quarta-feira, abril 29, 2009

Barack Obama repudiou o cristianismo e está a converter-se ao Islão

Jon Stewart, do Daily Show, explica-nos, com humor, como os Media nos EUA dão a entender que Barack Obama é um muçulmano encapotado.


Jon Stewart: Vamos começar a noite com Barack Obama. Como sabem, o Presidente é também o Adorador Supremo do país e, durante a campanha, houve alguma preocupação. Será que ele é muçulmano? Será que é meio muçulmano? Será que é muçulmano convertido ou, será que é muçulmano? Ficámos a saber que Obama é, na verdade, um cristão nacionalista militante negro. Satisfeita, a América elegeu-o presidente, mas, ultimamente têm surgido dúvidas:

Fox News: Deixem-me dizer-vos o que está a acontecer, o Presidente não vai à igreja desde que tomou posse. São quantos domingos? Contaram-nos? Onze domingos, até agora.

Jon Stewart: Ele não vai à igreja há onze domingos. Está perto da dúzia satânica. Isto significa que as orações na bênção interior e exterior dos dois dias da tomada de posse foram só fingimento? Se calhar, deixou de ir à igreja pela Quaresma.

Devia haver uma explicação. Tinha de ser uma coisa inocente e, depois, Obama dirigiu-se ao estrangeiro e foi à Turquia e vi o que só pode ser descrito assim:

Flashes televisivos:

Barack Obama: Os Estados Unidos não estão nem nunca estarão em guerra com o Islão...

Barack Obama: Vamos transmitir o nosso apreço pela fé islâmica...

Barack Obama: Estreitar a divisão entre o mundo muçulmano e o Ocidente...

Barack Obama: Aliás, a nossa parceria com o mundo muçulmano é essencial. Não nos consideramos uma nação cristã...

Jon Stewart: Sim! Estas declarações combinadas e descontextualizadas podem criar a impressão, junto dos predispostos a acreditar nisso, de que o Presidente dos Estados Unidos repudiou o cristianismo e está a converter-se ao Islão. De certeza que ele vai esclarecer tudo quando conhecer o rei saudita.

Vêm-se imagens de Barack Obama a fazer uma vénia ao rei saudita.

Jon Stewart: Nãããããoooooo! Não faça uma vénia. As pessoas vão ficar zangadas.

CNN: O presidente Obama está envolvido numa comoção real. Será que fez uma vénia ao rei da Arábia Saudita?

Fox News: A vénia controversa de Obama... Obama dobra-se até ao nível da cintura.

CNN: Foi inapropriado?

Fox News: Transmitiu a mensagem de que o Islão é superior a qualquer outro ministro ou presidente do mundo. Vejam como se baixa. Fica abaixo do ombro dele.

Jon Stewart: Está a fazer-lhe um br...! O que tem a realeza saudita que faz sobressair o lado bajulador dos nossos presidentes? Todos nos lembramos do presidente Bush a dar a mão a Abdullah em Crawford. Aliás, Jimmy Carter costumava ler histórias para adormecer ao rei Khalid. Eisenhower arranjou as mãos e os pés ao rei Saud. Até Roosevelt costumava levar Abdul Aziz às cavalitas.

O que é estranho é que, antes de haver carros, era assim que cumprimentávamos o rei saudita – com uma pancadinha na cabeça.

And goes on and on...


Vídeo lengendado em português:

segunda-feira, abril 27, 2009

Não inverter o ónus da prova para manter o bónus do enriquecimento ilícito



Jornal Expresso 20/04/2009




Diálogo com um excerto do artigo «Um mal profundo» de Miguel Sousa Tavares:


Miguel: Diferente é a questão da criminalização do enriquecimento ilícito. Para começar, o nome do novo crime que se pretende estabelecer é enganador: o que se vai punir não é o facto de alguém ter enriquecido por métodos ilícitos; é sim, o facto de alguém não ser capaz ou não querer explicar como é que enriqueceu - tenha sido ilícita ou licitamente.

Diogo: Falso! O que se pretende punir é precisamente o facto de alguém ter enriquecido por métodos ilícitos. Sicrano pode ter ganho muito dinheiro na bolsa, no euromilhões, num negócio ou numa herança. Há muita forma de enriquecer subitamente e legalmente. Mas se o fisco detecta um enriquecimento súbito e não encontra fundamento para esse enriquecimento, então o indivíduo deve ter a obrigação legal de explicar como é que enriqueceu. O enriquecimento súbito lícito estará, em princípio, bem documentado e será fácil de explicar. Com o enriquecimento ilícito passa-se precisamente o contrário.


Miguel: Sempre defendi que o súbito enriquecimento de tantos figurões que por aí andam, sem que se consiga entender como, deve ser objecto de escrutínio e crítica social e ética. Numa sociedade de valores, e não apenas de aparências, não devia bastar ter um Mercedes topo de gama, devia também ser preciso que no espírito dos outros não houvesse dúvidas de que o Mercedes tinha sido pago com dinheiro honestamente ganho. Mas nem tudo o que é objecto de crítica social legítima pode ser transformado em crime no Código Penal - ou não haveria prisões que chegassem.

Diogo: Miguel Sousa Tavares defende aqui uma tese surpreendente: é licito crucificar na praça pública um figurão por ter enriquecido subitamente sem que a sociedade entenda como, mas é imoral obrigá-lo a explicar ao fisco esse súbito enriquecimento (até porque, segundo Sousa Tavares, não haveria prisões que chegassem).


Miguel: Criminalizar o que se chama de enriquecimento ilícito envolve a derrogação de um princípio essencial da justiça e um direito fundamental dos indivíduos: o de que, quando alguém é acusado de um crime, cabe à acusação fazer prova de que o crime existiu mesmo, e não ao acusado fazer prova de que está inocente.

Diogo: mais um exemplo de raciocínio enviesado de Miguel Sousa Tavares.

Ninguém está a fazer uma acusação avulsa a um indivíduo obrigando-o a provar a sua inocência. Nos casos de enriquecimento súbito não explicados, o que acontece é que sabendo-se que Beltrano partindo de uma situação financeira X$ numa determinada data, chega a uma situação financeira X$ + Y$ num espaço de tempo que não pode explicar o acréscimo de Y$ em função dos seus rendimentos normais. Há aqui um indício de possível crime. E como em todas as suspeitas de crime, o caso deve ser investigado e Beltrano interrogado.

A inversão do ónus da prova deve aplicar-se aqui tal como se aplica a quem é apanhado com quantidades razoáveis de droga:


Acórdão de Supremo Tribunal Administrativo nº 040004, de 21 Junho 1989:

I - O artigo 23, n. 1 do Decreto-Lei 430/83 prevê o crime de tráfico de estupefacientes. Assim, quem detiver ilicitamente quantidades de droga que se não possam considerar diminutas, integra, pela sua conduta, aquele crime.

III - É o consumidor que tem o ónus da prova de que a droga que detém se destina a seu exclusivo uso pessoal.


Da mesma forma, quem enriquecer sem ter, aparentemente, motivo para tal, deverá ficar com o ónus de provar a proveniência legal desses proventos.


Miguel: Mas o problema aqui é o da porta que se abre e que nunca mais se fechará: amanhã, o dono do Mercedes terá de fazer prova de que não excedeu os limites de velocidade na auto-estrada, mesmo que nenhum radar o tenha detectado e apenas porque o carro é capaz de andar a 240.

Diogo: Com este argumento, Miguel Sousa Tavares bate no fundo!

A questão não está em pedir a um condutor de um Mercedes que prove que não andou a 240 km/h numa auto-estrada.

O que se pretende é que o condutor prove que não ultrapassou os limites de velocidade legais, sabendo-se que passou na portagem da Lisboa a uma determinada hora e chegou à portagem do Porto uma hora e um quarto depois, e que a distância entre as duas portagens é de 300 km (o que daria uma velocidade média de 240 km/h).


A seguir, Miguel Sousa Tavares entra numa diatribe de banalidades sobre as "verdadeiras causas da corrupção":

Miguel: problema profundo da corrupção tem que ver com uma sociedade em que os valores éticos e de cidadania se perderam ... vamos encontrar uma sociedade que abundantemente vive de fugir ao fisco ... gente que está disponível para se deixar comprar e vender ... começa nos pais que acham que educar os filhos é dar-lhes um computador, um ipod, uma televisão e uma play-station e deixá-los no quarto para que não incomodem ... a corrupção é apenas a ponta do icebergue da crise de valores e princípios que hoje nos caracteriza ... nenhuma lei, por melhor que seja, pode resolver este mal profundo.

Diogo: Esta lei da criminalização do enriquecimento ilícito poderia constituir um bom começo no combate à corrupção, mas graças a governos "desinteressados" e a escribas de opinião de perspicácia mediana, a lei ficará na gaveta para gáudio de um número crescente de novos-ricos.
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sábado, abril 25, 2009

Mais de um terço (250 mil) de todas as pessoas com mais de 65 anos que vivem em Israel são sobreviventes do Holocausto

Tatuagens do horror de Auschwitz reúnem prisioneiros dispersos


Associated Press - por ARON HELLER - 19 de Abril de 2009

Jerusalem – Como adolescentes aterrorizados há 65 anos atrás, Menachem Sholowicz e Anshel Sieradzki estiveram juntos na fila em Auschwitz, para lhes serem tatuados os números de série nos seus braços. Sholowicz foi o B-14594; Sieradzki foi o B-14595.

Os dois judeus polacos nunca se tinham encontrado, nunca se tinham falado e foram rapidamente separados. Cada um deles sobreviveu ao campo da morte nazi, foi para Israel, casou, e tornaram-se avós. Não se encontraram até há algumas semanas atrás, tendo-se encontrado por sorte através da Internet. Já tarde na vida, os dois homens falam diariamente, repentinamente parceiros que partilham os seus traumas mais escuros.

"Somos irmão de sangue", diz Sieradzki de 81 anos. "No momento em que eu encontro alguém que esteve lá comigo, que passou por aquilo que eu passei, que viu aquilo que eu vi, que sentiu aquilo que eu senti – nesse momento nós somos irmãos".

As voltas do destino não acabam aqui. Dois irmãos que estiveram com eles na fila para a tatuagem [em Auschwitz] entraram em contacto com eles assim que souberam da história.

Um dos irmãos juntou-se-lhes numa reunião no domingo no memorial do Holocausto Yad Vashem em Israel. Com lágrimas nos olhos, os três abraçaram-se calorosamente e puseram em dia as memórias dolorosas em Hebreu e em iídiche [Yiddish].

"Esta é a minha vitória", disse Sieradzki.

O encontro deu-se um dia antes de Israel assinalar o seu dia em memória às vítimas do Holocausto que começa segunda-feira feira à noite, comemorando os 6 milhões de judeus mortos na Segunda Guerra Mundial.

Os quatro sobreviventes, com números de série consecutivos, estão entre as centenas de milhares de sobreviventes que foram para Israel na altura do nascimento do estado judeu. Cerca de 250 mil estão ainda vivos em Israel, carregando as cicatrizes físicas e emocionais desse período.


[...]

(AP Photo/Sebastian Scheiner)

Os sobreviventes do Holocausto Menachem Shulovitz, de 80 anos, à direita, Anshel Szieradzki, de 81 anos, ao centro, e Yaakov Zeretzki, de 82 anos, à esquerda, mostram os números de série que lhes foram tatuados nos braços no campo de concentração de Auschwitz. Sholowicz foi o B-14594; Sieradzki foi o B-14595; Zeretzki foi o B-14597 e o seu irmão, que não se vê na foto, foi o B-14596.


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Foi dito no artigo acima da Associated Press que cerca de 250 mil sobreviventes do Holocausto estão ainda vivos em Israel. A seguir, os dados populacionais de Israel em 2009 no site do U.S. Census Bureau, Population Division - International Data Base:



Consultando os dados do Departamento de Censos norte-americano relativos a Israel, pode observar-se que existem hoje 713,507 pessoas com 65 ou mais anos, a viver em Israel:

195,001 (65-69) + 174,256 (70-74) + 146,217 (75-79) + 198,033 (80+) = 713,507

A Segunda Guerra Mundial terminou em 1945, há 64 anos. Donde resulta que qualquer sobrevivente do Holocausto terá hoje de ter mais do que 64 anos. Sabendo-se que cerca de 250 mil sobreviventes do Holocausto estão ainda vivos em Israel, é forçoso concluir que mais de um terço (35%) de todas as pessoas com mais de 64 anos que vivem em Israel são sobreviventes do Holocausto:

250,000 / 713,507 = 35%



Comentário:

Com 250 mil sobreviventes do Holocausto ainda vivos em Israel, não será de estranhar que apareçam quatro antigos prisioneiros de campos de concentração com números de série tatuados consecutivos. O contrário é que seria surpreendente.

E também não será tão cedo que a Alemanha irá deixar de pagar indemnizações a Israel pelos sobreviventes do Holocausto:


Israel procura um novo acordo com a Alemanha para indemnizações do Holocausto

sexta-feira, abril 24, 2009

A Deportação dos Judeus Húngaros - Parte 2


Retirado de Scrapbookpages

(Tradução minha)


A fotografia acima, tirada a 26 de Maio de 1944, mostra um processo de selecção de um grupo de judeus húngaros que teve lugar imediatamente a seguir à saída do comboio que os levou para o campo de Birkenau (pertencente ao complexo de Auschwitz). Os homens e as mulheres tinham de formar duas filas separadas para serem examinados por um oficial das SS que decidia quem viveria e quem seria imediatamente enviado para a câmara de gás. Repare-se nas estrelas amarelas que os judeus húngaros eram forçados a usar nos seus casacos.

O campo de Auschwitz II, também conhecido por Birkenau, tinha pavilhões suficientes para acomodar 200 mil prisioneiros, e outra secção, chamada México pelos prisioneiros, estava em construção. Quando estivesse acabada, a nova secção iria fornecer alojamento a 50 mil prisioneiros.

Segundo Daniel Goldhagen, o autor do livro best-seller intitulado "Hitler's Willing Executioners" [Os solícitos Carrascos de Hitler], os nazis estavam num frenesim para completar o genocídio dos judeus antes do fim da guerra. Embora estivessem desesperados por mão-de-obra nas suas fábricas de munições, era mais importante para os nazis levar a cabo a Solução Final da Questão Judaica, segundo Goldhagen que escreveu o seguinte:

"Por fim, a devoção dos alemães ao seu projecto genocida era tão grande que parece desafiar a compreensão. O mundo deles estava a desintegrar-se à sua volta, e no entanto persistiram na matança genocida até ao fim."

Destruction of the Jewish People by David Olère


O comandante Rudolf Höss escreveu na sua autobiografia que o Reichsführer-SS Heinrich Himmler ordenou o extermínio de todos os judeus no verão de 1941, seis meses antes da Solução Final ter sido planeada na Conferência de Wannsee a 20 de Janeiro de 1942. A citação seguinte é retirada da autobiografia de Höss:

"A sub-secção (da RSHA) relacionada com os judeus, controlada por Eichmann e Gunther, não tinha dúvidas sobre o seu objectivo. De acordo com ordens dadas por Heinrich Himmler no verão de 1941, todos os judeus deviam ser exterminados. O Reich Security Head Office (RSHA) levantou fortes objecções quando Himmler, por sugestão de Oswald Pohl, ordenou que os judeus saudáveis fossem separados dos outros [e colocados a trabalhar em fábricas]."


Na fotografia abaixo estão membros das famílias Pinkas e Gutmann de Maramaros. Estão à espera da sua vez para a câmara de gás de Birkenau, segundo o museu Yad Vashem que possui o original desta foto do Álbum de Auschwitz:


Em Junho de 1944, Adolf Eichmann deportou 20 mil judeus húngaros para Auschwitz e depois transferiu-os para o campo de trabalho de Strasshof, perto de Viena. Isto foi uma tentativa para extorquir dinheiro da comunidade judaica na Hungria, segundo Laurence Rees que escreveu no seu livro "Auschwitz, a New History" [Auschwitz, uma História Nova], Eichmann convenceu os líderes judaicos que estava a ir contra as suas ordens ao abrir uma excepção para estes judeus e depois pediu dinheiro para comida e medicamentos porque tinha salvo 20 mil judeus das câmaras de gás de Auschwitz. David Cesarani escreveu em "The Last Days" [Os Últimos Dias], que o líder judaico Rudolf Kastner foi capaz de convencer Eichmann a enviar estes judeus para a Áustria onde três quartos deles sobreviveram à guerra.

O último transporte em massa de 14,491 judeus húngaros para Auschwitz chegou a 9 de Julho de 1944, segundo um livro intitulado "Die Zahl der Opfer von Auschwitz" [O número total de mortos em Auschwitz], de Franciszek Piper, o director do Museu de Auschwitz. Depois deste transporte de judeus ter deixado a Hungria a 8 de Julho de 1944, Horthy ordenou que a deportação de judeus húngaros terminasse.

Por essa altura, um mínimo de 435 mil judeus húngaros, a maior parte dos quais a viver em vilas e cidades pequenas, tinha sido levada para Auschwitz, segundo provas apresentadas no julgamento de Adolf Eichmann em Jerusalém em 1961, nas quais as listas de transporte compiladas por Laszlo Ferenczy, o chefe da polícia na Hungria, foram apresentadas.

Num telegrama enviado para o ministério dos negócios estrangeiros em Berlim, a 11 de Julho de 1944, por Edmund Veesenmayer, foi relatado que 55,741 judeus foram deportados da Zona V a 9 de Julho, como planeado, e que o total número de judeus deportados das Zonas I a V na Hungria foi de 437,402.

Num livro intitulado "The World Must Know" [o Mundo tem de saber], que constitui o livro oficial do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, Michael Birnbaum escreveu:

"Entre 14 de Maio e 8 de Julho de 1944, 437,402 judeus de cinquenta e cinco localidades húngaras foram deportados para Auschwitz em 147 comboios. A maior parte foi gaseada em Birkenau logo após a sua chegada. O sistema ferroviário foi esticado até aos limites para fazer face às capacidades do campo, onde cerca de 12 mil pessoas eram gaseadas diariamente."


Robert E. Conot escreveu no seu livro "Justice at Nuremberg" [Justiça em Nuremberga] que 330 mil judeus húngaros foram enviados directamente para as câmaras de gás de Auschwitz. A Enciclopédia do Holocausto estima em cerca de 550 mil o número total de judeus que morreram em Auschwitz-Birkenau entre Maio e Julho de 1944, a maioria deles gaseado. Raul Hilberg afirmou no seu livro "The Destruction of the European Jews" [A Destruição dos judeus europeus] que para cima de 180 mil judeus húngaros morreram em Auschwitz-Birkenau.

Segundo Francizek Piper, a maioria dos judeus húngaros que foram enviados para Auschwitz-Birkenau, foram gaseados imediatamente. Um folheto adquirido no Museu de Auschwitz afirma que 434,351 judeus húngaros foram mortos logo à chegada. Se estes números estiverem correctos, apenas 3,051 judeus húngaros, de um total de 437,402 que foram enviados para Auschwitz, foram registados no campo. Contudo, Francizek Piper escreveu que 28 mil judeus húngaros foram registados.


Judeus húngaros incluindo dois médicos com braçadeiras


Alguns dos mesmos homens depois de um duche e uma mudança de roupa


O site da Internet do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos confirma que mais de 100 mil húngaros foram usados para trabalhar, como fora acordado entre Hitler e Horthy a 18 de Março de 1944, e que alguns deles foram transferidos para outros campos de concentração poucas semanas depois da sua chegada a Birkenau.

O seguinte é uma citação do site da Internet do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos (USHMM)

"Entre Abril e princípios de Junho de 1944, aproximadamente 440 mil judeus húngaros foram deportados, e destes, 426 mil foram para Auschwitz. Os SS enviaram aproximadamente 320 mil deles para as câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau e distribuíram aproximadamente 110 mil como força de trabalho forçado pelo complexo de campos de concentração de Auschwitz. As autoridades SS transferiram muitos destes judeus húngaros, poucas semanas depois da sua chegada a Auschwitz, para outros campos de concentração na Alemanha e na Áustria."

Se apenas 28 mil judeus húngaros tivessem sido registados em Auschwitz-Birkenau, tal como foi afirmado por Franciszek Piper, isto significaria que milhares de judeus húngaros foram transferidos de Auschwitz para campos de trabalho sem terem sido registados.


Segundo os registos guardados pelos alemães no campo de concentração de Dachau, entre 18 de Junho de 1944 e 9 de Março de 1945, um total de 28,838 judeus húngaros foram enviados de Auschwitz-Birkenau para Dachau e daí para Landsberg am Lech para trabalhar na construção de fábricas subterrâneas nos onze sub-campos de Kaufering de Dachau.

Nerin E. Gun foi um jornalista turco que esteve preso em Dachau em 1944; o seu trabalho era tomar nota dos nomes e informação vital de mulheres judias húngaras que iriam ser gaseadas na falsa câmara de gás no crematório de Dachau.

Na câmara de gás de Dachau pode ler-se num painel a seguinte frase em cinco línguas diferentes:

CÂMARA DE GÁS – disfarçada de "sala de chuveiros" – nunca foi usada como câmara de gás

A fotografia deste painel pode ser observada no site de "The Holocaust History Project" [O Projecto de História de Holocausto].


No seu livro intitulado "The Day of the Americans" [O Dia dos Americanos], publicado em 1966, Gun escreveu o seguinte em relação ao seu trabalho em Dachau:

"Eu pertencia à equipa de prisioneiros encarregue de seleccionar a desgraçada multidão de judias húngaras que eram levadas directamente para a câmara de gás. O meu papel era insignificante: eu fazia perguntas em húngaro e escrevia as respostas em alemão num grande livro de contabilidade. A administração do campo era meticulosa. Queriam registar o nome, a morada, o peso, a idade, a profissão, os certificados académicos, e por aí fora, de todas estas mulheres que daí a poucos minutos seriam cadáveres. Eu não tinha autorização para ir ao crematório, mas sabia por outros o que é que lá se passava."


Alguns do judeus que eram seleccionados para trabalho escravo eram enviados para o campo de concentração de Mauthausen na Áustria e para os seus sub-campos, onde trabalhavam em fábricas de aviões alemães.

Outros eram enviados para o campo de Stutthof, perto de Danzig, segundo Martin Gilbert, que escreveu o seguinte num livro da sua autoria intitulado "Holocaust":

"A 17 de Junho, Veesenmayer telegrafou para Berlim a dizer que 340,142 judeus húngaros já tinham sido deportados. Alguns poucos tiveram a sorte de serem seleccionados para os pavilhões ou enviados para fábricas e campos na Alemanha. A 19 de Junho, cerca de 500 judeus, e a 22 de Junho um milhar, foram enviados para trabalhar em fábricas na região de Munique […] Dez dias depois, os primeiros judeus, 2500 mulheres, foram deportadas de Birkenau para o campo de concentração de Stutthof. De Stutthof, foram enviadas para várias centenas de fábricas na região do Báltico. Mas a maior parte dos judeus enviados para Birkenau continuaram a ser gaseados."

Gassing by David Olère


Segundo o museu do antigo gueto de Theresienstadt, no que é agora a República Checa, 1,150 judeus húngaros foram enviados para Theresienstadt e desses, 1,138 continuavam lá em 9 de Maio de 1945. Outros judeus importantes que foram enviados para Theresienstadt foram transferidos para Auschwitz em Outubro de 1944, incluindo o famoso psiquiatra austríaco Victor Frankl, que não foi registado em Auschwitz, mas foi transferido novamente, depois de passar três dias no campo de Birkenau, para Dachau e depois para o sub-campo Kaufering III.

Os judeus que não eram gaseados nem registados à chegada a Auschwitz, mas que, em vez disso, eram transferidos para um campo de trabalho, eram chamados Durchgangsjuden [judeu de passagem] porque ficavam no campo de passagem na secção do México de Birkenau por um curto período. Este site na Web possui mais informação acerca dos judeus húngaros que estavam nesta categoria.
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quarta-feira, abril 22, 2009

A Deportação dos Judeus Húngaros - Parte I

Judeus húngaros à chegada a Auschwitz-Birkenau, 26 de Maio de 1944

Retirado de Scrapbookpages

(Tradução minha)


Foi só em Maio de 1944, quando os judeus húngaros foram deportados, que Auschwitz-Birkenau se tornou no maior lugar de assassínio em massa da história moderna e o epicentro da Solução Final. Quase metade de todos os judeus que foram mortos em Auschwitz eram judeus húngaros que foram gaseados num período de 10 semanas em 1944. Até à primavera de 1944, foram os três campos da Operação Reinhard - Treblinka, Belzec, Sobibor, e não Auschwitz - que constituíram os principais centros de matança de judeus pelos nazis.

Em 1942, os nazis já tinham assassinado 2,7 milhões de judeus, incluindo 1,6 milhões nos campos de concentração da Operação Reinhard (Treblinka, Belzec e Sobibor), mas apenas 200 mil judeus foram gaseados em Auschwitz nesse ano em duas velhas casas rurais convertidas para o efeito. Esta informação provém do livro "Auschwitz, a New History" [Auschwitz, uma Nova História] de Laurence Rees, publicada em 2005.

Em Outubro de 1940, a Hungria tinha-se tornado aliada das potências do Eixo ao juntar-se ao Acto Tripartido. Fazia parte do acordo que a Hungria recuperasse o norte da Transilvânia, uma província que tinha sido entregue à Roménia depois da Primeira Guerra Mundial. Soldados húngaros participaram na invasão alemã da União Soviética em Junho de 1941.

A 17 de Abril de 1943, depois da Bulgária, outro aliado da Alemanha, ter recusado permitir que os seus judeus fossem deportados, Hitler encontrou-se com o almirante Miklos Horthy, o líder húngaro, em Salzburgo, e tentou persuadi-lo a permitir que os judeus húngaros fossem "recolocados" na Polónia, segundo Martin Gilbert no seu livro intitulado "Never Again" [Nunca mais]. O almirante Horthy rejeitou o pedido de Hitler e recusou a deportação dos judeus húngaros.

Desde o princípio da perseguição aos judeus pelos nazis em 1933, até Março de 1944, a Hungria era um lugar relativamente seguro para os judeus e muitos judeus da Alemanha, Áustria, Eslováquia e Polónia procuraram refúgio nas suas fronteiras. Contudo, em 1938, a Hungria promulgou leis similares às leis nazis na Alemanha, que discriminavam os judeus.

A 3 de Setembro de 1943, a Itália assinou um armistício com os Aliados e virou-se contra a Alemanha, o seu ex-aliado. Horthy teve esperança de negociar um acordo semelhante com os Aliados Ocidentais para travar a invasão soviética da Hungria.

O "Sonderkommando Eichmann", um grupo especial de soldados SS sob o comando de Adolf Eichmann, foi constituído a 10 de Março de 1944 com o objectivo de deportar os judeus húngaros para Auschwitz; o pessoal deste Comando de Acção Especial foi reunido no campo de concentração de Mauthausen na Áustria e depois enviado para a Hungria a 19 de Março de 1944, durante a celebração do Purim, um feriado judeu.


As grandes deportações para os campos de concentração 1942-1944

Auschwitz, situado no coração da "Grande Alemanha", funcionava como centro distribuidor dos outros campos de concentração:


A 18 de Março de 1944, Hitler teve um segundo encontro com Horthy em Schloss Klessheim, um castelo próximo de Salzburgo na Áustria. Foi conseguido um acordo no qual Horthy prometeu deixar que 100 mil judeus fossem enviados para o Reich alemão para a construção de fábricas subterrâneas para a produção de aviões de caça. Estas fábricas estavam localizadas em Mauthausen e nos onze sub-campos de Dachau na região de Kaufering. Os judeus eram enviados para Auschwitz, e então transferidos para os campos na Alemanha e na Áustria.

Quando Horthy, o líder húngaro, regressou à Hungria, viu que Edmund Veesenmayer, um chefe de brigada SS, se tinha instalado como o efectivo administrador da Hungria, sob a responsabilidade directa dos Negócios Estrangeiros Alemães e de Hitler.

A 19 de Março de 1944, no mesmo dia em que o Sonderkommando Eichmann chegou, as tropas alemãs tomaram o poder na Hungria. A invasão da Hungria pela União Soviética estava iminente e Hitler suspeitava que Horthy estava a planear passar para o lado dos Aliados. À medida que se ia tornando cada vez mais previsível que a Alemanha ia perder a guerra, os seus aliados a começaram a desertar para o lado vencedor. A Roménia mudou-se para a parte Aliada a 23 de Março de 1944.

Depois da formação do Reich Central Security Office (RSHA) [Órgão Central de Segurança do Reich] em 1939, Adolf Eichmann foi colocado ao comando da secção IV B4, o departamento do RSHA que tratava da deportação dos judeus. Uma das suas primeiras missões foi desenvolver o plano nazi de enviar os judeus europeus para a ilha de Madagáscar junto à costa oriental de África. Este plano foi abandonado em 1940.

Segundo Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz, "Eichmann tinha-se interessado pela questão judaica desde a sua juventude e possuía um extenso conhecimento da literatura sobre o assunto. Eichmann viveu durante muito tempo na Palestina de forma a aprender mais sobre os sionistas e o desenvolvimento do estado judeu".

Em 1937, Eichmann foi para o Médio Oriente investigar a possibilidade de uma emigração em massa dos judeus para a Palestina. Encontrou-se com Feival Polkes, um agente da Haganah (milícia judaica criada na década de 1930 com o objetivo de proteger os judeus da Palestina, mas também atacava a população árabe), com quem discutiu o plano sionista de criar um estado judeu. Segundo o seu testemunho, no seu julgamento em 1961, em Jerusalém, foi negada a Eichmann a entrada na Palestina pelos britânicos que se opunham a um estado judeu na Palestina, e assim a ideia de deportar todos os judeus europeus para a Palestina foi abandonada.

Na Conferência de Wannsee a 20 de Janeiro de 1942, na qual a Solução Final para a Questão Judaica foi planeada, foi atribuído a Eichmann a missão de organizar o "transporte para Leste" que era um eufemismo para enviar os judeus europeus para serem assassinados em Treblinka, Sobibor, Belzec, Majdanek e Auschwitz-Birkenau.


Crianças judias húngaras caminham para as câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau


No dia seguinte à ocupação da Hungria pelas forças alemãs, Adolf Eichmann chegou para supervisionar o processo de deportação dos judeus húngaros. Havia 725 mil judeus a viver na Hungria em 1944, incluindo muitos que viviam antes na Roménia, segundo Laurence Rees, que escreveu "Auschwitz, a New History" [Auschwitz, uma Nova História]. Os judeus nas vilas e nas cidades pequenas foram imediatamente reunidos e concentrados em guetos.


Judeus húngaros caminham em direcção às câmaras de gás nos Crematórios IV e V


A foto acima mostra crianças judias húngaras, demasiado jovens para trabalhar, a caminho do gaseamento imediato após a sua chegada a Auschwitz, a 26 de Maio de 1944. Estão a caminhar ao longo de uma estrada interior que atravessa de norte a sul, pelo meio, o campo de Auschwitz, também conhecido como Birkenau. Nesta foto, tirada por um soldado das SS, as crianças viraram as suas caras para a máquina fotográfica; as câmaras de gás dos Crematórios IV e V estão do lado norte do campo, atrás deles ao fundo.

Os judeus que eram seleccionados para trabalhar no campo seguiam por esta mesma estrada interior para a Sauna Central onde os prisioneiros recém-chegados tomavam um duche, as suas cabeças eram rapadas e um número era tatuado nos seus braços.


Mulheres húngaras que acabaram de chegar num transporte ferroviário


Mulheres húngaras que foram seleccionadas para trabalhar em Auschwitz-Birkenau


A foto acima mostra mulheres húngaras caminhando para a secção de mulheres no lado sul do campo de Auschwitz-Birkenau depois de terem tomado um duche e mudado de roupa. Atrás delas está um comboio de transportes e ao fundo à esquerda encontra-se um dos guardas do campo. A mulher com o cabelo preto no centro da foto é Ella Hart Gutmann que está na linha exterior olhando para dentro. Ao lado dela está Lida Hausler Leibovics; ambas as mulheres eram de Uzhgorod. As suas cabeças foram rapadas num esforço para controlar os piolhos que propagavam o tifo.

Rudolf Höss deixou de ser comandante do complexo de Auschwitz em Novembro de 1943 e foi promovido para a Direcção Geral de Administração Económica em Oranienburg. A 8 de Maio de 1944, voltou novamente a Auschwitz para supervisar o gaseamento dos judeus húngaros. Höss escreveu o seguinte na sua autobiografia, a respeito da deportação dos judeus húngaros:

"Por ordens de Pohl fiz três visitas a Budapeste de forma a obter uma estimativa do número de judeus saudáveis que poderiam ser esperados [...] Eichmann estava completamente obcecado com a sua missão e também convencido que a acção de extermínio era necessária para preservar o povo alemão no futuro das intenções destrutivas dos judeus. Eichmann era também um oponente determinado da ideia de não seleccionar para as câmaras de gás os judeus que estavam aptos para trabalhar. Ele considerava isso como um perigo como um perigo constante para o seu plano de uma "solução final", porque a possibilidade de fugas em massa ou qualquer outro acontecimento poderia fazer com que esses judeus sobrevivessem. "


Eichmann fez aparentemente uma mudança de 180 graus desde os dias em que viajou para a Palestina e estudou hebreu de forma a implementar o seu plano de transportar os judeus para o seu próprio estado judeu na Palestina.

Apesar da desaprovação de Eichmann, "dezenas de milhares de judeus foram retirados de Auschwitz para trabalhar em projectos de armamento", segundo o que Höss escreveu na sua autobiografia.

Höss queixou-se do processo de selecção em Auschwitz, no qual judeus que não eram suficientemente fortes para trabalhar, na sua opinião, eram salvos da câmara de gás. Escreveu o seguinte na sua autobiografia:

"Se Auschwitz tivesse seguido os meus conselhos constantemente repetidos, e tivesse apenas seleccionado para trabalhar os judeus mais saudáveis e vigorosos, então o campo teria obtido uma verdadeira força de trabalho útil que teria durado mais, embora seja verdade que seria numericamente inferior."


Segundo Höss:

"Os doentes pejavam os campos de concentração, privando os saudáveis de comida e espaço e não fazendo trabalho nenhum, e, de facto, a sua presença fez com que muitos dos que podiam trabalhar fossem incapazes de o fazer."
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segunda-feira, abril 20, 2009

Hitler era um agente britânico?


Texto de Henry Makow - 27-01-2006

(Tradução minha)


O livro provocador de Greg Hallett – "Hitler Was A British Agent" [Hitler era um agente britânico] descreve a guerra como uma ilusão abominável conjurada por magos ocultos de forma a degradar, destruir e finalmente escravizar a humanidade por intermédio de um governo mundial.

A afirmação de Hallett de que Hitler era um agente "britânico" é baseada no testemunho de uma rede sombria de agentes secretos já reformados. Enquanto falha em fornecer provas documentais, Hallet oferece factos circunstanciais persuasivos.

Por exemplo, Adolfo Hitler esteve em Inglaterra em 1912-1913, um facto confirmado no livro da sua cunhada: "The Memoirs of Bridget Hitler"(1979) [Autobiografia de Bridget Hitler]. Aparentemente os historiadores ignoraram esta informação impressionante. (Se Hallet estiver correcto, os historiadores "desinfectaram" Hitler e tornaram-no mais credível do que ele realmente era).

Hallett afirma que Hitler passou de Fevereiro a Novembro de 1912 a levar uma lavagem cerebral e a ser treinado pela British Military Psych-Ops War School [Escola Militar Britânica de Guerra Psicológica] em Tavistock em Devon e na Irlanda. A sua cunhada descreve-o como completamente desgastado quando Hitler veio ter com ela imediatamente a seguir.

"As máquinas de guerra precisam de guerra e [isso significa que precisam de ter] agentes duplos financiados, treinados e apoiados para servirem de bodes expiatórios, de fantoches e de fantoches do inimigo," diz Hallett.

O livro de Hallett é sobretudo útil como um paradigma alternativo. (Normalmente não conseguimos distinguir a verdade porque esta não consegue ultrapassar os nosso filtros, isto é, a nossa "educação.") Quando Hallett diz "Britânico", ele quer dizer Illuminati, o culto maçónico de banqueiros ultra-bilionários que controlam uma rede integrada de megacartéis. Este culto está baseado na City de Londres mas utiliza a Inglaterra, os Estados Unidos, Israel e outros países como fantoches.

A afirmação de Hallett clarificaria muitos acontecimentos improváveis da Segunda Guerra Mundial. Por exemplo, porque razão deixou Hitler escapar 335.000 soldados aliados em Dunquerque? Este gesto quixotesco foi explicado como um gesto de paz, mas seguramente que a Inglaterra seria mais compreensiva se o seu exército estivesse em campos de prisioneiros de guerra nazis.

O triunfo nazi em Fevereiro de 1940 foi como um golpe decisivo (knock-out) ao primeiro round. Os Illuminati não desejavam que o jogo acabasse tão cedo, nem que os nazis ganhassem.

No Verão de 1940, quando os nazis controlavam a Europa, e a Grã-Bretanha estava sem meios, o chefe dos serviços secretos militares nazis (Abwehr) o almirante Wilhelm Canaris disse ao ministro dos negócios estrangeiros romeno, Michael Sturdza, para manter a neutralidade porque a Inglaterra iria vencer a guerra. Canaris disse o mesmo ao ditador espanhol Franco.

A teoria de Hallett também explica porque é que Hitler, supostamente o principal inimigo dos banqueiros judeus, agisse como se não soubesse que os Rothschilds controlavam a Inglaterra (e a América) quando este facto era praticamente do conhecimento geral. Se Hitler fosse autêntico, não teria tentado a conciliação com estes países. A Inglaterra teria sido invadida e conquistada antes da Rússia ser atacada.


A hipótese de Hallett explica:

1) Porque é que Hitler foi capaz de se expandir para oeste ao longo do Reno, etc. sem medo de retaliação.

2) Porque é que a máquina de guerra nazi foi financiada e construída pelo Banco de Inglaterra e pelas mais conhecidas corporações anglo-americanas controladas pelos Illuminati.

3) Porque é que Hitler nunca fechou o Mediterrâneo em Gibraltar, e porque é que o ditador espanhol Franco se manteve neutral, não obstante a enorme dívida que tinha para com os nazis pela ajuda durante a guerra civil espanhola.

4) Porque é que o quartel-general da I.G. Farben em Frankfurt nunca foi bombardeado. Este tornou-se depois o quartel-general da CIA (os Illuminati gostam de poupar na renda).

A hipótese de Hallett explicaria porque é que Hitler deu prioridade às ridículas políticas raciais em vez de ganhar a guerra. Hitler podia ter alistado milhões de eslavos (e mesmo muitos judeus) ao derrubar a Rússia comunista. Em vez disso, tornou-os inimigos implacáveis desejosos de combater até à morte.

Podemo-nos perguntar porque é que os nazis nunca descobriram que o seu sistema de comunicações tinha sido desvendado pelos aliados; porque é que Hitler não conquistou os campos petrolíferos da Rússia e do Médio Oriente quando teve oportunidade para isso, etc.


Quem era Hitler?

A maior improbabilidade de todas é de como um vagabundo austríaco, homem do lixo e prostituto homossexual se pode transformar no chanceler da Alemanha. Hitler junta-se a uma longa lista de personagens obscuras, passíveis de chantagem, que foram catapultadas para o primeiro plano mundial com a ajuda de uma mão invisível.

Hallett escreve que o avô de Hitler era Nathan Meyer Rothschild. Maria Schickelgruber, a avó de Hitler, era criada na mansão de Viena dos Rothschild quando o seu pai, Alois, foi concebido "in fear" [no medo] numa violação ritual satânica. Os Rothschilds só podiam casar dentro da sua família e portanto tinham filhos ilegítimos que funcionavam como agentes.

(Aparentemente isto é um padrão dos Illuminati. Consta que Bill Clinton é um Rockefeller.)

A avó de Hitler recebeu ajuda para os seus filhos de um homem de negócios judeu que era provavelmente um intermediário.

O terceiro casamento de Alois Hitler, o filho de Rothschild, foi com a sua sobrinha, Klara, que veio a ser a mãe de Hitler. O seu pai era autoritário e a sua mãe era super-protectora. Hitler ficou pobre aos 18 anos quando a sua mãe morreu, e vivia num albergue que era um lugar de poiso para homossexuais.

Em 1912, Hitler viajou para Inglaterra para ser treinado como um agente dos Illuminati. Este "treino" ia deste absorver uma consciência do destino alemão até aprender a fascinar audiências.

Incluía também lavagem cerebral violenta. A consciência é fragmentada ao assistir a atrocidades selvagens e abusos sexuais dolorosos, sendo tudo isto filmado. Depois, os vários fragmentos da consciência são programados e podem ser acedidos com palavras especiais codificadas. (Ler Fritz Springmeier e Cisco Wheeler para uma descrição detalhada de técnicas de controle mental dos Illuminati.)

Hitler regressou à Alemanha em Maio de 1913 e alistou-se no exército alemão. Durante a Primeira Grande Guerra, serviu como correio e foi capturado duas vezes pelos ingleses. Em ambas as ocasiões, foi poupado da execução por um "anjo" dos serviços secretos ingleses.

Segundo Halett, Hitler era um bissexual que gostava que as mulheres defecassem e urinassem nele. Também possuía genitais abaixo da média e apenas um testículo. (Muitas mulheres que ele cortejou cometeram suicídio. O amor da sua vida foi a sua meia-sobrinha de 17 anos, Geli, que ele assassinou em 1931 quando ela ficou grávida do seu motorista.)


Implicações

A História vai-se revelando segundo um plano a longo prazo programado pelos Illuminati. As guerras são decididas com décadas de antecedência e orquestradas para atingir os seguintes objectivos: destruição das nações e das elites desses países, redução da população, degradação, poder e lucro. Podem apostar que a próxima Guerra Mundial seguirá este padrão.

Basicamente um pequeno culto satânico de super-ricos rapina a sociedade. As nações do mundo devem-lhes triliões de dinheiro que eles imprimiram apenas com o custo do papel e da tinta. A única forma de proteger este "investimento" é escravizar os devedores através de uma ditadura mundial camuflada, usando métodos sofisticados de controlo social e mental. É este o verdadeiro significado da Guerra ao Terrorismo. Não é dirigida a "terroristas muçulmanos". É dirigida a todos nós.

Segundo Hallett, Estaline era outro "agente de guerra" Illuminati que esteve presente na Escola Militar Britânica de Guerra Psicológica em Tavistock em 1907. Clifford Shack sugeriu que Estaline era também um filho ilegítimo de um Rothschild.

Hallett afirma que a morte de Hitler foi simulada (um duplo foi morto) e que Hitler escapou para Barcelona onde viveu até 1950, quando morreu de cancro no estômago.


Greg Hallett tem um espírito independente e o seu livro está cheio de repetições e desvios. Eu não colocaria as mãos no fogo por nenhuma das afirmações de Hallett por enquanto. Mas ele merece o nosso obrigado por nos apresentar uma visão alternativa da história que, conquanto pareça absurda, é mais plausível do que supostamente se possa pensar.

A Segunda Grande Guerra alcançou todos os objectivos dos Illuminati e particularmente a Alemanha foi destruída. O mesmo aconteceu ao Japão. Sessenta milhões de pessoas foram massacradas. O holocausto fez com que os judeus estabelecessem o quartel-general do governo mundial dos Rothschild em Israel. Idealistas e líderes nacionais de ambos os lados foram massacrados. As nações foram oneradas com dívidas e os cofres dos bancos foram cheios com ouro. As Nações Unidas nasceram como uma Fénix das cinzas. Hiroxima lançou uma mortalha de terror pelo mundo.

O palco estava montado para o próximo acto… A Guerra Fria!

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sexta-feira, abril 17, 2009

A avidez do banqueiro Ricardo Salgado pelas "grandes obras" de Sócrates


TVI - 16-04-2009

O presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES) elogiou esta quarta-feira o projecto de obras públicas que contempla o novo aeroporto ou a rede de alta velocidade.

«O nosso país tem credibilidade. Precisamos de meios de transporte que possibilitem a integração europeia. A política de grandes obras não é nada exagerada», disse Ricardo Salgado em entrevista à SIC Notícias.




É perfeitamente natural que Ricardo Salgado, o dono do BES [Banco Espírito Santo], não veja qualquer exagero nas grandes obras de Sócrates. Qualquer sanguessuga que antecipasse ir lucrar tanto com elas seria da mesmíssima opinião:

Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos da Ota e do TGV, [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»
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quarta-feira, abril 15, 2009

Ilan Pappe - o levantamento completo da futura propriedade do estado judeu


Em Maio de 2008, quando se completavam 60 anos da fundação do estado de Israel, vários historiadores judeus contestaram indignados a história oficial e «heróica» de uma «terra sem povo para um povo sem terra».

Ilan Pappe, da iniversidade de Haifa, era um dos mais importantes desses "revisionistas". Acabara de lançar o livro «A Limpeza Étnica da Palestina», que se tornaria um best-seller, e onde descreve detalhadamente uma politica sistemática de violência contra os árabes, antes mesmo do estado de Israel ser considerado oficial pelas Nações Unidas.


O repórter da Globo, Silio Boccanera, entrevistou Ilan Pappe em Londres, onde este leccionava na altura. Uma entrevista que continua actual e ajuda a compreender os acontecimentos na Faixa de Gaza neste começo sombrio de 2009.

Silio Boccanera: A sua pesquisa para o livro indicou que havia um plano evidente de retirar à palestina uma vasta área habitada para a formação de um estado judeu, antes de o mesmo ter sido criado. Há quanto tempo existia esse plano e quem o congeminou?

Ilan Pappe: A ideia de eliminar da Palestina a sua população nativa, dos árabes, surgiu como um conceito claro nos anos 1930. Foi idealizada por David Ben Gurion, que se tornou o primeiro-ministro de Israel. Na época, líder da comunidade judaica na Palestina de 1948, antes de Israel existir.

No entanto, a ideia de como traduzir esse desejo, essa estratégia, num plano só se desenvolveu depois da Segunda Guerra Mundial. Na realidade, o primeiro passo foi fazer um registo de todas as aldeias palestinianas. É um registo espantoso. Quando o vi pela primeira vez mal podia acreditar. Era tão meticuloso que mostrava em detalhe quantas árvores de fruto havia em cada aldeia e que tipos de fruto dava cada uma delas, além, é claro, dos poços que havia, e da qualidade dos solos das aldeias. Foi um levantamento completo da futura propriedade do estado judeu.


segunda-feira, abril 13, 2009

O desmascarar completo do «Salvador» Barack Obama


A Fraude Obama [The Obama Deception] é um filme poderoso que destrói completamente o mito de que Barack Obama está ao serviço do povo americano.

O fenómeno Obama é um embuste cuidadosamente produzido por Wall Street. Sendo promovido como um salvador, o filme mostra para quem trabalha Obama, as mentiras que tem dito e o seu verdadeiro objectivo como presidente da América.

O filme é de 12 de Março de 2009. Acabei de o ver há momentos. A não perder.


A Fraude Obama [The Obama Deception] - 1 hora e 53 minutos:


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quinta-feira, abril 09, 2009

Um cartoon da época da Grande Depressão em 1934, nos EUA, sob o mandato do Presidente Franklin Roosevelt – Parece familiar?


[Tirado daqui].

Em 1934:

Legenda na parte de trás da carroça:

«Destruição dos recursos do governo mais sólido do mundo»


Texto do indivíduo (Trotsky?) à beira da estrada (à esquerda):

«Plano de acção para os Estados Unidos da América

Gastar! Gastar! Gastar!

Sob a aparência da recuperação económica – estoirem com o Governo – culpem os capitalistas pelo fracasso – atirem para o lixo a Constituição e declarem uma ditadura.
»


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The Stimulus Plan: How to Spend $787 Billion

O plano de incentivo à economia: como gastar 787 mil milhões de dólares

Uma análise detalhada do pacote final aprovado pelo Congresso...
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quarta-feira, abril 08, 2009

The Beatles - A Day in the Life

Para repousar um pouco do 11 de Setembro, de Sócrates, da ladroagem da Banca, de Mário Lino, do Holocausto, de Teixeira dos Santos and all the dirt of this world:



Deixo-vos uma cantilena que me ficou no ouvido, il ya quelques années:


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segunda-feira, abril 06, 2009

A má consciência de um banqueiro

Ricardo Salgado - dono do Banco Espírito Santo [BES]



Administradores do Grupo Espírito Santo com segurança reforçada nas suas casas


Correio da Manhã - 3 Abril de 2009

Texto de António Ribeiro Ferreira:

«Os casos multiplicam-se um pouco por todo o lado. A crise económica, o desemprego e a situação de muitos bancos por esse mundo fora têm provocado actos de desespero e de alguma violência contra banqueiros e gestores.

Em França, repetem-se os sequestros de gestores sempre que as empresas fecham ou decidem despedir trabalhadores. No Reino Unido, um ex-banqueiro de uma intituição nacionalizada pelo Governo de Gordon Brown viu a sua casa ser vandalizada. E este ambiente tem sido agravado com as notícias diárias sobre os salários, prémios de gestão e indemnizações de banqueiros e gestores.

Por cá, até à data, nada disto aconteceu. Mas como o seguro morreu de velho, Ricardo Salgado, presidente do grupo Espírito Santo, decidiu prevenir qualquer situação destas e mandou colocar seguranças em todas as casas dos muitos administradores do grupo.

Sem excepção. E se nos dias de semana a segurança é simples, nos fins-de-semana as coisas são levadas mais a sério, particularmente quando os administradores e respectivas famílias não estão em casa e vão passar sábados, domingos e feriados para a Comporta, quartel-general da imensa família Espírito Santo. Sinais dos tempos em que nem o Espírito Santo nos ajuda.
»



Jornal de Notícias – 29 de Janeiro de 2009:

O Banco Espírito Santo (BES) obteve um lucro de 402,3 milhões de euros no exercício de 2008. O presidente executivo do BES, Ricardo Salgado, salientou em conferência de imprensa que "este é o terceiro resultado mais elevado da história do banco apesar da difícil situação financeira".


Jornal Público - 27 de Novembro de 2008:

O presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, afirmou hoje que a instituição vai recorrer ao aval do Estado no valor de 1,5 mil milhões de euros até ao final deste ano ou no início de 2009.


RTP - 8 de Janeiro de 2009:

O BES usou a garantia do Estado para colocar no mercado obrigações no montante de 1.500 milhões de euros. A procura superou largamente a oferta, tendo atingido 1.900 milhões de euros. O presidente do BES considera ter ficado provado que "a banca portuguesa continua a merecer a confiança dos investidores internacionais".


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Sir Josiah Stamp foi Presidente do Banco de Inglaterra e o segundo homem mais rico do país. Nos anos 20 numa palestra na Universidade do Texas, afirmou:

«O sistema bancário foi concebido em iniquidade e nasceu em pecado. Os banqueiros são donos do mundo. Tirem-lhes tudo, mas deixem-lhes o poder de criar dinheiro, e com o golpe de uma caneta eles criam depósitos suficientes para comprar tudo de novo. Contudo, tirem-lhes o poder de criar dinheiro, e todas a grandes fortunas, como a minha, desaparecerão, e este será um mundo melhor e mais feliz para viver. Se quiserem continuar a ser escravos dos banqueiros e pagar o preço da vossa escravidão, então deixem os banqueiros continuar a criar moeda e a controlar o crédito.»
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sexta-feira, abril 03, 2009

As incoerências do Grande Arquitecto do Universo (ou Deus, Ishvara, Allah ou Yahweh para os profanos)


[Tradução minha]

Se Deus existe, porque criou Ele a infelicidade? Se Deus é omnisciente [sabe tudo], a liberdade humana é impossível porque Deus conhece o futuro. De facto, uma crítica bastante mais profunda é possível: Deus é considerado uma boa explicação para o mundo, mas, se Deus existe, porque haveria Ele de ter criado o mundo? Tinha necessidade de criar este mundo? Foi simplesmente para se divertir? Por lhe apetecer de ter adoradores entre os homens?

A existência de Deus não explica a existência do mundo, e torna este ainda mais misterioso sabendo-se que Deus se basta a si mesmo. Poder-se-ia responder que Deus criou um mundo porque este era necessário como lugar para testar os homens (a sua moral, a sua fé, etc.). Esta resposta é insatisfatória por duas razões. Por um lado é incompatível com a omnisciência divina: não se testa uma coisa cujo comportamento conhecemos em absoluto; isso resumiria a existência humana a um jogo de Deus comparável a uma criança a atirar pedras ao ar sabendo perfeitamente que elas vão cair. Por outro lado, essa resposta, (a necessidade de testar os homens) só justifica a criação do mundo em função da existência do homem.

É possível concluir que a criação é independente de Deus? Poder-se-ia responder que os caminhos do Senhor são insondáveis, e que Deus está acima da lógica e portanto os motivos não existem para Ele, que é inútil procurar uma causa para a criação. Mas mesmo dentro dessa perspectiva, estamos a admitir que existe uma vontade divina (Deus não criou o mundo sem o querer: isso limitaria a sua perfeição, fosse por inépcia ou irresponsabilidade ou acaso ou extravagância…). Deus teve então realmente a vontade de criar o mundo e o homem.

A sua intenção era criar a felicidade? A felicidade, subjectiva, foi forçosamente criada pelo homem e não foi obrigada por Deus; a felicidade é uma propriedade dos homens comparável à cor ou ao tamanho, e portanto não tem para Deus outro valor que não o arbitrário; Em qualquer caso o problema da arbitrariedade volta a colocar-se: porque criou Deus um valor arbitrário num mundo, com homens submetidos a esse valor? Para mais, a experiência parece mostrar que a felicidade está longe de ter uma posição dominante na espécie humana. Deus tinha também a possibilidade de não criar o mundo (já que é omnipotente [pode tudo], e não é constrangido por nada. Ele escolheu criar o mundo. Como é que se operou essa escolha?

Se Deus tivesse um objectivo ao decidir criar o mundo, tal significaria que Deus tinha necessidade do mundo. Ora, a necessidade é incompatível com a perfeição. Se Deus não tivesse um objectivo ao criar o mundo, então essa criação resultou de um determinismo anterior a Deus (Deus não teve escolha), o que limita ainda mais a sua perfeição; mas vamos supor que a criação não resulta nem de um objectivo, nem de um determinismo, mas antes de um capricho. Neste caso, é inútil procurar um propósito no mundo para a ajuda de Deus. Ainda para mais, o conceito de capricho parece também ele contrário à ideia de perfeição, o que implica uma razão para tudo e a ausência de arbitrariedade.

Faz-se normalmente uma distinção entre livre-arbítrio e liberdade. A sabedoria de Deus limita o seu livre-arbítrio; mas restringe a sua liberdade infinita, ou seja, a sua omnipotência? Deus podia não querer qualquer coisa, e contudo ter a capacidade de a fazer. Mas no caso de Deus, a noção de liberdade confunde-se com a de livre-arbítrio. De facto, num humano, a diferença entre as duas faz-se da seguinte forma: a liberdade é a possibilidade física de fazer qualquer coisa ditada pela vontade e o livre-arbítrio é a possibilidade psicológica de decidir o que se quer fazer. Com Deus, não existe a noção de «capacidade física» distinta da de «capacidade psicológica»: se Ele não pode querer uma coisa, por exemplo porque essa coisa é «má», Ele não pode simplesmente fazê-la (porque é contraditório imaginar Deus a fazer uma coisa que Ele não quer).

Deus não tem simplesmente a capacidade de fazer uma coisa que Ele não quer. Consequentemente, a sua omnipotência é limitada: Ele quer o que fez, fez tudo o que quis, e não podia fazer senão aquilo que fez. De qualquer forma, Deus fez o mundo de acordo com a sua vontade, e colocou-se à parte do mundo (fora do tempo); a noção de que «Deus pode fazer isto ou aquilo» não faz sentido: se foi feito, e então Deus queria-o e podia-o, ou não foi feito, e Deus não o quis, não o podia querer (a vontade divina é imutável), e não o podia fazer. Se a vontade de Deus é limitada pela sua sabedoria (Deus não quer qualquer coisa, não importa o quê), a obra de Deus também é limitada, porque coincide forçosamente com a sua vontade.

Coloca-se também o problema clássico do determinismo. Se Deus conhece o futuro (sem ser necessariamente considerado intemporal), então sabe o que eu vou fazer: ou não me pode dizer, o que limita a sua omnipotência, ou pode dizer-me; então, se eu sou livre, posso fazer o contrário, o que seria uma contradição com o facto de Deus o ter previsto. Portanto, Deus não me pode avisar sobre o meu futuro sem entrar em contradição lógica, portanto não é omnipotente; ou então eu não sou livre. Isto não se reduz simplesmente ao facto de que Deus não possa fazer com que as contradições sejam verdadeiras: o facto de avisar um acontecimento a um humano não é absolutamente contraditório em si. Por outro lado, o argumento de que Deus conhece o futuro mas que deixa ao homem a liberdade de decidir por si próprio é inválido: Deus criou o mundo, criou todos os momentos do mundo e não apenas o passado, pois Ele é intemporal. Portanto, Ele criou também todas as nossas acções futuras, todo o nosso comportamento. E se os homens decidissem livremente, se fossem essas entidades independentes de Deus (!), e contudo por Ele previsíveis?

Se nos é dito que Deus não é acessível ao entendimento humano, podemos perguntar porque é que os crentes recusam uma explicação inteligível (dada pela ciência) em favor de uma solução ininteligível. O crente pode responder que prefere a fé porque a ciência não fornece uma explicação genuína e completamente inteligível porque a ciência nunca será final. Para justificar o facto de que a ciência poderá nunca explicar tudo, e temos de nos contentar com explicações parcialmente ininteligíveis, um crente poderá argumentar por exemplo que não é evidente que a inteligência humana tenha capacidade suficiente para compreender uma teoria. A isto, o não crente pode responder que ter uma explicação do mundo não significa conhecer todos os seus detalhes, o que estaria com efeito para lá das nossas capacidades.

Porque é que Deus criou o mundo? Se Deus tem um objectivo, porque não foi directamente a esse objectivo sem passar por uma infinidade de estados intermediários? Estes estados intermediários pertencem então ao objectivo em si mesmo, se houver um objectivo. Terá Deus algum interesse em criar o mundo? Dizer que Deus quer o bem equivale a raciocinar sobre Deus como se raciocina sobre o homem.

O Bem é definido por Deus, o homem também. Como o homem é uma criação de Deus, Deus conhece todo o seu comportamento, e se Deus criou um mundo para julgar o homem, Deus está de facto a julgar-se a si próprio; o resultado é conhecido à partida. Deus conhece o resultado do julgamento final (que, aliás, Ele próprio escolheu), porque será então necessário passar no exame?

Existirá uma dependência de Deus em relação ao Bem que Ele próprio criou, uma necessidade irresistível que Ele tem de satisfazer esse Bem cujo conceito criou, e não apenas a sua concretização? [pode-se procurar uma coisa cujo conceito se cria a priori e arbitrariamente, sabendo que é criada à priori?] A vontade de fazer o bem é parecida com a vontade de criar qualquer outra característica do mundo (também ela definida arbitrariamente): tamanho, cor... Se a criação do mundo responde a uma vontade de testar o que quer que seja, tal é incompatível com a omnisciência.



Get off my back, you little bastards! I'm nothing at all.


Deus, o Grande Arquitecto do Universo, o Ser supremo, o Espírito infinito e eterno, criador e preservador do Universo, o Ente tríplice e uno, infinitamente perfeito, livre e inteligente, é, afinal, um mito. Hélas!
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