sexta-feira, outubro 30, 2009

Um especialista em cremação no campo de extermínio de Treblinka


Jean-François Steiner nasceu em 1938 de pai judeu, que morreu em Treblinka, e de mãe católica. Segundo George Steiner, foi uma viagem a Israel e o mal-estar sentido pelos jovens judeus durante o julgamento de Adolf Eichmann pela passividade das vítimas do Holocausto, que levaram Jean-François Steiner a entrevistar um punhado de sobreviventes de Treblinka e a escrever uma exposição da revolta no campo de extermínio. O seu livro "Treblinka" foi primeiro publicado em França em 1966, e a tradução em inglês publicada no ano seguinte.


Simone de Beauvoir escreveu o prefácio do livro "Treblinka"

Simone de Beauvoir


A seguir, o parágrafo final do prefácio escrito por Simone de Beauvoir:

"O tom geral do livro é absolutamente singular: nem patético nem indignado, e sim de uma frieza calculada e às vezes mesmo de um sombrio humorismo. O horror é apresentado na sua banalidade quotidiana e quase como inevitável. Como uma voz que recusa as inflexões humanas, o autor descreve um mundo desumanizado; no entanto, é de homens que se trata; o leitor não o esquece e esse contraste provoca nele um escândalo intelectual mais profundo e mais durável do que qualquer emoção. O escândalo, entretanto, não passa de um recurso. Acima de tudo, Steiner, quis compreender e fazer compreender. Acreditamos que tenha atingido plenamente seu objectivo".

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Jean-François Steiner descreve no seu livro o método empregue para fazer desaparecer os 800.000 ou mais cadáveres de Treblinka sem deixar rasto - (Steiner, Treblinka, editorial Gerhard Stalling Verlag, 1966, pág. 294 e seguintes):

"Era loiro e magro, possuía uma fisionomia amável, actuava de forma despretensiosa e chegou numa manhã luzidia ao portão do reino da morte. Chamava-se Herbert Floss e era especialista em cremação de cadáveres..."

"No dia seguinte construiu-se a primeira pira e Herbert Floss revelou o seu segredo: a composição da pira. Segundo explicou, nem todos os cadáveres se queimavam de maneira semelhante. Havia cadáveres bons e maus, incombustíveis e facilmente inflamáveis. A arte consistia em usar os bons para queimar os maus. Segundo as suas investigações – que obviamente eram muito avançadas – os cadáveres velhos ardiam melhor que os jovens, os gordos melhor que os fracos, as mulheres melhor do que os homens, e as crianças, não tão bem como as mulheres, mas melhor do que os homens. Donde resultava que os cadáveres de mulheres gordas eram os cadáveres ideais. Herbert Floss mandou separá-los a um lado assim como os dos homens e das crianças."

"Depois de terem sido desenterrados e classificados quase 1.000 cadáveres, começou-se a empilhá-los, colocando os de melhor material combustível em baixo e os de menor qualidade acima. Floss rejeitou os bidões de gasolina que lhe ofereceram e em seu lugar mandou trazer madeira. O seu trabalho devia ser perfeito. A lenha foi colocada debaixo da grelha da pira formando pequenos focos, tipo fogachos. A hora da verdade tinha chegado. Com solenidade foi-lhe entregue uma caixa de fósforos; ele debruçou-se, acendeu o primeiro foco seguido dos outros e entretanto a madeira começava a queimar-se paulatinamente. Floss, com o seu caminhar tão estranho, aproximou-se dos oficiais que esperavam a uma certa distância."

"As chamas cresciam mais e mais, lambendo os cadáveres, vacilando primeiro, mas depois lambendo com força. De repente, toda a pira ficou envolta em chamas que cresciam expulsando nuvens de fumo. Ouviu-se um crepitar intenso, os rostos dos mortos contraíam-se dolorosamente e a sua carne rebentava. Um espectáculo infernal. Por momentos, até os homens das SS ficaram como que petrificados, observando mudos o milagre. Herbert Floss estava radiante. A pira expelindo chamas era a experiência mais bonita da sua vida."

"Um tal acontecimento devia festejar-se. Trouxeram-se mesas que foram colocadas em frente da fogueira e caixas de garrafas de aguardente, cerveja e vinho. O dia estava a chegar ao fim e o céu estrelado parecia reflectir as chamas altas da fogueira, para lá do horizonte, onde o sol se punha com o esplendor de um incêndio."

"A um sinal de Lalka [o comandante do campo] saltaram as rolhas e começou uma festa fantástica. O primeiro brinde foi dedicado ao Führer. Os operários das escavadoras tinham regressado com as suas máquinas. Quando os homens das SS levantaram as taças aos gritos, as máquinas pareceram ganhar vida; com um movimento abrupto levantaram o braço de aço ao céu numa repentina e vibrante saudação hitleriana. Foi como um sinal. Dez vezes levantaram também os homens o braço fazendo ressoar de cada vez o «Sieg-Heil». As máquinas animadas respondiam às saudações dos homens-máquina e o ar retumbou de vivas ao Führer. A festa durou até que a fogueira se extinguiu. Depois dos brindes cantou-se; ouviram-se cantos selvagens e cruéis, cantos cheios de ódio, horripilantes, cantos em honra da Alemanha eterna."



Memorial em Treblinka formado de pedras de basalto recriando as fossas onde os corpos eram cremados
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quarta-feira, outubro 28, 2009

O suicídio resoluto na Moviflor versus o suicídio piegas na France Télécom

Didier Lombard, presidente-executivo da France Télécom


Revista VISÃO - 8 de Outubro de 2009:

As contas dos últimos meses na France Télécom: 24 suicídios e 12 tentativas falhadas. O presidente-executivo Didier Lombard, desprezado por grande parte dos seus empregados, é olhado por muitos como a raiz dos problemas na empresa.


Gestão Terrorista na France Télécom

A onda de 24 suicídios e 12 tentativas falhadas dos últimos meses na France Télécom veio pôr a nu a existência de um fio comum que liga todas estas mortes: uma «gestão pelo terror», nas palavras de um dos malogrados colaboradores, posta em marcha na telefónica francesa, desde a sua privatização, em 1997.

Anunciada em 1990, a entrada de capital privado na France Télécom e a sua exposição às leis da concorrência resultaram no abandono da cultura de serviço público. Em contrapartida, o culto da máxima rentabilidade sacrificou os recursos humanos da empresa que, desde 2002, se vêem forçados a mudar de posto todos os 27 meses e de local de trabalho de três em três anos. Para se tomar lucrativo, o gigante das telecomunicações teve de reduzir drasticamente a massa salarial, o que só tem vindo a ser alcançado pela saída dos funcionários, pelo seu próprio pé.

Quando as regalias financeiras para quem quisesse abandonar os quadros se revelaram insuficientes, o passo seguinte foi declarar guerra aos assalariados que não estavam a acompanhar a evolução da empresa. Em seminários internos, os gestores foram mobilizados para uma estratégia de vigilância e humilhação constantes sobre os seus subordinados.


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Mas se, na France Télécom, a fragilidade psicológica dos trabalhadores, face à precariedade, ao assédio e à espiral de sofrimento, os leva, de forma pacata, a colocar termo à vida, na Moviflor portuguesa as coisas não são tão pacíficas:


Viseu - 8 de Abril de 2008


Diário de Notícias e IOL - 08 Abril 2008:

Um homem morreu ontem e duas pessoas ficaram feridas na sequência de um ajuste de contas protagonizado por um antigo funcionário da empresa Moviflor de Viseu. O indivíduo, José Manuel Duarte Silva, de 30 anos, entrou nos escritórios da empresa e disparou à queima-roupa sobre o responsável. De seguida dirigiu-se a uma companhia de seguros onde efectuou mais dois disparos mas sem atingir ninguém devido à reacção de um mediador que, ao aperceber-se do sucedido, conseguiu travar o alegado homicida. Ao final do dia, o agressor ainda se encontrava a monte. A PJ reconhece tratar-se de um "ajuste de contas" relacionado com uma indemnização resultante de um alegado acidente de trabalho na Moviflor.

José Manuel Duarte Silva, de 30 anos é residente em Maçarocas, S. Pedro do Sul, onde é bombeiro, e terá sido o autor dos disparos que vitimaram o gerente da Moviflor, empresa com quem mantinha um diferendo e de onde foi despedido em Março de 2007.

Quando se dirigiu à Moviflor de Viseu, José Silva levava o seu objectivo bem definido: matar José Manuel, 34 anos, o supervisor que o tinha despedido em Março de 2007. Foi directo ao seu gabinete, junto à entrada da loja, onde aguardou que uma funcionária se afastasse. Depois, disparou sobre o responsável um tiro de caçadeira à queima-roupa no lado esquerdo do abdómen.

Depois de efectuar os disparos, o alegado homicida dirigiu-se à seguradora Açoreana, que é responsável pelos seguros da loja da Moviflor, onde efectuou dois disparos sem atingir ninguém devido à intervenção de um mediador de seguros. Este homem, de 62 anos, entrou numa luta com o suspeito e acabou por ficar ferido. Foi a acção do mediador que travou o alegado agressor.

Segundo a PSP, o suspeito «foi funcionário da Moviflor, de onde saiu após um acidente de trabalho», na sequência do qual andava a ser seguido por médicos da Açoreana. «Presume-se que isto (os tiroteios) esteja relacionado com as indemnizações. Parece que foi um ajuste de contas»,

Na origem do homicídio estará um diferendo que José Silva mantinha com a Moviflor, de onde foi despedido. Teresa Albuquerque, da administração da empresa, assegurou ao DN que o suspeito "esteve de baixa de Janeiro de 2006 a Março de 2007 porque teve um acidente, no seu carro, quando regressava a casa. Como tinha uma incapacidade acabou por ser despedido".

Mas no círculo de relacionamentos do alegado homicida corre outra versão. "Ele teve um acidente há dois anos quando saiu do trabalho. Esteve de baixa, foi operado e regressou ao trabalho", revelou Manuel Poças, dirigente do Corpo de Salvação Pública, em São Pedro do Sul, onde o suspeito era bombeiro de segunda classe. Também o comandante dos bombeiros referiu ao DN que "ele mudou o comportamento desde o acidente de viação quando regressava a casa do trabalho na Moviflor". António Almeida referiu que "andava um pouco revoltado, de vez em quando exaltava-se, mas nunca a ponto de fazer isto".

Moviflor em Viseu

José Manuel Duarte Silva, de 29 anos, foi funcionário de armazém na Moviflor de Viseu até Abril de 2007, altura em foi despedido por faltar muitas vezes sem justificação. O que o levou ao desespero terá sido um grave acidente de viação que sofreu há cerca de dois anos, quando se deslocava, no seu carro, do trabalho para casa, em Novais, S. Pedro do Sul. Desde então, entrou em conflito com a Açoreana, responsável pelos seguros da Moviflor, porque esta não considerou o sinistro um acidente de trabalho. Esteve de baixa vários meses mas, como "os médicos da seguradora não lhe reconheceram incapacidade total, teve de voltar ao trabalho", conta António Almeida, comandante dos Bombeiros de Salvação Pública de S. Pedro do Sul, onde o indivíduo era voluntário. "Como tinha muitas dores e não conseguia fazer tudo, deram-lhe um outro trabalho que ele não aceitou de bom grado e deixou de aparecer no serviço, acabando por ser despedido".

O atirador continuou a reclamar uma indemnização, apesar de ter sido despedido. José Silva estava, por isso, em "guerra" com a companhia de seguros e com o gerente da Moviflor.

No quartel, os bombeiros ficaram incrédulos porque o suspeito era considerado "uma pessoa humilde mas desde que teve o acidente ficou abalado". Uma funcionária da loja afirmou ao DN que "depois do acidente ele ainda veio trabalhar. Mas como não conseguia, faltava muita vez e sempre exigiu a indemnização. O gerente, que tinha um feitio especial, acabou por despedi-lo mas ele nunca deixou de exigir a indemnização".

Todas as estradas da região estão vigiadas mas no fecho desta edição o suspeito dos disparos continuava a monte.

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E no dia seguinte - 9 de Abril de 2008


Correio da Manhã - 09 Abril 2008:

O autor dos disparos na Moviflor – onde matou o supervisor – e na Açoreana em Viseu, morreu na madrugada de ontem, num aparatoso despiste de automóvel, em Belazaima do Chão, Águeda. O Seat Ibiza com que José Silva, de 29 anos, andava fugido da polícia desde o final da manhã de segunda-feira foi encontrado por um automobilista, pelas 03h00, completamente enfaixado num eucalipto, na berma da EN336, que liga o Luso a Águeda.

No início, não havia qualquer indicação quanto à identidade do único ocupante da viatura, cuja frente e lateral esquerda ficaram desfeitas. O condutor, de acordo com o que o CM apurou, já estava morto e o corpo irreconhecível quando os bombeiros chegaram.

Confirmada a morte do autor dos disparos, que na manhã de segunda-feira vitimaram o supervisor da loja Moviflor, resta agora apurar as condições em que o despiste aconteceu, o que está a cargo da PJ e do Núcleo de Investigação Criminal da Brigada de Trânsito de Aveiro. Acidente ou suicídio são duas hipóteses para explicar a morte, uma vez que no local – uma longa recta – não havia qualquer vestígio de travagem. Pelo estado em que ficou a viatura, o condutor iria com velocidade excessiva.
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segunda-feira, outubro 26, 2009

Dr. Stefan Szende – A electrocussão como forma de assassínio e incineração em massa de judeus no campo de concentração de Belzec



Stefan Szende (1901 – 1985), originalmente István Szende, foi um cientista político húngaro-sueco, político socialista, jornalista e combatente da resistência contra os nazis.

Stefan Szende optou, em 1919, por ir estudar política e filosofia nas Universidades de Budapeste e Viena e fez parte, nesse mesmo ano, do Partido Comunista Húngaro. Em 1925 doutorou-se em Budapeste e foi preso pelas suas actividades políticas. Foi condenado a oito anos de prisão, após o que emigrou, em 1928, para Viena, onde obteve um grau adicional de Doutor em Filosofia. No mesmo ano foi para Berlim, onde se juntou ao Partido Comunista Húngaro [KPO] recém-criado e seguiu com a ala minoritária de Jacob Walcher, Paulo Frolich Enderle, em Agosto de 1932, para o SAPD [Sozialistische Arbeiterpartei Deutschlands - Partido dos Trabalhadores Socialistas da Alemanha].

Stefan Szende assistiu à tomada do poder pelo partido nazi, trabalhou ilegalmente no SAPD do distrito de Berlim e editou, com Walter Fabian, a bandeira do órgão partidário do marxismo revolucionário, em Novembro de 1933. Mas foi preso pela Gestapo, detido temporariamente no campo de concentração de Oranienburgo, e depois condenado a dois anos na prisão. Após o cumprimento da pena, no final de 1935, Szende foi expulso, indo primeiro para Praga, e em 1937 para Estocolmo, onde esteve activo na direcção da SAPD, estrutura representada no grupo internacional de socialistas democráticos. Stefan Szende trabalhou de perto com Willy Brandt, August Enderle e Behrisch Arno e aproximou-se do SPD - Partido Social-Democrata [Sozial demokratische Partei Deutschlands], no qual ingressou em 1944/45.

Em 1944, apresentou pela primeira vez em língua sueca o livro "Den siste juden från Pólen" [O último judeu da Polónia], um dos primeiros livros sobre o extermínio dos judeus europeus pela Alemanha nazi. Após 1945, Szende, por razões familiares e políticas, não regressaria à Alemanha ou à Hungria, e ficou a viver na Suécia, onde trabalhou como jornalista, escritor, na educação, e como editor-chefe e proprietário da Agence Européene de Presse (AEP).


O Dr. Stefan Szende descreveu da seguinte forma o extermínio em massa dos judeus no campo de extermínio de Belzec, no seu livro "Der letzte Jude aus Pólen" [O último judeu da Polónia], (Editorial Europa Zürich/New York, 1945), um livro baseado na vivência de Adolf Folkmann, um judeu polaco, nos territórios dominados pelos nazis de Setembro de 1939 a Outubro de 1943. Este livro foi traduzido para inglês com o título "The Promise Hitler Kept" [A Promessa que Hitler Cumpriu].


Retirado das páginas 290 e seguintes de "The Promise Hitler Kept":

"A fábrica da morte englobava uma área de aproximadamente sete quilómetros de diâmetro. Esta zona estava protegida com arame farpado e outras medidas de protecção. Nenhuma pessoa se podia aproximar dali. Nenhuma pessoa podia abandonar a zona (...). Os comboios cheios de judeus entravam por um túnel nas salas subterrâneas da fábrica das execuções. Tirava-se-lhes tudo... os objectos pessoais eram separados ordenadamente, inventariados e utilizados para as necessidades da raça superior."

"(...) Os judeus nus eram trazidos para salas gigantescas. Vários milhares de pessoas de uma só vez podiam ser metidas nestas salas. Não tinham janelas e o chão era feito de uma placa de metal que era submergível. Os pisos metálicos destas salas, com os seus milhares de judeus, afundavam numa bacia de água que ficava por baixo – mas só até ao ponto em que as pessoas não ficavam totalmente debaixo de água. Quando todos os judeus sobre o piso de metal estavam com a água pelas coxas, faziam passar através da água uma corrente eléctrica."

"Após alguns momentos, todos os judeus, milhares de uma só vez, estavam mortos. Então, o piso de metal era elevado até sair da água. Sobre ele estendiam-se os corpos das vítimas executadas. Então, era enviada outra corrente eléctrica, e o piso metálico transformava-se num forno crematório, incandescente, para que todos os corpos ardessem até ficarem em cinzas. Gruas gigantescas levantavam imediatamente esta imensa urna e descarregavam as cinzas. Grandes chaminés, tipo fábrica, evacuavam o fumo."

"O próximo comboio já estava à espera com mais judeus à entrada do túnel. Cada comboio trazia de três a cinco mil judeus, e por vezes mais. Havia dias em que o ramal para Belzec trazia vinte ou mais comboios. A tecnologia moderna triunfava no sistema nazi. O problema de como exterminar milhões de pessoas estava resolvido."



Vista do antigo campo de Belzec transformado em Memorial
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quinta-feira, outubro 22, 2009

O Petróleo não é de origem fóssil, continua a ser gerado ininterruptamente pela Terra e é inesgotável



Artigo retirado de: «Qual crise energética?»


Foi-nos sempre dito que o petróleo é um combustível fóssil, que surgiu há 500 milhões de anos, tendo por origem a decomposição de plantas e animais mortos. Restos de organismos teriam sido aprisionados no fundo dos oceanos numa camada de lama e cobertos por outras camadas de solo, formando ao longo do tempo o petróleo.

Foi-nos sempre dito que a energia do sol é captada pelos seres vivos e que podemos libertar novamente essa energia armazenada há centenas de milhões de anos através da combustão do petróleo.

É-nos dito que as reservas de combustíveis fósseis, especialmente o petróleo, duram, no máximo, até cerca de 2060.

Outro factor, para além da extinção das reservas petrolíferas, é o momento em que a produção de petróleo atinge o seu cume, começando então a decrescer. Este ponto máximo da extracção petrolífera é chamado de "Peak-Oil" [Pico Petrolífero]. Como é em função deste pico que varia a oferta e a procura, este pode ter um papel crucial nos preços do petróleo.

O ponto máximo da extracção petrolífera ou "Peak-Oil" é o instante em que a taxa de extracção petrolífera atinge o seu máximo absoluto em todas as bacias petrolíferas. Este momento é alcançado quando tenha sido extraído metade de todo o petróleo passível de ser explorado.

O Pico Petrolífero

É afirmado que o ponto de extracção máximo já foi alcançado no passado e que vamos de encontro a uma crise energética. A prova desta esta afirmação, dizem-nos, é o aumento contínuo da cotação do petróleo, de 25 dólares o barril em 2002 para 134 dólares em 6/6/2008 (este artigo foi escrito nesta data).

Por este motivo, dizem-nos que a esperada lacuna energética deve ser suprida através de menor consumo e pela procura de outras alternativas, tal como energias renováveis. Devemos abandonar o petróleo o mais rapidamente possível, pois ele irá acabar em breve.

É-nos afirmado que o petróleo se formou há centenas de milhões de anos, que existe em quantidade fixa, e que quando tivermos extraído a última gota, terá acabado para sempre a era do petróleo.

Mas o que é que aconteceria se toda esta história não tiver nenhum fundamento e tudo não passar de uma lenda? O que seria se o combustível petróleo não fosse de origem fóssil, não proviesse de organismos extintos, mas fosse de outra natureza? E se o petróleo, afinal, existe em abundância e continua a ser formado ininterruptamente pela Terra? E se não existir nenhuma crise energética e nenhum "Peak-Oil"?

O Pico Petrolífero está Aqui

A afirmação de que haveria um ponto máximo na extracção do petróleo foi divulgada em pânico, já em 1919, embora nesse tempo ainda não se chamasse "Peak-Oil" (este é somente um novo rótulo). Naquele tempo, foi afirmado pelos "especialistas" que o petróleo só chegaria para os próximos 20 anos. O que aconteceu na realidade? Desde então, a data do fim do petróleo foi sempre impelida para o futuro, e hoje, 90 anos depois, temos ainda petróleo, embora a extracção e o consumo tenham vindo a aumentar todos os anos.


O Petróleo Abiótico (não fóssil)

De onde veio, no fim de contas, a história de que o petróleo teria surgido de fósseis de organismos vivos e seria, portanto, biótico? O geólogo russo Mikhailo Lomonossov teve esta ideia pela primeira vez em 1757: "o petróleo surge de pequenos corpos de animais e plantas, enclausurados em sedimentos sob alta pressão e temperatura e transformam-se em petróleo após um período inimaginável". Não sabemos que observações o levaram a afirmar isso, simplesmente esta teoria nunca foi confirmada e é aceita sem provas há mais de 200 anos e ensinada nas universidades.

A teoria da origem do Petróleo como resultado da decomposição de restos de de plantas e animais
(clicar na imagem para ampliar)


Porém, nunca foram encontrados fósseis de animais ou plantas nas reservas de petróleo. Esta falta de provas mostra que a teoria do combustível fóssil é unicamente uma crença sem qualquer base científica. Os geólogos que espalham a teoria do combustível fóssil, não apresentaram ainda qualquer prova da transformação de organismos em petróleo.

Um dos elementos mais presentes sobre a Terra no nosso sistema solar é o carbono. Nós, seres humanos, somos formados em grande parte por carbono, assim como todos os outros seres vivos e plantas do planeta. E em pelo menos 10 planetas e luas de nosso sistema solar foram observadas grandes quantidades de hidrocarbonetos, a base para o petróleo.

A sonda espacial Cassini descobriu, ao passar próximo de Titan, a lua de Saturno, que ela está repleta de hidrocarbonetos líquidos. Mas não havendo lá vida para produzir os hidrocarbonetos, estes devem ser fruto de alguma outra transformação química. Devido à sua particular configuração atómica, o carbono possui a capacidade de formar moléculas complexas e apresenta, entre todos os elementos químicos, a maior complexidade de ligações químicas.

Aqui na Terra, as placas continentais flutuam sobre uma inimaginável quantidade de hidrocarbonetos. Nas profundezas do manto terrestre surgem, sob determinada temperatura, pressão e condições adequadas, grandes quantidades de hidrocarbonetos. A rocha calcária anorgânica é transformada num processo químico. Os hidrocarbonetos que daí resultam, são mais leves que as camadas de solo e rocha sedimentares, e por isso sobem pelas fendas da Terra e acumulam-se sob camadas impermeáveis da crosta terrestre.

O magma quente é o fornecedor de energia para este fenómeno geológico. O resultado dá pelo nome de petróleo abiótico, porque não surgiu a partir da decomposição de formas biológicas de vida, mas antes por um processo químico no interior da Terra. E este processo acontece ininterruptamente. O petróleo é produzido continuamente.


Eis alguns dos argumentos mais relevantes que comprovam que o petróleo é de origem abiótica (não fóssil):

- O petróleo é extraído de grandes profundidades, ultrapassando os 13 km. Isso contradiz totalmente a tese dos fósseis, pois os restos dos seres vivos marinhos nunca chegaram a tais profundidades e a temperatura (elevadíssima) teria destruído todo o material orgânico.

- As reservas de petróleo, que deveriam estar vazias desde os anos 70, voltam a encher-se novamente por si mesmas. O petróleo fóssil não pode explicar este fenómeno. Só pode ser explicado pela produção incessante de petróleo abiótico no interior da Terra.

- A quantidade de petróleo extraída nos últimos 100 anos supera a quantidade de petróleo que poderia ter sido formado através da biomassa. Nunca existiu material vegetal e animal suficiente para ser transformado em tanto petróleo. Somente um processo de fabricação de hidrocarbonetos no interior da Terra pode explicar esta quantidade gigantesca.

- Quando observamos as grandes reservas de petróleo no mundo é notório que elas surgem onde as placas tectónicas estão em contacto uma com as outras ou se deslocam. Nestas regiões existem inúmeras fendas, um indício de que o petróleo provém do interior da Terra e migra vagarosamente através das aberturas para a superfície.

Placas Tectónicas

- Em laboratório foram criadas condições semelhantes àquelas que predominam nas profundezas do planeta. Foi possível produzir metano, etano e propano. Estas experiências provam que os hidrocarbonetos podem formar-se no interior da Terra através de simples reacções anorgânicas – e não pela decomposição de organismos mortos, como é geralmente aceite.

- O petróleo não pode ter 500 milhões de anos e permanecer tão "fresco" no solo até hoje. As longas moléculas de carbono ter-se-iam decomposto. O petróleo que utilizamos é recente, caso contrário já se teria volatilizado há muito tempo. Isto contradiz o aparecimento do petróleo fóssil, mas comprova a teoria do petróleo abiótico.


Em 1970, os russos começaram a perfurar poços a grandes profundidades, ultrapassando os 13.000 metros. Desde então, as grandes petrolíferas russas, incluindo a Iukos, perfuraram mais de 310 poços e extraem de lá petróleo. No último ano, a Rússia ultrapassou a extracção do maior produtor mundial, a Arábia Saudita.

Os russos dominam a complexa técnica de perfuração profunda há mais de 30 anos e exploram inesgotáveis reservas de petróleo das profundezas na Terra. Este facto é ignorado pelo Ocidente. Os russos provaram ser totalmente falsa a explicação dos geólogos ocidentais de que o petróleo seria o fruto de material orgânico decomposto.

Nos anos 40 e 50, os especialistas russos descobriram, para sua surpresa, que as reservas petrolíferas se reenchiam por si próprias e por baixo. Chegaram à conclusão que o petróleo é produzido nas profundezas da Terra e emigra para cima, onde se acumula. Puderam comprovar isso através das perfurações profundas.

Entretanto, nos anos 90, a Rússia estava de tal modo à frente do Ocidente na tecnologia de perfuração profunda, que Wall Street e os bancos Rockfeller e Rothschild forneceram dinheiro a Michail Chodorkowski com a missão de comprar a empresa Iukos por 309 milhões de dólares, a fim de obter o know-how da perfuração a grande profundidade.

Michail Chodorkowski mandado prender por Putin

Pode-se agora perceber por que é que o presidente Wladimir Putin fez regressar a Iukos e outras petrolíferas novamente para mãos russas. Isso era decisivo economicamente para a Rússia, e Putin expulsou e prendeu alguns oligarcas russos.

Entretanto, os chamados "cientistas", os lobistas, os jornalistas a soldo e os políticos querem que acreditemos que o fim do petróleo está a chegar, porque supostamente a produção já atingiu o seu pico e agora está a decrescer. Naturalmente, a intenção é criar um clima que justifique o alto preço do petróleo e com isso obter lucros gigantescos.

Sabe-se agora que o petróleo pode ser explorado praticamente em toda a parte, desde que se esteja disposto a investir nos altos custos de uma perfuração profunda. Qualquer país se pode tornar independente em matéria de energia. Simplesmente, os donos das petrolíferas querem países dependentes e que paguem caro pelo petróleo importado.

A afirmação de que existe um máximo na extracção de petróleo é, de facto, um golpe e uma mentira da elite global. Trata-se de construir uma escassez e um encarecimento artificial. Tudo se resume a negócios, lucro, poder e controle.

Aliás, é absolutamente claro para todos que o Iraque foi invadido por causa do petróleo. Somente, não foi para extrair o petróleo, mas, pelo contrário, para evitar que o petróleo iraquiano inundasse o mercado e os preços caíssem. Antes da guerra, o Iraque extraía seis milhões de barris por dia, e hoje não chega a dois milhões. A diferença foi retirada do mercado. Saddam Hussein ameaçou extrair quantidades enormes de petróleo e inundar o mercado.

Tal significou a sua sentença de morte, e por esse motivo o Iraque foi atacado e Saddam enforcado. Agora os EUA têm lá tropas permanentemente. Ninguém tem licença para explorar o petróleo do país com a segunda maior reserva petrolífera do mundo. Por isso, o Irão, com a terceira maior reserva petrolífera do mundo, é agora também ameaçado por querer construir «armas de destruição massiva».

Soldado americano junto aos campos petrolíferos de Rumaylah no Iraque
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terça-feira, outubro 20, 2009

António Balbino Caldeira - uma das marcas políticas mais distintas do socratismo é o seu controlo dos grandes grupos económicos

Texto publicado por António Balbino Caldeira

No Blogue «Do Portugal Profundo» - 17 de Outubro de 2009

[as imagens que acompanham o texto foram escolhidas pelo autor deste blogue]


No actual estado de desenvolvimento tecnológico, o controlo do sistema corrupto sobre a sociedade é exercido através dos media tradicionais e da repressão do Estado.

Newsweek (17/3/2009) - Estado Policial. O novo tipo de vida americano

Através da repressão do Estado, pelo comando directo das polícias e dos serviços de informação (e dos departamentos policiais que criaram serviços de inteligência, na borderline da lei), da supervisão do poder judicial, com a colocação e agenciamento de antenas governamentais neste poder constitucionalmente autónomo, e de uma política de coercividade na administração pública e de selectividade política na atribuição das subvenções públicas.

Através dos media tradicionais, pelo domínio directo e indirecto das televisões, das rádios e da imprensa escrita, de âmbito nacional. Domínio directo através dos meios de comunicação social estatizados, onde o Estado tem posição accionista e poder de decisão formal. Domínio indirecto através dos meios de comunicação social detidos por grupos económicos dependentes do Estado, uma situação agravada em época de crise, e grupos mediáticos dependentes de financiamento público e crédito público (pela Caixa Geral de Depósitos). Os grandes grupos económicos privados detém meios de comunicação próprios para influência, e protecção, do poder ou participações nesses meios, directas e indirectas, através de capital e crédito, como faz o grupo Espírito Santo. Os grupos de origem mediática tradicional, como Controlinveste, Impresa, MediaCapital, ainda estão mais dependentes do poder, pois subsistem num negócio em contracção. O caso Ongoing é menos convencional, parecendo, agora, o grupo menos preocupado com o curto-prazo socratino do que com o futuro próximo.


No nosso País, uma das marcas políticas mais distintas do socratismo é o seu controlo dos grandes grupos económicos, numa promiscuidade político-empresarial que chega ao cúmulo das nomeações de quadros socratíchicos para a administração de empresas privadas (BCP, Mota-Engil,
grupo Lena). As nomeações de compadres são do interesse dos próprios accionistas (nomeadamente, as famílias do BCP, a família Mota e a família Rodrigues) que abdicam do controlo estratégico e operacional, desde que lhes acrescentem negócios e dinheiro. Como disclaimer, por rigor, devo salientar que, no caso do grupo Lena, o eng.º Carlos Manuel Santos Silva (da Conegil), beirão da Cova e, desde aí, amigo pessoal do primeiro-ministro, entronizado vice-presidente da Lena Engenharia e Construções SGPS, S.A. (ver Lena Construções, n.º 13, Junho de 2007, p. 19), saíu da administração da Lena Comunicação SG... PS (que detém o diário i) em «meados» de Setembro de 2009, portanto, cerca de duas semanas antes das eleições para a Assembleia da República, conforme anunciou a Meios & Publicidade, em 22-9-2009.

Os grupos que escapavam ao controlo, como a Sonae e Cofina, sucumbiram ao Governo na autonomia dos seus meios de comunicação, respectivamente Público e Correio da Manhã. Na Sonae, se o Eng.º Belmiro de Azevedo contestava frontalmente a política económico-social desastrosa do Governo, o seu filho e sucessor, o actual CEO, Eng.º Paulo de Azevedo, para assegurar a «boa relação» com Sócrates,
substituíu o director José Manuel Fernandes no Público e participa no anúncio governamental das Novas Oportunidades. Noutros casos, o envolvimento é mais distante, como no BPI, ou não há sequer imersão no terreno pantanoso dos media. Américo Amorim não se enterra no pântano dos media, pois cultiva um acesso directo ao poder.

A hermenêutica dominante crê ter descoberto um barómetro ultra-sensível em uso nos grupos económicos detentores dos media que, na antecipação das expectativas populares sobre o Governo e o seu futuro próximo, tomam a decisão de o apoiar ou retirar-lhe o apoio. Essa decisão é ainda condicionada pelo hábito português - que o Governo zapaterista, aqui ao lado, não seguiu... - da força política vencedora perdoar ao patrão de imprensa as ofensas que o seu meio lhe fez quando estava na oposição, contra a promessa deste o apoiar como tinha feito ao Governo anterior, mediante o abono costumeiro em publicidade institucional, subsídios e outros incentivos e negócios do grupo. Nessa circunstância de resignação, nada haveria a fazer para conquistar o poder: o poder perder-se-ia apenas por quem o exerce e herdar-se-ia pela oposição; os grupos económicos detentores dos media seguiriam o poder que está e mudariam somente quando este se esboroa. O trabalho de uma oposição não seria, então, lutar para conquistar o poder, mas esperar que este lhe caia de velho. Na minha opinião, estas premissas são falsas: o poder não só se perde, mas também se ganha; e os grupos económicos respeitam o poder político que se dá ao respeito, mesmo que a sua parcela de poder seja menor ou até que esteja na oposição.

Discurso no Hyde Park

Os meios antigos, anteriores às telecomunicações e tecnologias de comunicação actuais, têm um alcance muito limitado. Os discursos em cima de mesas (como faziam Lenine e Hitler), ou o modelo ecológico hydeparkiano, são agora vistos como sinais de grave desequilíbrio emocional ou loucura. Os grandes comícios e manifestações políticas, leninistas, nazistas, fascistas e da época da guerra civil espanhola, pertencem a um modelo totalitário que não passaria, nesta altura, de uma reprise de representação patética: hoje, quando o líder discursa, perante teleponto, com a voz e gestos artificiais ritmados pelos treinadores de media, fá-lo perante uma assembleia arregimentada, por medo e favores, numa produção do tipo teatral e cinematográfica, gravada para impacto televisivo. O povo não vai a esses eventos folclóricos, aborrecido com os políticos que sente não o representar nem cumprir, e também não é assim que se atrai. As arruadas, que substituíram as caravanas, numa tentativa de aproximação ao povo são usadas para figuração de campanhas. Exceptuam-se os jantares e almoços, que têm a promoção de uma refeição subsidiada, ou os concertos, no qual se entremeiam discursos sujeitos ao desinteresse da assistência. Os ídolos da sociedade actual são os artistas; os políticos são vistos como demónios.

Noutro plano, em contraste com os meios de comunicação tradicionais (tv, rádio e imprensa), temos os meios de comunicação modernos: jornais digitais, blogues, sítios da internet, fora, redes sociais, e-mail. O podcast (que cheguei a fazer...) e videocast não vingaram e são registos particulares de expressão limitada, que não conseguem competir na qualidade face à produção sonora e de video profissionais; e as fotografias e videos dos particulares ilustram tragédias e acontecimentos e têm a projecção dos meios em que se inserem. A circulação de informação e de opinião na internet com origem pessoal (blogues, sítios da net, redes e e-mail) tem um âmbito ainda numericamente baixo e corre dispersa. Os blogues competem com os jornais digitais, se bem que não tenham os mesmos recursos (dinheiro, tempo e acesso), na opinião e, em menor grau, na informação. As redes sociais, como o Facebook e Twitter, aproximam-se do cume de adesões e não são substitutos da informação nem da opinião dos blogues, mas, nessa área, apenas chamadores de atenção. Os jornais digitais são prolongamentos dos jornais impressos e sofrem dos mesmos vícios destes no que concerne ao enviesamento político a favor do Governo.


Os blogues resistiram ao crescimento das redes sociais e mantêm a sua preponderância como meios de difusão de opinião e informação dos cidadãos. Porém, a frequência de blogues em Portugal - e não podemos confiar nos números do Blogómetro, pois muitos estão inchados com o auto-refresh (ou auto-reload) e as visitas dos próprios - não se compara à audiência de telejornais, nem da rádio, se bem que se aproxime da circulação de muitos jornais (um jornal de referência, como o Público vendeu em Outubro de 2009 cerca de 39 mil exemplares diários) e da frequência de jornais digitais. Na verdade, jornais digitais e blogues compõem hoje, com meios distintos, a mesma comunidade mediática. Nos blogues existirá uma distribuição de preferência próxima da sociedade instruída. Portanto, os blogues não compensam, nem resolvem, o desequilíbrio do enviesamento dos meios tradicionais. Mais ainda, num agravamento do indecoro sistémico habitual das provocações, insultos e ameaças, temos visto chegar aos blogues, e inclusivé às suas caixas de comentários (!) - simultânea ao coro, orquestrado profissionalmente, dos militantes disfarçados nos programas televisivos e de rádio com participação de espectadores e ouvintes -, a insídia dos assessores governamentais, pagos pelo Estado, e dos profissionais de comunicação, financiados pelo poder político através de agências de comunicação. Isto é, com relevo maior do que nunca no período eleitoral que vivemos, e no período sequente, os blogues são entendidos como teatro de operações crucial da influência política.

Fora do âmbito limitado da sociedade instruída, onde os blogues são sustentáculo da liberdade e democracia, existe o jogo viciado dos media tradicionais concentrados que o socratismo controla de forma quase unânime. Nos media tradicionais avultam as televisões, que além disso, são caixa de ressonância selectiva da imprensa escrita. Se um telejornal tem um milhão de telespectadores, os blogues mais lidos, descontados os efeitos acima, têm uma audiência média quinhentas vezes menor (nos postes mais populares, cem vezes menor). Os blogues informam e formam a opinião pública, impactando a sociedade mais instruída e ávida de informação que passa a palavra à massa. Mas, actualmente, os blogues, que vencem a sua parte do esforço colectivo e até externalizam esse resultado, não são suficientes. Os meios de comunicação tradicionais são decisivos.

Em conclusão: sem meios, não há vitória. Para vencer a guerra política é necessário ganhar a batalha dos meios de comunicação tradicionais (televisão, rádio e imprensa escrita).

António Balbino Caldeira


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Comentário

Imaginar que é Sócrates quem controla os media e os grandes grupos económicos e financeiros "portugueses" é absurdo. Estes poderes estão sob a alçada de poderosos interesses económicos e financeiros internacionais.

Jardim Gonçalves, Belmiro de Azevedo, Fernando Ulrich, Américo Amorim, Ricardo Salgado e tantos outros, não passam de testas-de-ferro (bem remunerados) de interesses infinitamente mais poderosos. A nível internacional, existem oligopólios mediáticos, militares, petrolíferos, farmacêuticos, químicos, etc. - que, em última instância, são propriedade de um oligopólio financeiro.

E, evidentemente, para além da posse dos grupos económicos, esse oligopólio financeiro domina também o poder político nas chamadas «democracias» ocidentais, apresentando, por regra, dois partidos supostamente "antagónicos", para criar a ilusão da liberdade de escolha ao eleitor e que se alternam e eternizam no poder. São exemplos os partidos republicano e democrata nos EUA, os conservadores e os trabalhistas em Inglaterra, o movimento democrata e o partido socialista em França, o PS e o PSD em Portugal, etc.

Ninguém pode ter a veleidade de subir a um alto cargo político, Em Portugal ou lá fora, se não estiver absolutamente comprometido, logo à partida, com o grande poder financeiro, que controla a opinião pública, a oferta de moeda e a economia. Para se chegar a primeiro-ministro é necessário apoio mediático, com comentadores, em jornais e televisões, a incensarem incansavelmente o candidato (e a esconderem-lhe os podres), e apoio monetário para sustentar o partido, as campanhas, os tempos de antena, os cartazes, os jantares e os comícios. Após a eleição, o político lá estará para servir quem o elegeu (ou seja, o poder financeiro).




Quanto ao embate entre a blogosfera (na sua maior parte nas mãos dos cidadãos), e os media tradicionais (exclusivamente nas mãos do poder financeiro), é sabido que a primeira ganha adeptos todos os dias na exacta medida em que os segundos os vão perdendo. Quando, ou se, irá acontecer um turning point, não faço ideia.
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sexta-feira, outubro 16, 2009

Ricardo Araújo Pereira pergunta a Jorge Coelho, presidente da Mota-Engil, se estão reunidas as condições para podermos alcatroar o país todo

Jorge Coelho, o presidente-executivo da empresa de construção Mota-Engil, foi entrevistado por Ricardo Araújo Pereira no programa do Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios. O ex-dirigente socialista foi convidado para o cargo alguns anos depois de ter sido Ministro das Obras Públicas, sendo mais um caso de um governante a exercer funções de gestão em empresas do sector que tutelou no governo.

Jornal Expresso, 05/04/2008

A Mota-Engil anunciou há mês e meio (31/08/09) ter registado um lucro de 14,3 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, mais do que os 14,1 milhões de euros registados no período homólogo de 2008 e contrariando as expectativas dos analistas, que esperavam em média um recuo para os 12,1 milhões de euros.

E no Jornal de Negócios (16/10/2009): A Mota-Engil acumula uma valorização de 87,28% este ano, tendo subido 25% só nas últimas três semanas. A impulsionar as acções da empresa esteve a eleição do Partido Socialista nas legislativas...


Às questões colocadas por Ricardo Araújo Pereira, o CEO da Mota-Engil, Jorge Coelho, respondia bugalhos, sempre com um sorriso estampado no rosto, que alternava entre o amarelo e o rosa e vice-versa.


Seguem-se algumas das perguntas de Ricardo Araújo Pereira ao socialista da Mota-Engil, Jorge Coelho:

- Bem vindos de novo ao Gato Fedorento esmiúça os sufrágios, o nosso convidado de hoje já teve muito poder quando foi ministro, e agora tem ainda mais, ele é o CEO, que significa chefe, ou presidente, ou quem manda nas sacas de cimento da Mota Engil, é o Dr. Jorge Coelho.

- Sotôr, é muito comum antigos ministros saírem para depois irem trabalhar em grandes empresas. O sotôr acha que no fim desta legislatura o primeiro-ministro, José Sócrates, pode ir parar à Mota-Engil, ou vocês lá só aceitam quem seja mesmo engenheiro?

- Sotôr, eu queria colocar-lhe uma questão, talvez me possa ajudar. Eu precisava de fechar a marquise. A Mota-Engil conseguiu ficar com o projecto dos contentores de Alcântara sem concurso público. Por isso eu perguntava-lhe: como é que eu fecho a marquise evitando essa burocracia toda. Como é que se faz isso?

- Sôtor, acha que, agora que o PS fica no Governo durante mais quatro anos, estão reunidas as condições para podermos alcatroar o país todo?

- Mas o sotôr acha admissível que em pleno século XXI só hajam três auto-estradas entre Lisboa e Porto? Não faz falta construir uma quarta auto-estrada, por exemplo, ao pé da primeira mas dois metros acima?

- O sotôr teve medo nesta eleições que se o PSD ganhasse, que três ou quatro ministros do PS ficassem sem emprego e fossem ocupar o seu lugar na Mota-Engil?



terça-feira, outubro 13, 2009

France Télécom - Chamam-lhe gestão de terror e suicidam-se por causa dela



Revista VISÃO - 8 de Outubro de 2009:

As contas dos últimos meses na France Télécom: 24 suicídios e 12 tentativas falhadas.


QUANDO O TRABALHO MATA

Fazer parte de uma empresa cotada nas principais bolsas de todo o mundo, com mais de 186 milhões de clientes em 30 países, poderia ser o sonho de qualquer trabalhador. Para o funcionário da France Télécom que, a 28 de Setembro, se atirou de uma ponte, na auto-estrada A41, na região da Alta Sabóia, não foi, todavia, mais que um pesadelo. Antes de pôr fim à própria vida, o homem de 51 anos, casado e pai de dois filhos, que trabalhava num call-center, em Annecy-le-Vieux, deixou no carro uma carta em que atribuía a culpa do seu acto ao ambiente profissional insuportável.

Pouco tempo antes, a 14 de Julho, o testemunho de um colega de Marselha, que também se suicidou, foi ainda mais corrosivo. Especialista em redes móveis e antigo maratonista, deixou claro que «a única causa» por detrás da sua morte foi o emprego na France Télécom.


Longe de serem pequenas ilhas num universo de 187 mil colaboradores (102 mil só em França), estes dois homens fazem parte de um arquipélago de angústia maior que estrangula grande parte dos quadros do terceiro maior operador móvel europeu. À semelhança do que aconteceu na também francesa Renault, os 24 casos verificados desde Fevereiro de 2008 obrigaram a France Télécom a recuar, no braço-de-ferro com os sindicatos, e a reconhecer a urgência de um plano que ponha água na fervura, a curto prazo, e permita fazer diferente, daqui em diante.

Os números, tomados isoladamente, podem ser enganadores. Uma resposta inequívoca à pergunta sobre o real aumento da taxa de suicídios na multinacional esbarra na ausência de estatísticas entre 2004 e 2007. Mas recuando até aos 22 casos registados em 2003 e aos 29 ocorridos no ano anterior, estes parecem não estar muito desfasados dos dados do último ano e meio. Porquê o grito de alerta só agora?


O drama humano, por si só, não explica que os acontecimentos na France Télécom tenham saltado para o centro da arena mediática, nem a consternação social e política que se fizeram sentir, nos últimos dias. Se assim fosse, não teriam passado praticamente incólumes os 22 mil postos de trabalho suprimidos entre 2006 e 2008 e a alarmante taxa de absentismo, por doença, que disparou para a média de um mês por cada funcionário.


GESTÃO TERRORISTA

O que permanecia oculto, e que a onda de 24 suicídios e 12 tentativas falhadas dos últimos meses veio pôr a nu, foi a existência de um fio comum que liga todas estas mortes: uma «gestão pelo terror», nas palavras de um dos malogrados colaboradores, posta em marcha na telefónica francesa, desde a sua privatização, em 1997.

Anunciada em 1990, a entrada de capital privado na France Télécom e a sua exposição às leis da concorrência resultaram no abandono da cultura de serviço público. Em contrapartida, o culto da máxima rentabilidade sacrificou os recursos humanos da empresa que, desde 2002, se vêem forçados a mudar de posto todos os 27 meses e de local de trabalho de três em três anos. Os traba1hadores são, aliás, o elo mais fraco de uma cadeia que tem o Estado à cabeça, com uma posição no grupo, de 27 por cento. O Executivo francês privatizou a empresa, mas não pode alterar os estatutos de função pública de 65% do pessoal. O que, à partida, poderia parecer um trunfo para a maioria da força laboral da France Télécom, imune à ameaça do despedimento, tornou-se no seu calcanhar-de-aquiles. Para se tomar lucrativo, o gigante das telecomunicações teve de reduzir drasticamente a massa salarial, o que só tem vindo a ser alcançado pela saída dos funcionários, pelo seu próprio pé.

Funcionários da France France Télécom reunidos em memória de um colega que se suicidou em Julho último (AFP).


Quando as regalias financeiras para quem quisesse abandonar os quadros. se revelaram insuficientes, o passo seguinte foi declarar guerra aos assalariados que não estavam a acompanhar a evolução da empresa. Em seminários internos, os gestores foram mobilizados para uma estratégia de vigilância e humilhação constantes sobre os seus subordinados.

A precariedade e o assédio enredaram os trabalhadores numa espiral de sofrimento, mas bastarão para justificar que alguém ponha termo à vida? Segundo Marianne Lacomblez, coordenadora do Centro de Psicologia da Universidade do Porto, «cada pessoa tem em si uma dose de fragilidade psicológica, mas quando as condições de trabalho exigem que ultrapasse os seus limites, o seu estado de saúde, físico e psicológico, irá, inevitavelmente, sofrer um processo de degradação».


A RAIZ DO MAL

Questionada sobre a influência da política de mobilidade nos suicídios, a direcção da France Télécom começou por refutar uma responsabilidade institucional por estas mortes. Mas, encostado às cordas pelos meios de comunicação social, a opinião pública, os sindicatos e os partidos Socialista e Comunista franceses, que exigiram a sua demissão, o presidente-executivo Didier Lombard foi obrigado a retractar-se do modo atabalhoado como classificou os acontecimentos do Verão de «pequeno choque» ou «moda dos suicídios».

Didier Lombard, o presidente-executivo da France Télécom

Desprezado por grande parte dos seus empregados, Lombard não é uma figura consensual, nem para o Governo. Depois de Christine Lagarde e Xavier Darcos, ministros da Economia e do Trabalho, terem dado um voto de confiança ao líder da operadora, Christian Estrosi, titular da pasta da Indústria, admitiu que considera Lombard «um pouco responsável» pelo sucedido.

No rescaldo da tragédia, há um inquérito a decorrer sobre as condições em que ocorreram as mortes e a satisfação dos trabalhadores e foi declarado o fim do princípio de mobilidade sistemática a cada três anos, para alívio de quem ainda está nas fileiras da France Télécom. Entretanto, o nº2 da companhia, Steophane Richard, ex-conselheiro da ministra francesa da Economia, não resistiu à polémica e apresentou a demissão. Mantém-se Lombard, olhado por muitos como a raiz dos problemas na empresa. O gestor enfrenta, agora, o desafio de, até 2011 - ano em que termina o seu mandato - criar um plano que, sem hipotecar a política de dividendos, tenha em conta o bem-estar de todos, dentro do grupo, para que a saúde financeira passe a ser sinónimo de saúde de quem trabalha.


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Comentário

A necessidade de um Thermidor na France Télécom

E assim, o funesto funcionário da France Télécom, colocado ao nível da mais miserável maquineta da empresa, feito girar de lugarejo para terriola como um pião demente, espiado, fiscalizado e controlado como se fora um ratoneiro, é conduzido ao desespero, à desorientação e ao suicídio, tudo em nome dos direitos divinos da máxima rentabilidade, sob a batuta assassina do presidente-executivo, Didier Lombard, o louvado «Guru da Gestão pelo Terror».

E por falar em Gestão de Terror, vale a pena lembrar o período da Revolução Francesa, no qual Robespierre, através do Tribunal Revolucionário, iniciou um período que ficou conhecido como "la Terreur" [o Terror], que consistiu no exercício de amplos poderes ditatoriais usados para instigar execuções em massa e purgas políticas.

A repressão acelerou em Junho e Julho de 1794, um período denominado "la Grande Terreur" [O Grande Terror], e acabou com o golpe de 9 de Thermidor (27/7/1794), na qual vários líderes do Reino do Terror foram guilhotinados, incluindo o seu principal responsável, Robespierre.

Pode acontecer que a desmedida apetência de Didier Lombard por "la Gestion du Terreur", tal como sucedeu a Robespierre duzentos anos antes, o leve a perder o discernimento e a cabeça...

A execução de Robespierre (gravura da época)

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domingo, outubro 11, 2009

Talvez a única forma de combater o caciquismo e a corrupção autárquica seja admitir que os candidatos se eliminem mutuamente.


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Crime em Mondim de Basto

O dia eleitoral ficou hoje marcado pelo homicídio do marido da presidente da Junta de Freguesia de Ermelo, concelho de Mondim de Basto, distrito de Vila Real de Trás os Montes. António Cunha, autor do crime e candidato do PS à freguesia de Ermelo, encontra-se a monte.

António Cunha, candidato do PS à Junta de Freguesia de Ermelo, terá disparado contra Maximino Clemente, marido da actual presidente da Junta - Glória Clemente - e recandidata pelo PSD ao terceiro mandato. "Ele quando percebeu que a minha sogra ia ganhar outra vez, fez isto... nunca se conformou em ter perdido a Junta...ele sempre usou e abusou dos dinheiros públicos...", acusa Armindo Henrique, genro da vítima mortal.

António Cunha, 61 anos, foi presidente da Junta de Freguesia de Ermelo durante dois mandatos, acabando por perder o lugar para Glória Clemente. Entre eles era conhecida alguma animosidade devida a divergências quanto à gestão dos bens da Junta. Já a contar com alguns possíveis desentendimentos, a GNR tinha preparado para o dia de hoje um reforço de vigilância para as duas mesas de voto da freguesia de Ermelo.

Segundo testemunhas no local, Maximiano estava na sala da assembleia de voto a ultimar os preparativos para as eleições, quando António Cunha entrou com uma caçadeira encostada à perna e, sem explicações, terá disparado um tiro que atingiu mortalmente António Cunha na cabeça.


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E uma luz ao fundo do túnel


Parabéns Felgueirenses. Souberam dar uma verdadeira lição de inteligência à grande maioria dos cidadãos deste país.
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quinta-feira, outubro 08, 2009

Francisco Louçã: subsídio-dependência é ir a um cofre do BPN e sacar 17 milhões de euros


No Esquerda.Net:

Francisco Louçã acusou Rui Rio de arrogância por ter dito que o governo está a criar um país de subsídio-dependentes, e lembrou que quase dois terços das famílias que recebem o Rendimento Social de Inserção são famílias que trabalham, "mas o salário é tão pequeno que continuam pobres mesmo trabalhando e mesmo com o seu salário".

E Louçã concretizou com um exemplo: "Há professores de música e inglês, que com um horário completo, tiram pouco mais de 660 euros por mês. E eu fiz as contas, 159 euros para a Segurança Social, 60 euros para o IRS, 10 euros para o seguro de trabalho e mesmo que consigam ter um almoço a três euros, essas pessoas levam para casa 280 euros no fim do mês".

Para o deputado bloquista, os subsídio-dependentes eram o que ele chamou de 'Olimpo' do PSD que passou pelo BPN. "Subsídio-dependência é ir sacar o dinheiro de um cofre de um banco e levar 17 milhões de euros".


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Comentário

Os 17 milhões de euros de que fala Louçã são peanuts. Há subsídio-dependentes que sacaram 2,5 mil milhões de euros aos portugueses (que correspondem a 250 euros a cada português - um pouco menos que os 360 euros do Rendimento Social de Inserção):


Jornal I - 1 de Junho de 2009:

terça-feira, outubro 06, 2009

O poder do dinheiro, da influência e da imprensa judaica na projecção de Benjamim Disraeli para o cargo de Primeiro Ministro Britânico

Lord Beaconsfield, aliás Benjamim Disraeli
(21 de Dezembro de 1804 – 19 Abril de 1881)



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Eça de Queiroz – Cartas de Inglaterra - 1881

"Ora, Lord Beaconsfield realmente nunca fez coisa alguma para se tornar popular e sempre lembrado; nunca ligou o seu nome a uma grande instituição, a um grande benefício público, a uma campanha vitoriosa. Tudo ao contrário nesta original personalidade, parecia destiná-lo à impopularidade: a sua origem, os seus gostos e hábitos anti-ingleses, a sua poderosa veia sarcástica, a sua oratória requintada e subtil, o gongorismo metafísico das suas concepções literárias, e certos lados muito acentuados do seu fundo semítico. E a isto acrescia que, para a grande maioria da nação, ele representava um parvenu de autoridade oligárquica, surdamente hostil à ideia de democracia e de soberania popular."

"A sua assombrosa popularidade parece-me provir de duas causas: a primeira é a sua ideia (que inspirou toda a sua política) de que a Inglaterra deveria ser a potência dominante do mundo, uma espécie de Império Romano, alargando constantemente as suas colónias, apossando-se, britanizando os continentes bárbaros e reinando em todos os mercados, decidindo com o peso da sua espada a paz ou a guerra do mundo, impondo as suas instituições, a sua língua, as suas maneiras, a sua arte, tendo por sonho um orbe terráquio que fosse todo ele um Império Britânico, rolando em ritmo através dos espaços."

[...]

"A esta causa de popularidade deve juntar-se outra – a reclame. Nunca, um estadista teve uma reclame igual, tão contínua, em tão vastas proporções, tão hábil. Os maiores jornais de Inglaterra, de Alemanha, de Áustria, mesmo de França, estão (ninguém o ignora) nas mãos dos israelitas. Ora, o mundo judaico nunca cessou de considerar Lord Beaconsfield como um judeu - apesar das gotas de água cristã que lhe tinham molhado a cabeça. Este incidente insignificante nunca impediu Lord Beaconsfield de celebrar nas suas obras, de impor pela sua personalidade a superioridade da raça judaica - e por outro lado nunca obstou a que o judaísmo europeu lhe prestasse absolutamente o tremendo apoio do seu ouro, da sua intriga e da sua publicidade. Em novo, é o dinheiro judeu que lhe paga as suas dívidas; depois é a influência judaica que lhe dá a sua primeira cadeira no Parlamento; é a ascendência judaica que consagra o êxito do seu primeiro Ministério; é enfim a imprensa nas mãos dos judeus, é o telégrafo nas mãos dos judeus, que constantemente o celebraram, o glorificaram como estadista, como orador, como escritor, como herói, como génio!"



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Comentário

Atente-se na forma como Eça de Queiroz retrata o mundo judaico: descreve-o não como outro povo qualquer - um grupo de seres humanos unidos por factores comuns, como a nacionalidade, a etnia, a religião, a língua, e outras afinidades históricas e culturais - mas como uma verdadeira organização, uma empresa metódica e sincronizada, possuidora de grandes recursos financeiros, de um lobby persuasivo e de um todo-poderoso monopólio mediático.

E, desta forma, segundo Eça, o mundo judaico colocou um dos seus homens ao leme da Inglaterra e apadrinhou a sua política de tornar este país «a potência dominante do mundo, uma espécie de Império Romano, alargando constantemente as suas colónias, apossando-se, britanizando os continentes bárbaros e reinando em todos os mercados».

Teria o mundo judaico algo a ganhar com a política de conquista britânica e o alargar de mercados levada a cabo por Benjamim Disraeli?
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quinta-feira, outubro 01, 2009

Na Canal Fox News o especialista em doenças infecciosas, Dr. Kent Holtorf, afirmou: "Nunca daria a vacina da Gripe A aos meus filhos"

O Dr. Kent Holtorf é entrevistado na Fox News sobre os sintomas e o tratamento do H1N1 (a Gripe Suína ou Gripe A). O Dr. Holtorf é um especialista em doenças infecciosas e a sua opinião sobre a vacina que está a chegar ao mercado em Outubro (de 2009) é no mínimo alarmante.


Locutor da Fox News: Disseram-nos que as autoridades americanas vão entregar os estudos iniciais dessa vacina da Gripe A e vão testá-la em finais do mês de Setembro [de 2009].

Temos connosco agora o Dr. Kent Holtorf que é especialista em doenças infecciosas. Sr. Dr. muito obrigado, vamos colocar no ecrã a lista dos sintomas clássicos do H1N1 que recebemos da Organização Mundial de Saúde e do DCD [Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças]. Se alguém apresentar estes sintomas [Tosse, Febre, Dor de garganta] o que deverá fazer? Ir ao hospital? Ir ao seu médico?

Dr. Kent Holtorf: Bem o que acho interessante destacar é que o vírus H1N1 está a perder está a perder a sua virulência e vimos que desde que chegou do México perdeu a sua virulência e os sintomas são muito mais brandos. E agora parece que se está a transformar numa gripe sazonal.

Portanto, basicamente, a recomendação é a mesma que se faria para uma gripe sazonal. E se tiver febre contínua por mais de três horas, telefone ao seu médico. E se a febre parar e depois reaparecer e se está na faixa de risco, incluindo crianças pequenas, deve falar com o seu médico se, digamos, a criança ficar com as unhas azuladas, vá às emergências. Não há diferença entre ir às emergências ou a um médico seja em caso de gripe sazonal ou de Gripe A.

Na verdade, se tivesse de escolher, provavelmente, nesta altura, escolheria a Gripe A em vez da gripe sazonal.


Locutor da Fox News: Muito bem. E o que é que o Dr. pensa da vacinação?

Dr. Kent Holtorf: Eu tenho uma preocupação maior com a vacina do que com a Gripe A. A vacina saiu muito rapidamente para o mercado, foi-lhe adicionada um alto nível de drogas que, basicamente, a tornam muito potente, e este tipo de método que usam requer altos níveis desses aditivos, incluindo...


Locutor da Fox News: O Timerasol que é um conservante anti-séptico e que foi relacionado, em alguns casos, com o autismo?

Dr. Kent Holtorf: Exacto, foi demonstrado que causa autismo em crianças com disfunção mitocondrial e agora toda essa controvérsia tem grandes implicações. O problema é que você provavelmente não sabe se a criança tem essa disfunção. Existe também a preocupação com as crianças e adultos que possuem a disfunção hematoencefálica, ou que não esteja completamente desenvolvida, o que inclui crianças, grávidas, pessoas com doenças neurológicas crónicas e casos significativos de fibriomialgia. Já vi pessoas devastadas por estas infecções [causadas pelo Timerasol, aditivo da vacina para a Gripe A].


Locutor da Fox News: Você daria a vacina aos seus filhos?

Dr. Kent Holtorf: De forma nenhuma!


Locutor da Fox News: Não daria. Para sermos justos, falei com três médicos em três dias e todos eles disseram que dariam certamente a vacina aos seus filhos e tomavam-na eles também, mas o Sr. diz que não o faria.

Dr. Kent Holtorf: Eu vi pessoas que sofriam de fibriomialgia a serem devastadas. Vi elevadas implicações em casos de autismo, acho que é estar a brincar à roleta russa. Foi provado que [o Timerasol, aditivo da vacina para a Gripe A] era uma neurotoxina 25 mil vezes mais tóxica que o nível de mercúrio que seria considerado tóxico se estivesse na comida ou na água. E os níveis ascendem a 100 vezes mais que o nível tóxico tolerável. É um risco demasiado grande.


Locutor da Fox News: Muito bem. Foi o Dr. Kent Holtorf, especialista em doenças infecciosas que nos trouxe o outro lado da questão. Muito obrigado.


Vídeo da entrevista legendado em português




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Também o Correio da Manhã, de 17 Setembro 2009, noticiava que a vacina da gripe A pode ser fatal. Que a nova vacina da gripe A pode provocar uma doença neurológica grave, a síndrome Guillain-Barré, que causa paralisia, insuficiência respiratória e pode levar à morte.

Dizia o jornal que a Agência Britânica de Protecção da Saúde (Health Protection Agency), entidade que supervisiona a saúde pública no Reino Unido, enviou uma carta confidencial aos neurologistas britânicos a exigir saber por que razão não foi tornada pública a informação sobre as possíveis consequências da vacina antes do início da vacinação de milhões de pessoas, incluindo crianças.


E no Jornal Nacional da TVI, de 7 de Setembro de 2009, o Dr. Fernando Maltês, Director do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Curry Cabral e um dos homens que mais tem lidado com a Gripe A em Portugal, afirmava que a Gripe A vai matar menos gente do que uma simples gripe sazonal (gripe comum), que é mais inofensiva e que se trata, na maioria dos casos, com antipiréticos. O Director Geral de Saúde Espanhol é da mesma opinião.

No mesmo Jornal foi dito que saíra a sorte grande à Glaxo Smith Kline, o laboratório britânico a quem Portugal já encomendou seis milhões de doses da vacina contra a Gripe A (a 8 euros cada uma - 48 milhões de euros), que deverá ter um rendimento de cerca de dois mil milhões de euros, tendo em conta que as encomendas estão quase a atingir as trezentas milhões de doses.

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Comentário

Todo este frenesim na encomenda de quantidades astronómicas de vacinas da Gripe A, consideradas altamente nocivas e mesmo mortais por um número crescente de especialistas, somado aos programas de vacinação massiva que se preparam em todo o mundo, incluindo Portugal, faz-me lembrar este relato de Eça de Queiroz de um caso ocorrido durante a Guerra Russo-Turca em 1877:

Eça de Queiroz – Cartas de Inglaterra - Londres, 30 de Maio de 1877

"... Assim o Comissário Geral dos Fornecimentos do Exército [Russo] acaba de ser fuzilado sem processo. Este funcionário estimável introduziu na farinha tal quantidade de cal – que realmente não era possível deixar de lhe meter algumas balas no peito. Uma certa quantidade de cal na farinha como uma certa quantidade de pau campeche no vinho – são procedimentos razoáveis que dão honra, grandes proveitos e ordinariamente uma condecoração. Mas uma tal porção de cal, que torna a farinha mais própria para pintar paredes que para fazer pão, é realmente abusivo, e o Conselho de Guerra foi apenas justo dando àquele funcionário uma disponibilidade... na Eternidade."
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