máquinas voadoras atravessando o Atlântico a grandes velocidades e transportando numerosos passageiros como um moderno paquete… Parece-me seguro afirmar que tais ideias são totalmente visionárias, e mesmo que uma máquina conseguisse atravessar o Atlântico com um ou dois prisioneiros, os custos seriam proibitivos…» Três décadas mais tarde, em Julho de 1939, foi inaugurada a primeira linha aérea transatlântica com um hidroavião Boeing 314, o Yankee Clipper da Pan American, transportando 19 passageiros.




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* Em 1924, o engenheiro electrotécnico inglês Alan Archibald Swinton, um dos pioneiros do de raios catódicos, fez uma palestra na Radio Society da Grã-Bretanha sobre «Visão à Distância». Diria então: «Provavelmente não valerá a pena que alguém se dê ao trabalho de consegui-la.» Quatro anos mais tarde, a General Electric Company inaugurava, no estado de Nova Iorque, a primeira rede de televisão do Mundo.




* «História dos Grandes Inventos - Selecções do Reader’s Digest – 1983, pág 62».


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A automação e a inteligência artificial têm tido um desenvolvimento avassalador. A máquina, de forma crescente, possui mais dados, mais conhecimento e melhor capacidade de decisão. Cada vez é mais inteligente e mais autónoma. E cada vez menos precisa de ser dirigida pelo homem.

A tecnologia está cada vez mais próxima de produzir sozinha. O desenvolvimento tecnológico é exponencial em todos os campos que se considere. Donde, no binómio homem-máquina na produção, o homem tem cada vez menos peso. Em breve não terá praticamente nenhum e a máquina produzirá sozinha.

Nessa altura, a fábrica totalmente automatizada não poderá ser privada. Porque não existirão trabalhadores com salários, e sem salários não há poder de compra. Sem poder de compra não há vendas. Sem vendas não há lucros. Sem lucros não há empresas privadas. Qualquer empresa automatizada, seja o que for que produza, terá necessariamente de pertencer ao grupo, à comunidade, à sociedade.

O número crescente de desempregados a par do desenvolvimento exponencial do hardware e do software estão aí para prová-lo. Vamos acelerar a transição ou vamos permanecer agarrados a um passado de emprego condenado ao desastre social?

É a tecnologia que está a substituir o homem no trabalho. É por isso que o velho paradigma do emprego está moribundo. É necessário criar rapidamente, com o auxílio da tecnologia, um mundo mais justo, mais redistributivo e mais humano.




Comentário

O processo paradigmático acima descrito não tem necessariamente de ficar à espera de uma revolução tecnológica completa que o conclua. Muito sofrimento humano pode ser evitado com revoltas, ora pacíficas, ora violentas, consoante os casos, contra a vermina financeira (e respetivos serviçais – na política, na justiça e nos media) que carcome, devora e parasita a humanidade.
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