sexta-feira, maio 29, 2009

Jon Stewart – O Papa Bento XVI utilizou a palavra "mortos" e não "assassinados" ao referir-se às vítimas do Holocausto



Jon Stewart: Nunca se cansam de carregar o mundo às costas? Fechados na vossa cidade-estado soberano, sempre o mesmo, Sua Santidade isto, Sua Santidade aquilo... Devíamos pôr o Cálice de Viagem na mala, e fazer-nos à estrada.

Esta semana, Sua Santidade o Papa Bento XVI fez a sua primeira visita à Terra Santa, uma passeata de cinco dias com uma agenda modesta.

Jornalista: O que espera ele conseguir?

Um Padre: Paz no Médio Oriente. Paz entre cristãos e judeus, paz entre judeus e muçulmanos. Segundo, relações entre cristãos e judeus. Terceiro, entre cristãos e muçulmanos...

Jon Stewart: Ena, o que será que ele vai fazer no segundo encontro? Meu, ele só vai estar aí cinco dias. Vai com calma. A Kate Hudson demorou o dobro do tempo a perder um só tipo.

Que comece a cura. O Papa aterrou em Israel e foi acolhido de trompetes abertos. Israel presenteou Sua Santidade com um belo prato de iguarias, bem como um ramo de trigo geneticamente modificado, baptizado com o nome do Santo Padre, ao que ele respondeu: "Isto é muito agradável. Sabem que a minha casa é feita de ouro, certo? Mas pronto, fruta e trigo... obrigadinho. O meu decorador foi o Miguel Ângelo. Obrigado pelo trigo."

Houve outras paragens cerimoniais. O Papa depositou uma coroa de flores no Yad Vashem e reacendeu a chama eterna para relembrar o Holocausto. A viagem ao Yad Vashem foi complicada para este Papa. Recentemente, removeu a excomunhão de um bispo que nega o Holocausto. E, claro, na sua juventude fez parte de um grupo algo controverso chamado… Juventude Hitleriana. Estou certo que o fez para melhorar o currículo para a faculdade. Bento XVI tentou acalmar a ansiedade dos judeus devido ao Holocausto com o seu discurso:

Papa Bento XVI: Vim ficar em silêncio perante o monumento erigido para honrar os milhões de judeus mortos na terrível tragédia do Shoah.

Jon Stewart: Os milhões de judeus mortos no Shoah. Muito bem, até utilizou a palavra hebraica para Holocausto - Shoah, foi atencioso, estou certo de que os habitantes não podem arranjar uma razão de queixa.

Rabino: Ele não utilizou a palavra "assassinados", mas sim "mortos".

Jon Stewart: Então agora estão a acusar o santo Padre de ser anti-semântico? De qualquer modo, o Pontífice reuniu-se com clérigos muçulmanos, que também lhe deram um presente... Talvez o momento mais significativo para o Papa tenha sido a reunião com o líder palestiniano Mahmoud Abbas, onde afirmou ser a favor de um Estado palestiniano independente e, depois, ofereceu a sua solução para o conflito, que afecta esta região há dois mil anos.

Papa Bento XVI: Faço este apelo aos muito jovens que vivem hoje nos territórios palestinianos. Não permitam que a perda de vidas e a destruição que testemunharam faça nascer a amargura e o ressentimento nos vossos corações.

Jon Stewart: Acabou de dizer às pessoas para não guardarem rancor? Porque vocês são a Igreja católica. Pediram desculpa ao Galileu apenas há uns dez anos atrás. Eles perderam um país em 1948, ainda falta muito para lhes passar o rancor.

And goes on and on


Vídeo legendado em português:


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quarta-feira, maio 27, 2009

Auschwitz-Birkenau - História de um Inferno feito pelo homem


Artigo de Scrapbookpages

[Tradução minha]


A 14 de Maio de 1946, o ex-comandante de Auschwitz-Birkenau, Rudolf Höss, assinou um depoimento ajuramentado no qual afirmou que dois milhões de judeus tinham sido gaseados em Auschwitz-Birkenau entre 1941 e 1943 enquanto foi o comandante do campo. Isto não inclui o período, durante o qual Höss não foi comandante, quando mais de 300,000 judeus húngaros foram gaseados num período de 10 semanas no Verão de 1944, segundo o Museu de Auschwitz.

A tradução do texto do depoimento de Höss diz: "Declaro aqui sob juramento que nos anos de 1941 a 1943 durante o exercício do meu cargo como comandante do Campo de Concentração de Auschwitz, 2 milhões de judeus foram mortos por gaseamento e meio milhão por outros meios. Rudolf Höss, 14 de Maio de 1946." A confissão estava assinada por Höss e por Josef Mayer do Gabinete do Promotor Público Chefe dos Estados Unidos.

Depoimento ajuramentado pelo comandante Rudolf Höss a 14 de Maio de 1946:

Foto do Museu Memorial do Holocausto dos Estado Unidos

A confissão original, assinada por Rudolf Höss, está exposta numa caixa de vidro no Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos em Washington. A fotografia exposta, bem como o depoimento, mostra mulheres e crianças judias húngaras a caminho de uma das quatro câmaras de gás do campo da morte de Birkenau a 26 de Maio de 1944, carregando as suas malas e sacos.

Judeus a caminho das câmaras de gás de Birkenau

Foto do Museu Memorial do Holocausto dos Estado Unidos

A legenda sob a fotografia diz:

«A 14 de Maio de 1946, Rudolf Höss, o ex-comandante de Auschwitz, assinou uma declaração afirmando que durante o exercício do cargo, 2 milhões de judeus foram gaseados em Auschwitz e outros quinhentos mil foram mortos de outras formas. Höss sobrestimou o número de judeus gaseados em cerca de 1 milhão

Houve allegações de que esta confissão foi obtida de Rudolf Höss por meio de tortura. Rupert Butler escreveu no seu livro intitulado "Legions of Death" [Legiões da Morte], publicado pela Arrow Books de Londres em 1983, que Höss foi espancado durante três dias por uma equipa de torturadores britânicos sob o comando do interrogador judeu Bernard Clarke.

Monumento Internacional de Birkenau, Outubro de 2005

Em Abril de 1967, um Monumento Internacional, dedicado às vítimas do Fascismo, foi erigido em Birkenau, entre as ruínas do Krema II e do Krema III, os dois edifícios crematórios onde as duas maiores câmaras de gás estavam localizadas. O monumento incluía uma série de placas de granito que informavam os visitantes que 4 milhões de pessoas tinham sido assassinadas pelos nazis em Auschwitz-Birkenau. Este número era uma estimativa feita pela União Soviética a 8 de Maio de 1945, baseada na capacidade máxima dos fornos crematórios do Campo Principal e de Birkenau.

Quatro milhões foi o número de mortos em Auschwitz-Birkenau que a União Soviética incluiu nas acusações de crimes de guerra contra os nazis no Tribunal Internacional Militar de Nuremberga em Novembro de 1945. A União Soviética também acusou os nazis de terem morto um milhão e meio de pessoas no campo da morte de Majdanek. Hoje, o museu de Majdanek alega que 78 mil prisioneiros, incluindo 59 mil judeus, morreram em Majdanek.

A Placa original afirmava que 4 milhões morreram em Auschwitz-Birkenau, de 1940 a 1945

Segundo o Museu de Auschwitz, depois da queda do comunismo em 1989, a União Soviética entregou ao Comité Internacional da Cruz Vermelha 46 volumes de livros onde era registada a mortalidade (Sterbebücher) que tinham confiscado do campo de Auschwitz. Estes registos, que foram mantidos pelo departamento político (Gestapo) em Auschwitz, mostram que houve cerca de 69 mil prisioneiros registados que morreram de 29 de Julho de 1941 a 31 de Dezembro de 1943. Os livros onde era registada a mortalidade de 14 de Junho de 1940 a 28 de Julho de 1941 foram perdidos, assim como os de todo o ano de 1944 e Janeiro de 1945. Baseados nestes registos, a Cruz Vermelha Internacional estimou que um total de 135 mil prisioneiros registados morreu nos três campos de Auschwitz. Estes números incluem judeus e não judeus.

O documento na fotografia abaixo, que mostra registos dos campos de concentração nazis, estão armazenados em Arolsen, na Alemanha:

Documento da Cruz Vermelha

Ampliação do Documento da Cruz Vermelha

Em 1990, as placas com o número de 4 milhões foram removidas. Foi só em 1995 que novas placas foram colocadas no Monumento Internacional com 20 placas de metal gravadas em ídiche, inglês e em todas as línguas principais da Europa; as placas foram feitas em granito nas escadas do Monumento Internacional. O número de mortos em Auschwitz, segundo cada uma das 20 placas, é de um milhão e meio.

Tal como se mostra na fotografia abaixo, na inscrição em inglês pode ler-se:

«Que este local seja para sempre um grito de desespero e um aviso à humanidade, onde os nazis assassinaram cerca de um milhão e meio de homens, mulheres e crianças, sobretudo judeus de vários países da Europa. Auschwitz-Birkenau 1940-1945.»

Placa em inglês no Monumento Internacional, Outubro de 2005

Em 1980, Franciszek Piper, o director do Museu de Auschwitz, começou a fazer um estudo de todos os documentos disponíveis sobre Auschwitz, tendo calculado que 1,077,180 prisioneiros, dos quais 90% eram judeus, morreram em Auschwitz, baseado numa estimativa do número de prisioneiros que chegaram ao campo subtraindo o número de prisioneiros que foram libertados, os que foram transferidos e os que fugiram. Este número inclui os judeus, não registados no campo, que se assume terem sido imediatamente gaseados após a sua chegada ao campo.

Em 1946, Rudof Höss foi julgado na Polónia; foi acusado da morte de "cerca de 300 mil pessoas que estavam no campo como prisioneiros e que faziam parte dos registos do campo e cerca de 4 milhões de pessoas, principalmente judeus, que foram trazidos para o campo de outros países europeus para extermínio imediato e que não faziam parte dos registos do campo." Durante os seu julgamento, Höss alterou o número da sua confissão para um total de 1.130.000 judeus que foram gaseados mas declarou: "Durante o tempo em que fui comandante em Auschwitz, milhões de pessoas morreram, um número que não posso determinar com exactidão."

Rudolf Höss escreveu na sua autobiografia que o Tenente-Coronel Adolf Eichmann e o seu adjunto eram os únicos que conheciam o número total de judeus que foram gaseados em Auschwitz-Birkenau, porque o Marechal-de-Campo Heinrich Himmler tinha ordenado que todos os registos fossem queimados após todas as operações especiais (gaseamentos). Os nazis usaram sempre palavras de código quando falavam do genocídio dos judeus: um gaseamento em massa era chamado uma "acção especial."

Nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, pouco antes de Berlim ter sido cercada pelas tropas soviéticas, Eichmann contou a Höss que dois milhões e meio de judeus tinham sido assassinados em Auschwitz-Birkenau. Eichmann era um Tenente-Coronel das SS chefe do Departamento IV, B-4, a do Gabinete de Segurança Central do Reich (RSHA) em Berlim, que era responsável pela deportação dos judeus. Era Adolf Eichmann que estava encarregue da deportação dos judeus nos comboios para os campos da morte.

Segundo o Museu de Auschwitz, nunca foram encontrados registos do número de prisioneiros que morreram em Auschwitz-Birkenau. Num artigo no site oficial de Auschwitz, Franciszek Piper escreveu o seguinte:

"Quando o exército soviético entrou no campo em Janeiro de 1945, não encontraram lá nenhuns documentos alemães com o número de vítimas, ou nada que pudesse ser usado para o cálculo desse número. Tais documentos (listas de transporte, registos de chegada dos transportes, relatórios sobre o resultado das selecções) foram destruídos antes da libertação. Por esta razão, a comissão soviética que investigava os crimes cometidos no campo de concentração de Auschwitz tinha de proceder a estimativas.

[...]

A ausência da parte mais importante das fontes estatísticas que os alemães guardavam em Auschwitz tornava praticamente impossível aos historiadores investigar a questão do número de vítimas. A relutância em investigar esta questão também resultou da convicção da impossibilidade de formular uma lista completa dos transportes reflectindo o número total de deportados, e, acima de tudo, das pessoas que foram mortas nas câmaras de gás e nos crematórios sem registo.
"


No seu livro intitulado "IBM and the Holocaust" [A IBM e o Holocausto], Edwin Black escreveu que os nazis tinham um registo dos prisioneiros usando máquinas Hollerith da IBM que classificavam cartões perfurados onde estava codificada a informação sobre cada prisioneiro. Os números das tatuagens que eram feitas nos braços dos prisioneiros de Auschwitz, que começou em 1943, eram originalmente o número de código de prisioneiro no seu cartão Hollerith.

O seguinte parágrafo é uma citação do livro "A IBM e o Holocausto" de Edwin Black:

"Não eram apenas pessoas que eram contadas e organizadas para a deportação. Vagões, locomotivas e complexos horários de comboios eram programados através de fronteiras marcadas pela guerra – enquanto uma guerra era travada em duas frentes. A tecnologia permitiu à Alemanha nazi organizar a morte de milhões sem omitir um pormenor."

Segundo Edwin Black, os prisioneiros não eram registados num cartão perfurado da IBM enquanto não fossem registados num campo, portanto não existem registos das pessoas que chegaram a Auschwitz e não foram registadas no campo. Dos milhões de cartões perfurados usados pelos nazis, apenas cerca de 100 mil sobreviveram à Guerra, segundo Edwin Black.


O número normalmente aceite de mil e trezentos milhões de pessoas que foram deportadas para Auschwitz não é baseado em registos de transportes de comboios guardados pelos alemães, mas antes por uma estimativa realizada por Fraciszek Piper, que escreveu o seguinte no seu artigo no website oficial de Auschwitz:

"Depois de uma análise completa das fontes originais e do que foi encontrado sobre as deportações para Auschwitz, concluí que um total de pelo menos de um milhão e trezentas mil pessoas que foram deportadas para lá, e que um milhão e cem mil morreram. Aproximadamente 200 mil pessoas foram deportadas de Auschwitz para outros campos como parte de uma redistribuição de força de trabalho e a liquidação final do campo.

Um dos mais distintos investigadores do Holocausto, Raul Hillberg, publicou um trabalho (Auschwitz and the Final Solution) [Auschwitz e a Solução Final] sobre o número de vítimas de Auschwitz. As suas conclusões reafirmam tanto o número de um milhão de vítimas judias em Auschwitz a que ele chegou já em 1961, como as minhas próprias conclusões
."



Os cartões perfurados Hollerith da IBM mantidos pelos alemães sobre os judeus, russos e ciganos, que foram registados no campo e mortos mais tarde nas câmaras de gás, eram codificados como F-6 para "tratamento especial" ou "evacuações" segundo Edwin Black, o autor de "A IBM e o Holocausto." O código para "execução" era D-4.

Em 2002, Edwin Black escreveu o seguinte num artigo sobre os cartões perfurados Hollerith da IBM em Cracóvia que foram usados pelos nazis para manter um registo dos prisioneiros de Auschwitz:

"Quase de certeza que as máquinas não guardavam os totais de extermínio, que eram calculados como "evacuações" pelo Grupo Hollerith em Cracóvia."


Richard Seaver escreveu no prefácio do livro "Auschwitz, a Doctor's Eyewitness Account" [Auschwitz, a descrição do testemunho de um médico], do Dr. Miklos Nviszli que "em 1944 as autoridades alemãs destruíram as listas de transporte de todos os judeus que foram enviados para Auschwitz até essa altura, e nos meses seguintes ordenaram a destruição de todos os outros documentos incriminatórios."

Os registos completos, compilados pelo gabinete de Richard Glüks de todos os campos de concentração nazis dos anos 1935 até 1944, estão agora guardados em microfilme nos Arquivos Centrais Russos nos Arquivos Centrais do Estado nº 18760 nas listas de nomes 281 até 286. Estes registos dão-nos dados sobre o número de mortes em Auschwitz por execução, tifo e outras causas naturais, mas não sobre os judeus que foram gaseados.

Segundo a Wikipedia, Richard Glüks chegou ao lugar de Chefe de Grupo e ao de General das Waffen-SS e foi, desde 1939 até ao fim da Segunda Guerra, o posto mais elevado de "Inspector dos Campos de Concentração" na Alemanha nazi. Próximo de Himmler, Glüks era directamente responsável pelo trabalho forçado dos prisioneiros; era também o supervisor das práticas médicas nos campos, desde as experiências em seres humanos até à implementação do Endlösung [A Solução Final], em particular o assassínio em massa de prisioneiros por gaseamento com Zyklon-B.

Endlösung é o termo alemão para "A Solução Final", que significa o genocídio dos judeus. Himmler e Glüks escaparam ambos à justiça cometendo suicídio imediatamente a seguir a terem sido capturados pelos Aliados em Maio de 1945, antes de poderem ser interrogados.

De acordo com os registos guardados pelo Gabinete de Richard Glüks, houve um total de 121.453 prisioneiros, incluindo 100.743 judeus que foram transferidos de Auschwitz-Birkenau para outros campos. Os mesmos registos mostram que houve um total de 334.785 prisioneiros que chegaram a Auschwitz-Birkenau entre Maio de 1940 e Dezembro de 1944, incluindo 161,785 não judeus.

Os registos guardados pelo Gabinete de Richard Glüks mostram que 103.429 prisioneiros de Auschwitz-Birkenau morreram de tifo, incluindo 58.240 judeus que morreram de tifo entre 1942 e 1944. Há ainda 4.140 prisioneiros que morreram de outras causas naturais entre 1940 e 1944, incluindo 2.064 judeus.

O número de pessoas executadas em Auschwitz, segundo os registos guardados em microfilme nos arquivos Russos, foi de 1.646 incluindo 117 judeus, 1.485 polacos, 19 russos, 5 checos e 20 ciganos.

Os registos alemães guardados pelo Gabinete de Richard Glüks mostram que 173.000 judeus foram trazidos para Auschwitz-Birkenau e que 100.743 foram transferidos de para outros campos; 58.240 judeus que morreram de tifo; 2.064 judeus morreram de causas naturais e 117 judeus foram executados, chegando-se ao número total de judeus que morreram em Auschwitz-Birkenau de 60.421. Nos fins de Outubro de 1944, existiam 11.836 judeus em Auschwitz-Birkenau, um poucos mais do que os que chegaram ao campo em Novembro e Dezembro de 1944, segundo os registos do Gabinete de Richard Glüks.

Os registos alemães mostram que 161.785 não judeus foram trazidos para Auschwitz-Birkenau desde Maio de 1940 até Dezembro de 1944 e que 45.189 deles morreram de tifo; 1.529 prisioneiros não judeus em Auschwitz-Birkenau foram executados; 2.076 não judeus morreram de causas naturais, sem ser de tifo. Isto perfaz um total de 48.794 não judeus que morreram em Auschwitz-Birkenau a somar aos 60.421 judeus que morreram, o que totaliza 109.215 pessoas. Este número não inclui as mortes em Janeiro de 1945 antes de Auschwitz ser libertado a 27 de Janeiro de 1945.

Segundo informação dada no Museu de Auschwitz, 405.222 prisioneiros foram registados em Auschwitz-Birkenau; os judeus que foram imediatamente enviados para a câmara de gás não eram registados e não foram guardados quaisquer registos deles.

Dos 405.222 prisioneiros que foram registados em Auschwitz e Birkenau, cerca de 340.00 morreram lá, de acordo com o livro guia do Museu de 2005. Este número inclui os prisioneiros que foram registados e mais tarde seleccionados para gaseamento porque já não eram capazes de trabalhar, mas não leva em conta os prisioneiros, que foram registados e depois transferidos para outros campos de concentração, tais como Neuengamme ou Gusen. Subtraindo o número de prisioneiros ainda presentes no campo no dia antes deste ser abandonado, o número de prisioneiros enviados para outros campos de concentração, e o número dos fugitivos do número de prisioneiros que foram registados, o que sobra é um número muito aproximado ao de 135.000 mortos que foi estimado pela Cruz Vermelha. Segundo Franciszek piper, o director do Museu de Auschwitz, aproximadamente 500 prisioneiros fugiram de Auschwitz.

A Enciclopédia do Holocausto calcula o número total de judeus húngaros que morreram em Auschwitz-Birkenau entre Maio e Junho de 1944 em aproximadamente 550.000, a maior parte dos quais gaseados, mas Lucy Dawidowicz escreveu no seu livro intitulado "The War Against the Jews" [A Guerra Contra os Judeus], publicado em 1975, que 450.000 judeus húngaros foram trazidos para Auschwitz entre Maio e Outubro de 1944. Raul Hilberg afirmou no seu livro intitulado "The Destruction of the European Jews" [A Destruição dos Judeus Europeus], que o número de judeus húngaros trazidos para Auschwitz foi de 180.000.

Segundo Francispek Piper, a maioria dos judeus húngaros, que foram enviados para Auschwitz-Birkenau, foram imediatamente gaseados. Um folheto vendido no Museu de Auschwitz afirma que 434.351 dos judeus húngaros, dos 437.402 que foram enviados para Auschwitz, foram registados no campo. Contudo, Francispek Piper escreveu que 28.000 judeus húngaros foram registados em Auschwitz-Birkenau. Os registos do Gabinete de Richard Glüks mostram que apenas 23.117 judeus húngaros foram trazidos para Auschwitz-Birkenau e 21.527 judeus húngaros foram transferidos para outros campos.

A 12 de Julho de 1944, existiam 92.705 prisioneiros em todo o complexo do campo, segundo a lista de chamada desse dia. No Campo Principal, havia 14.386 homens. Em Birkenau, havia 19.711 homens e 31.406 mulheres. Havia também 26.705 homens em Auschwitz III. Este total não inclui os judeus húngaros que não foram registados, segundo Danuta Czech. Eles estavam retidos na secção B III de Birkenau, chamada México, enquanto esperavam para serem gaseados ou enviados para ouro campo.


A 12 de Abril de 1947, imediatamente antes da sua execução, Rudolf Höss assinou o seguinte Declaração Final, na qual admitia a sua vergonha por ter cometido Crimes Contra a Humanidade e por ter participado no genocídio perpetrado pelo Terceiro Reich:

"A minha consciência força-me a fazer também a seguinte declaração: No isolamento da prisão eu cheguei à amarga compreensão dos crimes terríveis que cometi contra a humanidade. Como Comandante do campo de extermínio de Auschwitz, tomei parte nos monstruosos planos de genocídio do Terceiro Reich. Por estes meios causei à humanidade e à espécie humana o maior mal, e trouxe sofrimento indizível, particularmente à nação polaca. Pela minha responsabilidade, vou agora pagar com a minha vida. Oh, que Deus perdoe os meus actos! Povo da Polónia, peço-lhe que me perdoe! Só agora nas prisões polacas reconheci o que é a humanidade. Não obstante tudo o que aconteceu, fui tratado humanamente, o que nunca esperei, e isto fez-me sentir profundamente envergonhado. Queira Deus... que o facto de eu revelar e confirmar estes monstruosos crimes contra a humanidade possa evitar para todo o sempre até mesmo as causas que conduziram a acontecimentos tão terríveis."


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Baseada nos 46 volumes de livros que a União Soviética confiscou no campo de Auschwitz, onde era registada a mortalidade no campo, a Cruz Vermelha Internacional estimou que um total de 135 mil prisioneiros registados morreu nos três campos de Auschwitz. Estes números incluem judeus e não judeus...

As placas indicadoras do número de vítimas de Auschwitz, que já foram revistas uma vez, sê-lo-ão de novo num futuro próximo?

segunda-feira, maio 25, 2009

A reintrodução do Escudo na economia portuguesa funcionando em paralelo com o Euro

Murray N. Rothbard [liberal da Escola Austríaca] fala da gigantesca fraude bancária que se vem praticando até hoje:

"Desde então, os bancos têm criado habitualmente recibos de depósitos (originalmente notas de banco e hoje depósitos) a partir do nada [out of thin air]. Essencialmente, são contrafactores de falsos recibos de depósitos, de activos líquidos ou dinheiro padrão, que circulam como se fossem genuínos, como as notas ou contas de cheques completamente assegurados."

"Os bancos criam dinheiro literalmente a partir do nada, hoje em dia exclusivamente depósitos em vez de notas de banco. Este tipo de fraude ou contrafacção é dignificado pelo termo reservas mínimas bancárias [fractional-reserve banking], o que significa que os depósitos bancários são apoiados por apenas uma pequena fracção de activos líquidos que prometem ter à mão para redimir os seus depósitos."


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Caros visitantes habituais deste Blog, visitantes esporádicos, comentadores e internautas em geral:

Neste post proponho a criação de uma moeda nacional – o Escudo, paralela à moeda europeia já existente (o Euro), cuja existência dependeria totalmente do débito (da dívida dos empréstimos).

Este modelo pretende combater a cobrança de juros por empréstimos efectuados por bancos privados com dinheiro que não existe e evitar as contracções e expansões monetárias executadas deliberadamente pela banca privada com o objectivo de criar depressões económicas ou períodos inflacionários, que conduzem à rapina da riqueza nacional por parte dos cartéis dos grandes banqueiros nacionais e internacionais.

Gostaria, por isso, de ouvir, na caixa de comentários, as vossas opiniões fundamentadas sobre a exequibilidade, ou não, deste projecto:


I

Por intermédio da Caixa Geral de Depósitos, o Estado português procederia à introdução de uma nova moeda – o Escudo, que manteria sempre uma paridade de 1 em relação Euro (o valor das duas moedas seria sempre igual), e que seria uma moeda totalmente electrónica: não existiriam notas ou moedas de Escudo em circulação. Todas as transacções seriam feitas por via electrónica – multibanco, Home Banking - computador ou telefone em casa, e também por cheque.


II

O Escudo não teria curso legal para privados, ou seja, ninguém poderia ser obrigado a receber o Escudo em pagamento por quaisquer bens ou serviços. Esta moeda não teria de ser obrigatoriamente aceite como tal pelos agentes económicos. Apenas o Estado Português teria, por lei, de aceitar o Escudo para todo o tipo de pagamentos que lhe fossem devidos (impostos, taxas, etc.).


III

A SIBS - Sociedade Interbancária de Serviços, que disponibiliza o sistema Multibanco, aceitaria efectuar todas as transacções em que Euros fossem transferidos para contas em Escudos na Caixa Geral de Depósitos. Estes Euros seriam, de imediato, substituídos por Escudos nestas contas. Também os cheques em Euros que fossem depositados nas contas em Escudos na Caixa Geral de Depósitos, seriam substituídos por Escudos.


IV

A Caixa Geral de Depósitos cobraria sempre apenas 1% de juros pelos empréstimos que efectuasse em Escudos, percentagem necessária para cobrir os custos operacionais do Banco (balcões, salários, hardware e software, etc.). A Caixa Geral de Depósitos não cobraria quaisquer outras taxas ou spreads. A Caixa Geral de Depósitos não pagaria nenhuns juros pelos depósitos em Escudos ou Euros.


Funcionamento da moeda Escudo

1 - João pretende comprar uma casa a Afonso no valor de 100,000 Euros. Para tal precisa de um empréstimo.

2 - João prefere pedir um empréstimo à Caixa Geral de Depósitos no valor de 100,000 Escudos, pelo qual ficará a pagar apenas amortizações e juros (1%) do montante emprestado, ao invés de pedir um empréstimo em Euros a um banco privado onde ficaria sujeito às flutuações dos juros e aos spreads (taxas de lucro dos bancos), substancialmente mais elevados.

3 - João vai falar com Afonso para saber se este aceita o pagamento em Escudos.

4 - Se Afonso aceitar o pagamento em Escudos, então cada um deles abre uma conta à ordem, em Escudos, na Caixa Geral de Depósitos.


5 - João terá de dar todas as garantias actualmente em vigor neste tipo de transacção à Caixa Geral de Depósitos. A casa ficará hipotecada à Caixa Geral de Depósitos até ao pagamento integral da dívida por parte do João.

6 - João fica com uma dívida de 100,000 Escudos à Caixa Geral de Depósitos e Afonso fica com 100,000 Escudos disponíveis na sua conta à ordem na Caixa Geral de Depósitos.


Repare-se que a Caixa Geral de Depósitos não desembolsou dinheiro algum. Limitou-se a abrir duas contas, uma que creditou – a de Afonso – em 100,000 Escudos, e outra que debitou – a de João – em 100,000 Escudos. A Caixa Geral de Depósitos procedeu apenas a um movimento contabilístico.


7 - João irá pagar, durante todo o período contratado no empréstimo, as respectivas amortizações e juros (1%) à Caixa Geral de Depósitos. Estes pagamentos poderão ser feitos em Escudos, em Euros ou noutra moeda válida. Estas últimas moedas serão substituídas por Escudos.

8 - Agora, Afonso, que possui uma conta com 100,000 Escudos na Caixa Geral de Depósitos, pretende comprar um automóvel a prestações no Stand Autocar no valor de 20,000 Euros.

9 - Afonso vai falar com Jorge, o dono do stand Autocar, para saber se este aceita o pagamento em Escudos.

10 - Se Jorge aceitar, então abre uma conta na Caixa Geral de Depósitos. Este banco credita a conta de Jorge em 20,000 Escudos e debita à conta do Afonso a mesma importância.


Atente-se, uma vez mais, que a Caixa Geral de Depósitos não desembolsa dinheiro nenhum. Procedeu novamente apenas a um simples movimento contabilístico.


11 - Afonso, com os 80,000 Escudos que lhe restam na conta na Caixa Geral de Depósitos, continuará, eventualmente, comprando ou pagando bens e serviços da mesma forma, recrutando, no processo, novos clientes para contas à ordem em Escudos na Caixa Geral de Depósitos.

[...]

12 - Uma altura chegará em que Sicrano pagará em Escudos, através do Multibanco, um almoço num restaurante que terá necessariamente de possuir uma conta em Escudos na Caixa Geral de Depósitos, e que Beltrano pagará um par de calças, em Escudos, por intermédio de cheque, a uma loja de roupas que terá obrigatoriamente de dispôr de uma conta em Escudos na Caixa Geral de Depósitos.



Conclusão:

Dado a pequeno valor da taxa de juros nos empréstimos, as famílias e as empresas teriam clara preferência pelo Escudo da Caixa Geral de Depósitos como agente financiador. O número de contas à ordem de compradores e vendedores neste Banco cresceria exponencialmente, bem como a quantidade e o valor dos movimentos financeiros.

A prazo dar-se-ia a falência dos bancos comerciais privados e o Escudo impunha-se como a moeda preponderante neste país.



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Já alguma vez pensaram porque é que os bancos têm tanto dinheiro, enquanto os países, as empresas e os indivíduos estão tão endividados?

No vídeo, «Money as Debt» [Dinheiro sob a forma de Dívida], Paul Grignon pega num assunto tabu e, de forma inteligente e divertida, torna-o num tópico inteligível. Costuma dizer-se que a verdade liberta, mas que primeiro costuma deixar-nos zangados. Depois de se conhecer a verdadeira história do sistema bancário já não é possível voltar à crença mística da banca privada como um elemento válido da sociedade. Muito pelo contrário!

O vídeo revela os mitos e os conceitos relativos à história do dinheiro. Toda a gente gosta de dinheiro, toda a gente o deseja, toda a gente precisa e depende dele. O que quase ninguém percebe são os fundamentos do dinheiro. O que é o dinheiro e donde é que ele vem? Estas são algumas das difíceis realidades que Grignon expõe em linguagem simples.


Os primeiros oito minutos e vinte segundos (8:20m) do vídeo 'Money as Debt' - legendados em português.




A versão completo do vídeo em inglês (47m): Money as Debt

E a versão completa do vídeo em espanhol (47m): El Dinero es Deuda.
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quinta-feira, maio 21, 2009

Auschwitz - A Pequena Casa Vermelha e a Pequena Casa Branca

Antes de acabada a construção das quatro grandes câmaras de gás em Birkenau em 1943, o gaseamento dos judeus teve lugar em duas velhas casas rurais, descritas como a "Pequena Casa Branca" e a "Pequena Casa Vermelha". A Pequena Casa Vermelha estava localizada a norte do lugar onde a quarta câmara de gás, chamada Krema V, foi construída. A Pequena Casa Vermelha foi completamente destruída pelos nazis e nada sobrou dela. A Pequena Casa Vermelha foi o lugar onde aconteceu o primeiro gaseamento de judeus em Birkenau, que começou em Março de 1942. A Pequena Casa Branca ficou operacional como câmara de gás em Junho de 1942.

Artigo de Scrapbookpages

[Tradução minha]

As ruínas da "Pequena Casa Branca" - Bunker 2

A Pequena Casa Branca [Bunker 2] estava localizada a oeste da Sauna Central, que foi construída em 1943 para acomodar uma sala de chuveiros e numerosas câmaras de desinfecção usadas para matar os piolhos das roupas dos prisioneiros.

As ruínas da Pequena Casa Branca foram preservadas, como se pode ver nas fotos deste artigo. Na foto acima, podem-se ver quatro placas pretas que indicam aos visitantes em quatro línguas que se trata das ruínas da Pequena Casa Branca, chamada Bunker 2. A foto abaixo mostra uma placa que também identifica as ruínas.

Placa identifica as ruínas da "Pequena Casa Branca" - Bunker 2

Depois da Guerra, os antigos habitantes polacos de Birkenau regressaram para reconstruir as suas casas que tinham sido confiscadas pelos nazis e destruídas para construir as barracas de Birkenau. Os polacos levaram os tijolos das câmaras de gás destruídas e usaram-nos para reconstruir as suas casas. Os tijolos que podem ser vistos hoje no lugar do Bunker 2 pode ser uma reconstrução, porque os valiosos tijolos originais foram provavelmente removidos pelos habitantes polacos há sessenta anos.

As fotos deste artigo foram tiradas em Outubro de 2005; quando o autor deste texto visitou Auschwitz-Birkenau em 1998, a guia disse-lhe que as localizações da Pequena Casa Branca [Bunker 2] e da Pequena Casa Vermelha eram desconhecidas.

As ruínas mostram tijolos assentes directamente no chão, sem fundações, como se pode observar na foto abaixo:

Ruínas da Pequena Casa Branca


A Pequena Casa Branca [Bunker 2] estava dividida em quatro salas pequenas

Como mostram as quatro fotos acima, a Pequena Casa Branca [Bunker 2] estava dividida em quatro salas pequenas com capacidade para matar mil e duzentos judeus de cada vez, segundo Laurence Rees, o autor de "Auschwitz, a New History" [Auschwitz, uma História Nova]. Os gaseamentos eram feitos com Zyclon-B, um poderoso gás venenoso usado também em Birkenau para matar os piolhos das roupas dos prisioneiros numa tentativa de travar a disseminação do tifo. O Zyclon-B encontrava-se em forma de grânulos do tamanho de pequenas ervilhas. Os grânulos eram lançados para dentro das salas através de uma abertura na parede.

Segundo um livro intitulado "The Bombing of Auschwitz: Should the Allies Have Attempted It?" [O Bombardeamento de Auschwitz. Deveriam os Aliados Tê-lo Tentado?], de Michael J. Neufeld e Michael Berenbaum, o Bunker 2 tinha 17 metros de comprimento por 8 metros de largura. Cada uma das quatro câmaras de gás tinha 4,2 metros de comprimento por 2,1 metros de largura. O Bunker 1 [a Pequena Casa Vermelha] tinha 15 metros de comprimento por 6,4 metros de largura.

Reconstrução efectuada pela BBC, em 2005, da "Pequena Casa Vermelha" [Bunker 1]
Esta câmara de gás tinha capacidade para matar
oitocentas pessoas de cada vez

Sobreviventes afirmam que as quatro pequenas câmaras de gás na Pequena Casa Branca [Bunker 2] estavam disfarçadas de chuveiros. Esta casa encontrava-se num sítio remoto e provavelmente não possuía água corrente, portanto as vítimas não eram enganadas com este truque. As ruínas do Bunker 2 não mostram nenhuns sinais de canalizações ou escoadouros ligados a canos de esgotos.

Otto Pressburger, um sobrevivente de Birkenau, afirmou que os gaseamentos tinham sempre lugar à noite, nunca durante o dia, para que as vítimas não gritassem ou tentassem escapar das câmaras de gás. Citando Laurence Rees, Pressburger disse, "Só vimos os corpos na manhã seguinte empilhados junto das valas."

Pressburger trabalhou numa unidade especial de prisioneiros cuja tarefa era enterrar os corpos das vítimas que tinham sido gaseadas na Pequena Casa Branca e na Pequena Casa Vermelha. Ele afirmou que os homens das SS traziam os corpos para as valas durante a noite e na manhã seguinte, a sua unidade especial tinha de os enterrar.

Oscar Groening, um homem das SS que trabalhava em Birkenau, também afirmou que o gaseamento dos judeus nas duas casas rurais era executado à noite. Tal como afirmou Laurence Rees, Groening disse que tinha testemunhado um gaseamento numa noite depois de ter sido acordado por um alarme por causa de alguns judeus que tinham fugido quando se dirigiam para a câmara de gás. Ele viu as luzes acesas numa das casas rurais, e sete ou oito corpos em frente da casa. Groening pensou que aqueles corpos eram dos fugitivos que tinham sido apanhados e mortos a tiro.

Groening foi "dominado pela curiosidade", segundo Rees, e ele e os seus camaradas ficaram ali próximo para ver o que é que estava a acontecer na casa agrícola. Viram um homem das SS, usando uma máscara, deitar grânulos de Zyclon-B por uma janela na parede de um dos lados da casa. Ouviram gritar durante um minuto, seguido de silêncio. Então um homem das SS aproximou-se da porta e espreitou pelo óculo para ver se os prisioneiros estavam mortos.

Este sítio remoto era uma boa localização para a utilização de Zyclon-B, o qual era perigoso e podia matar os homens das SS que tinham de atirá-lo para dentro da casa. Até Março de 1942, o gaseamento de judeus era levado a cabo no Krema I no campo principal de Auschwitz. O Krema I estava situado entre o hospital das SS e o edifício da Gestapo, o que não constituía uma boa localização por causa da utilização do perigoso gás venenoso. Na sua autobiografia, Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz-Birkenau, escreveu relativamente aos gaseamentos na Pequena Casa Branca:

"Centenas de homens e mulheres em plena flor da vida caminharam sem suspeitar para a morte nas câmaras de gás sob as floridas árvores de fruta dos pomares. Esta imagem da morte rodeada de vida continua comigo até hoje. Eu via-os como inimigos do nosso povo. A lógica para o Programa de Extermínio parecia-me correcta."

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Em 2005 a BBC produziu um documentário: 1942 - Hidden Slovakia History [1942 - A História Encoberta da Eslováquia], onde, a dada altura, mostra uma reconstituição da "Pequena Casa Vermelha", a câmara de gás que media 15 metros de comprimento por 6,4 metros de largura e que tinha capacidade para matar oitocentas pessoas de cada vez.

Este é um excerto do documentário da BBC - 2:58m

[Vídeo legendado por mim em português]

terça-feira, maio 19, 2009

Jon Stewart – A gripe suína e a pandemia do medo


Jon Stewart: Há quem chame a fase que estamos a atravessar "um mau período de notícias", com a... Acho que lhe podemos chamar "depressão económica". Há as guerras, grandes gastos que fazem aumentar o défice, mas só quero dizer que, este fim-de-semana, saí à rua e o tempo estava fantástico. Assim, é impossível evitar sentir alguma esperança. Estamos prestes a dar a volta por cima.

Fox News: Alerta da Foz News! A Casa Branca declarou o estado de emergência para a saúde pública para lidar com a ameaça crescente da gripe suína.

CNN: Notícia de última hora. Há uma nova estirpe altamente contagiosa da gripe e, neste momento, o número de mortos está a aumentar. Vamos a caminho de uma pandemia?

Jon Stewart: M... para isto! Uma pandemia? A sério? Uma pandemia também. [Jon vira-se para Deus] É obra Sua? Uma pandemia? Não acha que já é demais? Elegemos Obama, o muçulmano cristão. Que mais quer Ele de nós? Agora, devia tirar o pé do acelerador! Mas há cerca de duas horas que não vejo as notícias, portanto, vamos ver em que ponto estamos.

Flashes noticiosos: Nos Estados Unidos houve oito casos. Dois casos confirmados no Kansas. Houve mais um caso na Califórnia. Ohio, Nova Iorque. Podem acrescentar o Michigan à lista. A doença altamente contagiosa pode já estar na Europa. França, Espanha. Israel, Nova Zelândia... O Canadá também já confirmou seis casos pouco graves do vírus.

Jon Stewart: Gosto de apanhar um bom susto, mas, por causa de seis casos pouco graves de gripe, vão pôr dez mil milhões de km2 a vermelho vivo? Não quero ser alarmista, mas qual é o aspecto de um surto de herpes por lá? Parece-me que temos um susto à moda antiga na calha.

Jornalista: Há indicações... Sei que ainda é muito cedo, mas há indicações de que a causa desta nova estirpe de gripe seja o bioterrorismo?

Especialista: Não observámos nada no nosso trabalho que sugira outra coisa que não uma ocorrência natural.

Jornalista: Mas, da perspectiva da segurança, também não há nada que exclua a possibilidade de bioterrorismo?

Jon Stewart: Ele disse não! Também pode ser uma das dez pragas profetizadas na Bíblia? Não temos provas disso. Então, não podemos excluir Deus? Alguém faz melhor que transformar febre e garganta inflamada num ataque terrorista?

CNN: A gripe suína pode matar dezenas de milhões de pessoas, se não for travada.

Jon Stewart: É a m... mais assustadora que ouvi a semana toda. Conseguiram. Estou em pânico. Mais alguma coisa que queiram acrescentar?

Flashes noticiosos: 1 - Não quero entrar em pânico. 2 – Não queremos causar pânico. 3 – Não queremos causar o pânico com esta notícia, mas é uma notícia importante.

Jon Stewart: Nem sequer vêem as vossas próprias estações de televisão? Vocês são a única razão para estarmos em pânico! Já que vamos morrer todos, acho que é justo perguntar: O que é a gripe suína?

Especialista: Tem componentes genéticos de uma série de fontes, incluindo humanas, suínas e aviárias.

Jon Stewart: É uma mistura de fontes humanas, suínas e aviárias. Só há duas formas de isso acontecer: uma mutação genética que atravessa as três espécies ou um idiota que f… uma sanduíche de peru e bacon.

And goes on and on...


Vídeo legendado em português:

domingo, maio 17, 2009

A Guerra das Cruzes de 1998 em Auschwitz ou de quem é o Holocausto, afinal?

Na sequência da actual «guerra» entre a comunidade judaica e o Vaticano, vale a pena relembrar a «Guerra das Cruzes», começada em 1998, entre polacos católicos e judeus de todo o mundo:

Artigo no Scrapbookpages

[Tradução minha]


Cruzes colocadas em 1998 em frente ao Bloco 11 de Auschwitz

Em 1998, nacionalistas polacos decidiram colocar 152 cruzes cristãs em honra dos combatentes católicos polacos da resistência que foram executados pelos nazis numa vala de cascalho atrás do Bloco 11, no principal campo de concentração de Auschwitz. Foi esta a sua forma de protesto contra a exigência judaica, durante os dez anos anteriores, para que uma cruz de 8 metros de altura que recordava uma missa dita pelo Papa em Birkenau fosse removida. A atitude dos polacos foi "este é o nosso país. Vocês têm o vosso país e nós temos o nosso. Se queremos colocar uma cruz católica no nosso país, fazemo-lo".

As 152 cruzes que foram colocadas em 1998, foram depois removidas e a paz foi restabelecida.

Em 1998, grafitis nas placas indicadoras ao longo da estrada que conduz ao campo de Auschwitz alertavam os visitantes para a Guerra das Cruzes ainda antes de chegarem ao campo. Os grafitis eram bem-dispostos e brincavam acerca da controvérsia. Em Outubro de 1998, a Guerra das Cruzes tinha subido de tom ao ponto dos católicos polacos estarem a ameaçar colocar 1000 cruzes, ou uma por cada ano em que a Polónia tinha sido um país católico. Durante os anos em que a Polónia esteve sob domínio estrangeiro, foi a igreja católica que manteve vivo o espírito do nacionalismo polaco.

Os protestos judeus contra os símbolos cristãos estavam a aumentar em 1998, e houve uma nova exigência para que a igreja católica no edifício da ex-administração SS em Birkenau fosse removida, porque não era apropriado num lugar onde mais de um milhão de judeus morreram nas câmaras de gás.

Em Outubro de 2005, quando a foto em baixo foi tirada, a igreja católica ainda estava neste edifício:

Igreja católica no edifício da ex-administração SS em Birkenau

A Guerra das Cruzes foi o culminar de anos de tensão entre polacos e judeus. Os judeus ainda estão ressentidos por alguns polacos terem colaborado com os nazis durante a Segunda Guerra Mundial, e, pior do que isso, depois da Guerra, em 1946, houve progroms nos quais mais judeus foram mortos por polacos civis. Os judeus afirmam que os nazis mataram os judeus no cumprimento de ordens, mas os polacos mataram os judeus de livre vontade. Em 1968 houve violência contra os judeus na Polónia, e mesmo hoje, memoriais judeus e sinagogas em Varsóvia têm de ser constantemente guardadas contra vandalismos e fogos postos.

O desejo dos judeus é fazerem de Auschwitz um lugar internacional, em vez de um lugar sob controlo do governo polaco. Estudantes judeus vêm de Israel e de países de todo o mundo, para um evento bianual chamado "A Marcha dos Vivos", e nesta altura, eles encontram-se e falam informalmente com judeus polacos numa tentativa de compreender o passado e prevenir derramamentos de sangue futuros.

Auschwitz é o maior cemitério judeu do mundo. Foi aqui que mais de um milhão de judeus inocentes perderam a vida às mãos dos nazis. O próprio termo Auschwitz é sinónimo de sofrimento judeu e genocídio. Então, porque é que alguém haveria de querer colocar cruzes cristãs mesmo junto dos terrenos do memorial do holocausto, donde podem ser vistas por judeus enlutados a orar?

A fotografia abaixo mostra o Bloco 11, o edifício prisão no campo principal de Auschwitz como o muro das execuções, chamado "o muro preto", à esquerda. Uma pessoa que estivesse aqui em Outubro de 1998 não seria capaz de ver as cruzes que foram erigidas na vala de cascalho do outro lado deste edifício.

O outro lado do edifício do Bloco 11, visto do lado de dentro do campo

Na verdade, o local onde a maior parte dos judeus morreu no Holocausto não foi no campo principal de Auschwitz, chamado Auschwitz I, do lado de fora do qual foram colocadas as cruzes em 1998, mas em Auschwitz II, um enorme campo subsidiário, a três quilómetros do campo Auschwitz I. Auschwitz II é mais conhecido como Birkenau, e todo o complexo é agora conhecido por Auschwitz-Birkenau.

Todas as crianças nas escolas americanas sabem do Holocausto e do destino de Anne Frank, que morreu de tifo em Bergen-Belsen, para onde foi transferida depois de ter sido prisioneira em Auschwitz-Birkenau. Anne Frank esteve em Auschwitz II, agora chamado Birkenau. Birkenau é o nome alemão para a vila de Brzezinka onde o campo para prisioneiros judeus, trazidos de toda a Europa, foi instalado. Foi em Birkenau que o genocídio dos judeus foi levado a cabo, não no campo principal onde as cruzes foram colocadas.

Para compreender a Guerra das Cruzes, do ponto dos nacionalistas polacos, temos de compreender que o ex-campo de concentração nazi de Auschwitz I, que foi transformado num museu, é denominado o museu do martírio. Quando o campo principal de Auschwitz foi transformado num museu, em 1947, o decreto oficial dizia: "No lugar do ex-campo de concentração nazi, um monumento ao martírio da nação polaca e de outras nações vai ser erigido para todo o sempre". Não havia nenhuma menção aos judeus ou ao Holocausto em nenhum dos folhetos do museu oficial desse tempo. O museu tinha um propósito estritamente político, um monumento à luta dos comunistas contra os fascistas. O museu era oficialmente descrito como um "Monumento Internacional às Vítimas do Fascismo".

Foi apenas depois da queda do comunismo em 1998 que o genocídio dos judeus foi mencionado no monumento do ex-campo de Birkenau. Antes de 1998, poucas pessoas fora da Polónia tinham alguma vez visto Auschwitz-Birkenau, mas existiam mais visitantes durante o regime comunista do que em 1998, porque todos os cidadãos polacos eram encorajados a ir em excursões em grupo ao campo e a maior parte destes visitantes era católica. Em 1998, o maior grupo de visitantes foram estudantes universitários católicos polacos que estavam a cumprir um requisito educacional a visitar Auschwitz onde tantos dos seus católicos avós sofreram e morreram bravamente durante a resistência polaca à invasão nazi.

Desde o primeiro dia em que o campo principal de concentração de Auschwitz abriu, em Junho de 1940, foi o lugar para onde foram enviados os prisioneiros políticos polacos. Foram imagens religiosas católicas que foram arduamente desenhadas com as unhas das mãos nas paredes de concreto numa cela de prisão numa cave em Auschwitz por resistentes polacos que estavam lá presos. Foram sobretudo prisioneiros políticos católicos que foram encostados nus ao muro preto de Auschwitz e executados com um tiro no pescoço. Foram as fotografias de prisioneiros políticos polacos que forraram as paredes dos corredores em 1998 dos edifícios de Auschwitz que foram convertidos num museu.

Para o povo polaco, que era 98% católico, Auschwitz-Birkenau é um lugar onde não um, mas dois dos seus santos católicos morreram como mártires. Tanto o padre Maksymilian Kolbe, um sacerdote católico, como a freira carmelita Edith Stein encontraram a morte em Auschwitz-Birkenau e foram canonizados como santos católicos. A cela prisional no Bloco 11, no campo principal de Auschwitz, que esteve ocupada pelo padre Kolbe que se voluntariou para morrer para salvar a vida a um companheiro prisioneiro, é um local sagrado católico importante. Em 1998, as controversas cruzes foram colocadas em frnte do muro do edifício do Bloco 11, onde o padre Kolbe esteve preso numa "cela da fome".

Na imagem abaixo vê-se o interior da cela na cave onde o padre Kolbe foi deixado a morrer à fome. Na parede está uma placa memorial. Esta cela está sempre decorada com flores, mas note-se que não estão lá nenhuma cruz, porque este edifício está dentro do campo principal de Auschwitz , que é agora um museu.

Foto de 2005 da cela prisional nº 18, a cela do padre Kolbe

Edith Stein nasceu judia e era ateia, mas converteu-se à religião católica e tornou-se numa freira carmelita sob o nome de irmã Benedicta da Cruz. Por ser judia, foi gaseada na câmara de gás na pequena casa rural conhecida como Bunker 2 em Birkenau a 9 de Agosto de 1942. Foi canonizada como santa numa igreja católica em Outubro de 1998.

A original Guerra das Cruzes começou em 1979 depois de católicos piedosos terem erigido uma cruz cristã nas ruínas do Bunker 2, a seguir ao anúncio do Papa de que a igreja estava a iniciar o processo de beatificação, o primeiro passo para a santidade. Então os judeus erigiram um símbolo da Estrela de David e pouco depois já havia uma proliferação de cruzes e estrelas: a guerra tinha começado.

Foto de 2005 das ruínas do Bunker 2

Foram as freiras carmelitas que colocaram a primeira cruz no campo principal de Auschwitz em 1988, próxima do seu convento que era próximo das paredes do campo. O convento carmelita foi estabelecido em 1984 num edifício de tijolo que fora usado pelos nazis para guardar o Zyclon que foi usado para gasear os judeus. Existe também um convento carmelita mesmo junto ao antigo campo de concentração de Dachau, e a cruz cristã no seu topo está à vista e a poucos metros do memorial judeu que foi construído mais tarde. O convento de Dachau tem uma entrada por uma das ex-torres de guarda do campo e está aberta aos turistas que visitam o antigo campo de concentração.

Os judeus também protestaram contra este convento, mas em vão. Ele continua lá, assim como uma capela memorial protestante e uma capela memorial católica nos terrenos do antigo campo. Não existem cruzes ou símbolos cristãos de qualquer tipo no cimo das capelas memoriais em Dachau, embora o memorial judeu ali próximo tenha um Menorah no topo e uma Estrela de David no portão de entrada.

Os protestos contra o convento de Auschwitz foram mais eficazes e por fim a hierarquia da igreja católica concordou em despejar as freiras do edifício. A controvérsia tornou-se ainda mais acesa no Verão de 1989 quando as freiras, já depois de terminado o prazo que lhes fora dado para saírem, ainda não o tinham feito. Habitantes locais reagiram furiosamente quando activistas judeus dos Estados Unidos e de Israel dirigiram uma série de protestos no local. Os polacos interpretaram os protestos como uma intrusão hostil estrangeira e um assalto à soberania da nação polaca por governos de outros países. As freiras finalmente mudaram-se para novas instalações do outro lado da rua, em 1993, mas deixaram a cruz evocativa da missa do Papa, que tinham erigido próximo do convento.

A Polónia tornou-se o país principal para os católicos do mundo porque foi o lugar de nascimento de Karol Wojtyla, o cardeal-arcebispo de Cracóvia, que foi eleito em 1978 o primeiro Papa polaco e o primeiro Papa não italiano em 450 anos. O lugar de nascimento de João Paulo II fica apenas a 30 quilómetros de Auschwitz, em Wadowice, uma pequena e em tempos obscura cidade que se tornou num local popular de peregrinações para católicos. Wadowice possui hoje um aeroporto internacional para receber os muitos visitantes da cidade.

A 7 de Juho de 1979, o Cardeal Wojtyla voltou à Polónia, como Papa João Paulo II, e honrou o seu país natal dando uma missa no antigo campo de concentração nazi de Auschwitz II ou Birkenau. Birkenau foi escolhido porque é o sítio mais próximo da cidade natal do Papa e que era suficientemente amplo para albergar a multidão de 500 mil pessoas que assistiram a este acontecimento único na história da Polónia católica.

A cruz de 8 metros do altar dessa missa é a mesma que foi erigida pelas freiras carmelitas em 1988 no seu convento num edifício junto aos terrenos do Museu do Martírio em Auschwitz I. O edifício para onde as freiras se mudaram tinha sido um antigo teatro antes da Segunda Guerra Mundial.

As imagens abaixo, tiradas em 1998, representam uma vista panorâmica do local da controvérsia sobre as cruzes. A primeira imagem começa na zona esquerda do local e mostra o antigo edifício ocupado pelas freiras católicas carmelitas; as outras fotos foram sendo tiradas da esquerda para a direita.

Edifício que foi o antigo convento das carmelitas católicas


Bandeira polaca e flores em honra dos 152 polacos católicos executados neste local


Algumas das mais de 200 cruzes erigidas fora do campo principal de Auschwitz. Ao centro está a cruz de oito metros usada pelo Papa João Paulo II na sua Missa em Birkenau

Como mostra a fotografia acima, as cruzes foram colocadas nos três lados da antiga vala de cascalho, rodeando a cruz de oito metros da Missa dita pela Papa em 1979 que foi erigida no meio da vala, agora coberta de erva. Na altura em que estas fotos foram tiradas, a 1 de Outubro de 1998, o número de cruzes será superior a 200. A exposição está feita de forma harmoniosa e não caótica ou desrespeitosa como dava a entender o jornal Los Angeles Times referindo-se à controvérsia.

A placa amarela na cerca, mostrada na primeira imagem, pedia o regresso das freiras carmelitas ao belo edifício de tijolo. As freiras mudaram-se para novas instalações em 1993 em resposta a protestos judeus liderados pelo Rabi Weiss em Nova Iorque, mas deixaram ficar a cruz de oito metros que fora erigida em 1988.

A 28 de Maio de 2006, o Papa Bento XVI, o líder da igreja católica, visitou o antigo campo de Auschwitz, que fora principalmente uma prisão para prisioneiros políticos, e o campo de Birkenau onde 1,5 milhões de pessoas, a maior parte judias, foram assassinadas.

A foto abaixo mostra o Papa a entrar no campo principal de Auschwitz através do infame portão "Arbeit Macht Frei" [O Trabalho Liberta], seguido pela sua comitiva de bispos e cardeais católicos.


A foto abaixo mostra o Papa Bento XVI junto ao Monumento Internacional em Birkenau onde presta homenagem às vítimas que foram gaseadas nos crematórios II e III, as ruínas que estão apenas a poucos metros do outro lado do monumento.


A visita do Papa em nada contribuiu para sarar o conflito entre católicos e judeus. Apesar do Papa Bento XVI ter mostrado reverência aos judeus que foram assassinados e tenha baixado a cabeça em sinal de vergonha, ele foi muito criticado nos meios de comunicação por não ter mencionado o anti-semitismo da igreja católica que contribuiu para o ódio aos judeus na Europa, e por não ter referido a falha de Pio XII em não ter feito tudo ao seu alcance para evitar a deportação de judeus para os campos da morte. O Papa Bento XVI não pediu desculpa aos judeus por Auschwitz.

O Papa falou em italiano, para não ofender os polacos e os judeus, ao falar na odiada língua alemã, mas mesmo assim conseguiu insultar os judeus com estas palavras:

"Num lugar como este, as palavras faltam; no fim só pode haver um silêncio de temor, um silêncio que é um sincero apelo a Deus: Porquê, senhor, ficaste em silêncio? Como pudeste tolerar isto?"

Não foi Deus, mas antes milhões de católicos na Europa que ficaram em silêncio, e não foi Deus, mas os vulgares alemães que toleraram o genocídio dos judeus, segundo os críticos dos meios de comunicação.

No seu discurso em Auschwitz, O Papa Bento XVI culpou os criminosos do regime nazi pelo Holocausto e não reconheceu a culpa colectiva do povo alemão que entusiasticamente apoiou Hitler. O Papa também se esqueceu de reconhecer o seu próprio passado nazi como um involuntário membro da juventude hitleriana e um soldado obrigado a combater no exército alemão.

O Papa visitou o Muro Preto no Bloco 11 e acendeu uma vela em honra dos presos políticos que aí foram executados, mas evitou sensatamente o outro lado do Bloco 11 onde a cruz usada na missa dita pelo Papa João Paulo II ainda se mantém. Bento XVI visitou a cela onde o padre Kolbe morreu, mas manteve-se longe da igreja católica no antigo edifício administrativo de Birkenau e evitou o edifício vazio onde as freiras carmelitas viveram.

O consenso geral dos meios de comunicação foi que o Papa fez o seu melhor, mas o seu melhor não foi o suficiente.


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Comentário:

A controvérsia da Guerra das Cruzes de 1998 é posterior à controvérsia sobre o número de vítimas de Auschwitz-Birkenau:


Em 1988, as placas de Auschwitz, que o Papa João Paulo II abençoou em 1979, e que indicavam terem morrido 4 milhões de pessoas naquele campo de concentração, foram substituídas em 1995 por outras placas que indicam que em Auschwitz morreram aproximadamente 1.5 milhões de pessoas. As novas placas foram abençoadas pelo Papa Bento XVI: