terça-feira, março 31, 2009

Jon Stewart - Em vez de darem milhares de milhões aos bancos, porque não os dão aos consumidores para pagarem as suas dívidas?

Jon Stewart tem como convidado aquele que foi o director do Conselho Económico Nacional durante a administração Bush, e coloca-lhe algumas questões bastante incómodas relacionadas com a actual crise financeira e os apoios escandalosos à indústria financeira.


Jon Stewart: O meu convidado foi director do Conselho Económico Nacional durante a administração George W. Bush, e é autor do livro "What a President Should Know but most learn too late" [O que um presidente devia saber mas a maioria aprende demasiado tarde]. Palmas para Lawrence Lindsey.

...

Lindsey: Dou-lhe um exemplo. Isto aplica-se a todos os políticos. Devemos exigir mais. O que ouvimos quando se trata de apoios do estado, quais são as grandes questões? Alugar aviões para usos de empresas e os bónus salariais demasiado avultados. Ambas as coisas são verdade, mas vamos analisá-las. Está a ver os aviões em que vieram os representantes da indústria automóvel? A indústria automóvel gasta 80 milhões de dólares por dia. São três milhões de dólares por hora. 50 mil por minuto. Sabe quanto custa eles irem e virem em jactos particulares? Custa menos do que a indústria automóvel gasta num minuto. Talvez não o devessem ter feito, mas, se o que está em causa são os custos…

Jon Stewart: E os salários dos executivos?

Lindsey: Os banqueiros de Wall Street recebem 18 mil milhões de dólares. É muito dinheiro. Não o ganharam, não o deviam ter recebido. Mas o problema é de 1.800 mil milhões de dólares. Quando um político diz: "vou resolver o problema, porque vou garantir que não são pagos assim"... Eles podiam trabalhar de graça e ó se resolvia 1% do problema. Não chegava.

Jon Stewart: Mas isso não é um incentivo para enriquecer à custa de... Não aponta para um problema maior da economia? Parece que há duas economias separadas: uma economia de crescimento a longo prazo, na qual a maioria de nós se integra, em que investimos o dinheiro e dizem-nos que, daqui a 40 anos podemos reformar-nos, e uma economia a curto prazo, a de Wall Street que cria produtos financeiros que dêem lucro todos os anos, sem perceber que está a mandar tudo abaixo.

Lindsey: É verdade. A forma como são remunerados é errada. O que devem fazer, não é serem pagos pelo que fazem num ano mas pelo desempenho ao longo de três ou cinco anos. Precisamos dessa mudança, não há dúvida.

Jon Stewart: Eu tenho um programa de estímulo - Em vez de dar milhares de milhões aos bancos, ou seja, recompensar o seu mau desempenho, porque não conseguir algo de concreto com esse dinheiro, dando-o ao consumidor? Damos aos bancos, pensando que isso lhes dá dinheiro, liquidez, para começar a conceder crédito outra vez. Dêem-no aos consumidores que têm dívidas, para pagarem as dívidas. O dinheiro vai parar aos bancos na mesma. Obtêm liquidez, mas os consumidores libertam-se de muitas dívidas. Porque não podemos fazer isso? Porque é que não resulta?

Lindsey: Resulta, mas o que acho que devemos fazer é deixar as pessoas negociar as hipotecas. É aqui que está o problema. O problema são as hipotecas. Oferecemos uma taxa mais baixa, 4%. O preço de fazer isso é terem de prometer pagar. Se deixarmos a casa, vamos ter de pagar na mesma, tal como é preciso pagar os empréstimos para tirar um curso.

Jon Stewart: Mas porque é que as pessoas têm de fazer promessas que a Goldman Sachs não tem de fazer, que a AIG não tem de fazer? Os bancos recebem milhares de milhões de dólares sem ter de haver promessas, restrições, supervisão. Porque é que não podemos dar o dinheiro aos consumidores, ajudar a economia de baixo para cima, e, depois, os trabalhadores… Falam sempre do mercado livre. Os mercados não são livres. A diferença é que temos incentivado os investidores. Temos de voltar a recompensar o trabalho, não acha?

Lindsey: Acho que temos de recompensar a virtude. Isso inclui trabalhar, pagar as contas, cuidar dos filhos e ser honesto com o dinheiro dos outros. Tem de ser assim em todos os aspectos. Mas pagar as contas… Dizer a uma pessoa "pode fazer uma hipoteca, mas não tem mesmo de a pagar", não é recompensar a virtude. Oferecemos às pessoas uma taxa mais baixa, mas têm de prometer pagar. O governo não perderia dinheiro com esta ideia e seria melhor para todos. Se baixarmos a taxa de juro de uma hipoteca de 6 para 4% e a hipoteca for de 200 mil dólares, a pessoa fica com mais quatro mil dólares por ano no bolso. É muito mais do que qualquer plano de estímulo oferecerá.

Jon Stewart: Os bancos receberiam o seu dinheiro de volta e esses deixariam de ser maus empréstimos, é isso?

Lindsey: Deixariam de ser maus empréstimos. Os bancos receberiam o dinheiro. Podiam emprestá-lo novamente, para dinamizar a economia.

Jon Stewart: Estas ideias não estão a ser discutidas em praça pública. Só ouvimos falar de obras públicas ou cortes nos impostos. Nestes últimos oito anos houve inúmeros cortes nos impostos e o fosso entre os ricos… Esqueça os pobres. O fosso entre os ricos e as pessoas normais é enorme. Como podemos pensar em insistir em ganhos de capital e incentivos fiscais para os investidores, quando os trabalhadores é que precisam de ajuda?

Lindsey: Os trabalhadores precisam de ajuda e também de planos de reforma. A maior parte do capital do país está nas mãos de todos nós na forma de planos de reforma e apólices de seguro. Mas concordo consigo. Temos de cortar nos impostos pagos pelos trabalhadores, através do imposto sobre o rendimento, e temos de ajudar os proprietários de casas, oferecendo-lhes um negócio: "Prometa pagar. Damos-lhe uma taxa de juro mais baixa." Se recompensarmos as pessoas que não pagam hipotecas… O dinheiro não é de graça. Se fizer um negócio em que acho que não vou pagar a hipoteca, vão cobra-me mais pela hipoteca.

Jon Stewart: Então, porquê recompensar os bancos que concederam esses empréstimos?

Lindsey: Não devemos fazê-lo. É verdade.

Jon Stewart: O argumento da moralidade perde-se, quando dizemos: "Damos aos bancos esses milhares de milhões de dólares, mas não os podemos dar aos proprietários de casas, porque ficam com a ideia errada e não vão cumprir."

Lindsey: O que temos de fazer é punir os accionistas dos bancos.

Jon Stewart: Sabe o que eu acho que é? Digo isto a todos os apoiantes da economia da oferta, incluindo o senhor. É um seguro contra uma revolução. É o que é. Se isto continua a piorar, as pessoas vão para as ruas de forquilhas e tochas e está tudo tramado.


Vídeo legendado em português:


DS - 09 As pessoas pegam em forquilhas @ Yahoo! Video
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domingo, março 29, 2009

O filme «ZERO – Inquérito ao 11 de Setembro», do deputado europeu Giulietto Chiesa foi passado no Parlamento Europeu em Fevereiro de 2008

E estará nas salas de cinema a partir de Março de 2009.



No VoltaireNet:

A 13 de Março de 2009, no cinema Le Prado em Marselha, a associação ReOpen911 [Reabrir o inquérito ao 11 de Setembro] organiza a projecção do filme "ZERO – Inquérito ao 11 de Setembro". Esta primeira sessão extraordinária, e a presença do realizador, o jornalista Franco Fracassi, determinará o princípio de uma série de exibições do filme através da França, e também da Suíça e da Bélgica. Estas exibições far-se-ão acompanhar pelo lançamento do DVD do filme em versão original, legendado em francês.

Este filme-inquérito, que reagrupa um painel inédito de especialistas, beneficia, entre outros, da participação excepcional de Dário Fo, Prémio Nobel da literatura em 1997, e de Gore Vidal, escritor e argumentista norte-americano.

Produzido graças ao apoio de centenas de cidadãos italianos, "ZERO – Inquérito ao 11 de Setembro" foi adaptado para França e é distribuído pela associação ReOpen911. O filme, já projectado em dezenas de salas de cinema e Itália, foi difundido, extra-competição, no Festival do Cinema de Roma (em 2007) onde recebeu criticas unanimemente positivas, retomadas pelo conjunto da imprensa italiana:


Il Messaggero (O quarto maior diário italiano em termos de difusão) - «A bomba, do festival de Cinema de Roma… Um documentário incendiário. Um ritmo de cortar a respiração… As personagens entrevistadas são engenheiros, pilotos, políticos e ex-agentes americanos sinceramente patriotas...»


La Stampa - «Nos dias seguintes ao 11 de Setembro, as famílias das vítimas, assim como todos os Estados Unidos, procuraram compreender o que é que se passou, não obstante uma administração mais inclinada à vingança e ao segredo. Pela sua perseverança, obtiveram finalmente, 441 dias após a tragédia, a constituição de uma comissão de inquérito presidencial que publicou um relatório em Julho de 2004. Este relatório, não obstante um acolhimento positivo por parte dos meios de comunicação, não respondia à maior parte das suas interrogações.

O filme ZERO afasta-se do vazio que constituiu a explicação oficial proposta pelo governo americano sobre a tragédia do 11 de Setembro…
»


Il Corriere della Sera - «Organizado principalmente via Internet, o movimento pela verdade sobre o 11 de Setembro reúne cada vez mais personalidades, políticos e cientistas através do mundo. Apoiando-se tanto num trabalho de recolha de informação por um lado e de crítica racional por outro, as incoerências, as omissões e as manipulações da versão oficial [do 11 de Setembro] foram amplamente postas em evidência.

Um conjunto de contradições, de lacunas e de omissões duma gravidade impressionante. Confirmando que a versão oficial mete água por todos os lados.
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Il Quotidiano della Sera - «A Associação ReOpen911 [Reabrir o inquérito ao 11 de Setembro insere-se num movimento de cidadãos que tem por finalidade dar a conhecer informações já disponíveis e documentadas. O filme “ZERO – Inquérito ao 11 de Setembro” insere-se numa nova linha de acção de pesquisa e de inquérito jornalístico de fundo. Um inquérito jornalístico conduzido rigorosamente.»


Mário Sesto, director da parte extra-competição do Festival Internacional do Cinema de Roma de 2007 - «Na origem deste filme, o eurodeputado italiano Giulieto Chiesa que foi jornalista em dois grandes jornais de Itália durante 30 anos, rodeou-se de outros jornalistas que pesquisaram durante um ano nos Estados Unidos e a Europa. Este filme retorna às principais zonas de sombra da versão oficial; as entrevistas inéditas a numerosos especialistas trazem o esclarecimento necessário a uma melhor compreensão dos acontecimentos e permitem esclarecer em que ponto estão os conhecimentos sobre esses atentados. E, assim o esperamos, abrir finalmente o debate, como aconteceu na Rússia, onde 32 milhões de telespectadores viram este filme, difundido a 12 de Setembro de 2008, no primeiro canal de televisão do país: um registo histórico.

O método de argumentação é terrivelmente bem pensado. De uma grande lucidez e determinação, as ideias são desenvolvidas de uma maneira de maneira muito clara.

A tragédia do 11 de Setembro de 2001 permitiu a justificação de duas guerras ilegais, o aumento drástico dos orçamentos militares, mas também colocar em causa a questão das liberdades individuais. Este acontecimento moldou a geopolítica deste princípio de século. Portanto, a colocação em causa da teoria do complot islamita é cada vez mais aceite no mundo, convidamo-vos a vir em grande número informarem-se sobre os factos e debater o filme.
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La Repubblica - «Um filme a ver! Durante duas horas, as vozes do prémio Nobel Dário Fo, e as de Lella Costa, Moni Ovadia e Gore Vidal relacionam imagens e testemunhos, atacando a versão oficial e reduzindo-a a uma piada de mau gosto»


Tg1 (o telejornal mais visto em Itália) - «Como o resume com pertinência e um pouco de provocação, Giulietto Chiesa: «A única coisa de que podemos ter a certeza, é que não sabemos nada do que realmente se passou a 11 de Setembro de 2001». Outra coisa é certa: depois de se ter visto este filme e se ser confrontado com os factos que ele apresenta, a necessidade de um debate contraditório e racional já não pode ser refutado de maneira objectiva.

A tragédia do 11 de Setembro é um assunto sempre escaldante. O filme "ZERO – Inquérito ao 11 de Setembro" ajuda e evidenciar o bom senso face a face com o tema.
»


Excerto de uma entrevista de Giulietto Chiesa ao canal televisivo italiano La7:

O euro-parlamentar socialista Giulietto Chiesa mostrou, em Fevereiro de 2008, no Parlamento Europeu, o filme "ZERO – Inquérito ao 11 de Setembro".

Não obstante terem sido enviados convites a todos os 785 parlamentares europeus, e a cerca de um milhar de jornalistas, só seis parlamentares, e nenhum jornalista italiano, vieram ver o filme.

O eurodeputado do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu, Miguel Portas, foi um dos 779 eurodeputados que não estiveram presentes.

Chiesa atribuiu a falta de interesse dos parlamentares e dos meios de comunicação europeus à influência e ao controlo da informação por parte dos Estados Unidos:






Nos sites seguintes é possível ver os dez vídeos no Youtube que contêm todo o filme "ZERO – Inquérito ao 11 de Setembro":

sexta-feira, março 27, 2009

Ron Paul, um dos candidatos às últimas presidenciais (2008) dos EUA - E se o povo americano vier a saber a verdade?

Wikipedia: Ronald Ernest Paul - Ron Paul (20 de Agosto de 1935) é médico e político americano, e membro da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos da América. Ron Paul foi candidato à presidência dos Estados Unidos em 2008.

A sua campanha à presidência dos Estados Unidos começou a 12 de Março de 2007, quando se candidatou à nomeação pelo Partido Republicano. A partir de 6 de Julho, Ron Paul arrecadou 2,4 milhões de dólares em dinheiro em contribuições, ultrapassando o candidato John McCain. Todas as contribuições de campanha de Ron Paul vieram de pessoas simples e não de empresas, sendo quase metade (47%) das contribuições abaixo de 200 dólares.

Ron Paul participou em todos os três debates dos candidatos republicanos transmitidos na rede nacional de televisão dos EUA. O seu momento mais proeminente ocorreu no debate do dia 15 de Maio na seguinte discussão com o candidato Rudy Giuliani:

Ron Paul: O Sr. já leu sobre os motivos pelos quais fomos atacados? Atacaram-nos porque estivemos lá. Estivemos lá a bombardear o Iraque durante 10 anos. Estivemos no Oriente Médio [durante anos]. Eu acho que [Ronald] Reagan estava certo. Nós não entendemos a irracionalidade da política do Oriente Médio. Neste preciso momento, estamos a construir uma embaixada no Iraque que é maior que o Vaticano. Estamos lá a construir 14 bases militares permanentes. O que diríamos se a China estivesse a fazer o mesmo no nosso país ou no Golfo do México? Estaríamos protestando. Devemos olhar para o que fazemos sob a perspectiva do que aconteceria se alguém fizesse o mesmo connosco.

Moderador: O Sr. está a sugerir que instigámos os ataques de 11 de Setembro?

Ron Paul: Estou a sugerir que devemos ouvir as pessoas que nos atacaram e as razões que as motivaram, e eles agora estão felizes por lá estarmos, pois Osama bin Laden disse, "Estou contente por vocês estarem nas nossas areias porque podemos atingi-los muito mais facilmente." Eles, desde então, já mataram 3.400 de nossos homens, e eu acho que isso foi desnecessário.

Rudy Giuliani: Essa é uma afirmação extraordinária. Essa é uma afirmação extraordinária para alguém que sobreviveu ao ataque de 11 de Setembro, que nós instigámos o ataque porque atacámos o Iraque. Eu acho que nunca ouvi essa explicação e já ouvi explicações bem absurdas para o 11 de Setembro. E eu pediria ao congressista que retirasse o seu comentário e se retratasse.

Ron Paul: Acredito muito sinceramente que a CIA está certa quando ensinam e falam sobre blowback. Quando fomos ao Irão em 1953 e instaurámos o regime do Xá, nessa altura, houve blowback. A reacção foi a tomada de reféns, e isso persiste. E se nós ignorarmos isso, fazemo-lo sob nosso próprio risco. Se acharmos que podemos fazer o que quisermos pelo mundo sem incitar o ódio, então temos um problema. Eles não vêm atacar-nos aqui só porque somos ricos e livres, eles vêm-nos atacar porque estivemos lá.


Ron apoia uma política externa não-intervencionista para os EUA e defende o retorno imediato das tropas americanas que se encontram no Iraque. Em julho de 2007, a sua campanha recebeu mais doações do pessoal das forças armadas do que as de todos os outros candidatos.

A campanha de Ron Paul recebeu grande parte de seu apoio pela Internet. Ron continua com altos índices de tráfego e buscas em sites como Technorati, Youtube, Facebook, MySpace, Eventful, de visitas ao site oficial de sua campanha e em pesquisas de opinião realizadas por redes de notícias.


No dia 12 de Fevereiro de 2009, Ron Paul fez um discurso na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, ao qual quase nenhum jornal ou televisão deu qualquer relevo.

Algumas das frases mais relevantes do discurso de Ron Paul:

«E se a nossa política externa dos últimos séculos foi profundamente viciada e não serviu a nossa segurança nacional

«E se o povo americano acordasse e compreendesse que as razões oficiais para ir para a guerra são quase sempre baseadas em mentiras e promovidas pela propaganda de guerra de forma a servir interesses obscuros

«E se o povo americano vier a saber a verdade: que a nossa política externa não tem nada a ver com a segurança nacional e que nunca muda de uma administração para outra


Vídeo traduzido e legendado por mim em português (3:29m):



Ron Paulo - What if the people @ Yahoo! Video

terça-feira, março 24, 2009

Um imbecil de nome Nicolau

Presidente Thomas Jefferson:
"Se o povo Americano alguma vez permitir que os bancos controlem a emissão do seu dinheiro, primeiro por inflação e depois por deflação, os bancos e as corporações que nascerem à sua volta, privarão o povo da sua propriedade até que os seus filhos acordem sem tecto no continente que os seus pais conquistaram."


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O novo mundo que aí vem

Segue-se um diálogo imaginário entre mim e um excerto de um artigo de Nicolau Santos no Expresso de 21/03/2009:


Nicolau: «O mundo de abundância e prosperidade em que vivemos desde a II Guerra Mundial está a ruir fragorosamente. Há, contudo, quem pense que, passada a tempestade, tudo voltará ao mesmo. Pois a má notícia é que não voltará. A boa é que, mesmo sendo um mundo mais pobre, aquele que aí vem, pode ser um mundo melhor. Explico-me

Diogo: Vamos, portanto e doravante, segundo o jornalista Nicolau Santos, começar a viver pior que no passado. Nunca na história tal aconteceu. Mas atentemos nos seus argumentos:


Nicolau: «O que se está a passar é o empobrecimento das sociedades ocidentais. Os nossos padrões de consumo serão inferiores àqueles que temos praticado até agora. Haverá menos emprego nos sectores da agricultura, indústria e serviços. E será insustentável que se mantenham e agravem as fortíssimas desigualdades sociais que se criaram desde os anos 80.»

Diogo: Porquê o empobrecimento anunciado? Que calamidade terá sobrevindo? O emprego vai diminuir e eventualmente acabar? E isso é mau?

Nunca, como hoje, a tecnologia esteve tão desenvolvida, e nunca, como hoje, a evolução da tecnologia foi tão rápida. A evolução tecnológica é exponencial. Não sei em que ponto nos encontramos, hoje, de uma curva que tende para mais infinito, mas é sabido que houve mais evolução tecnológica nos últimos 100 anos dos que nos mil anos anteriores. E haverá, seguramente, mais evolução tecnológica nos próximos vinte anos do que nos últimos 100.

A tecnologia é o conjunto de máquinas, ferramentas, técnicas, conhecimentos, métodos e processos utilizados na resolução de um trabalho. A evolução deste conjunto permite-nos produzir cada vez mais bens e serviços com cada vez menos esforço humano directo.

De forma simplista, na agricultura - cem homens munidos de uma enxada substituíram mil homens que plantavam sementes à mão. Dez homens com arados de tracção animal substituíram cem cavadores de enxada. Um homem com um tractor agrícola substituiu dez homens com arados. A diminuição do trabalho humano na agricultura, aconteceu, e será cada vez mais visível em todos os campos da economia, desde produção industrial aos serviços. Não será isto uma excelente notícia?


O problema é que o Nicolau continua a raciocinar tal como lhe ensinaram na escola: a economia implica forçosamente «Emprego». Não lhe passa pelo córtex cerebral que o emprego esteja em vias de desaparecimento, substituído progressivamente pela tecnologia. Não percebe que a evolução tecnológica está a substituir o homem na produção. É incapaz de imaginar uma economia sem emprego e parece desconhecer que o emprego surgiu paulatinamente apenas nos últimos 250 anos. Não concebe um mundo onde o homem possa trabalhar cada vez menos e usufruir cada vez mais. Nicolau assemelha-se a um míope, para quem, tudo o que esteja para lá dos apontamentos de economia que fotocopiou na faculdade, se mostra nebuloso e confuso.


Nicolau: «É bom que ninguém se esqueça que o que começou por ser uma crise imobiliária, passou para uma crise financeira, tornou-se uma crise da economia real, está já a transformar-se numa enorme crise social e vai descambar inevitavelmente em crises políticas, cujos desfechos são completas incógnitas.»

Diogo: O cândido Nicolau não entende que toda esta «crise» é deliberada e planeada com antecedência. O chamado «lixo tóxico», resultado da venda de imóveis sem qualquer garantia (só possível numa banca a funcionar em cartel), serviu para justificar o suposto «crash» de alguns bancos (que mais não são que balcões desse cartel a transferir activos de uns para outros), o que, por sua vez, serviu para desencadear a badalada «crise financeira» global.


Nicolau: «Por isso, não podemos cair nos vários erros que nos conduziram até aqui. Não podemos pedir às pessoas que se endividem para aumentar o consumo - foi precisamente o excesso de endividamento das pessoas, das famílias, das empresas, dos bancos, dos Estados que nos conduziu ao beco em que nos encontramos. Não podemos pedir aos bancos que emprestem dinheiro a tudo e a todos para manter as economias a funcionar - porque a probabilidade de grande parte desse dinheiro não ser recuperado é agora muito maior. Não podemos pedir às empresas que invistam para aumentar a produção - quando os mercados não conseguem absorver a produção existente. Não podemos pedir às autarquias que façam obras desnecessárias porque é preciso que o dinheiro chegue à economia - sob pena de agravarmos o seu desequilíbrio financeiro. Não podemos pedir aos Governos que deitem dinheiro para cima de todos os problemas - porque estamos a agravar os défices excessivos e os desequilíbrios comerciais fortíssimos e a passar uma factura pesadíssima para os nossos filhos.»

Diogo: Não há dinheiro para emprestar? O escriba do Expresso parece não saber que o sistema de reservas fraccionárias possibilita que mais de 90% do dinheiro que os bancos emprestam com juros é criado a partir do nada. Nicolau não compreende que os bancos criam o dinheiro que emprestam, não dos ganhos do próprio banco, não do dinheiro depositado, mas directamente das promessas de pagamento das pessoas que pedem emprestado. Nicolau, embora tendo conhecimento dos actuais lucros da banca (conseguidos em plena «crise»), mostra-se incapaz de os interpretar.

Por outro lado, Nicolau desconhece o mecanismo que leva os bancos a criarem deliberadamente depressões económicas, restringindo o crédito e portanto o dinheiro em circulação e, no processo, auferirem lucros fabulosos.

[Excerto de Sheldon Emry] - Numa economia é necessária uma adequada disponibilidade de moeda (moeda em poder do público mais depósitos à ordem no sistema bancário). O dinheiro é o sangue da economia, o meio pelo qual são feitas todas as transacções comerciais excepto a simples troca directa. Remova-se o dinheiro ou reduza-se a disponibilidade de moeda abaixo do que é necessário para levar a cabo os níveis correntes de comércio, e os resultados são catastróficos.

No princípio dos anos 30 do século passado, os banqueiros, a única fonte de dinheiro novo e crédito, recusaram deliberadamente empréstimos às indústrias, às lojas e às propriedades rurais dos EUA. Contudo, foram exigidos os pagamentos dos empréstimos existentes, e o dinheiro desapareceu rapidamente de circulação. As mercadorias estavam disponíveis para serem transaccionadas, os empregos à espera para serem criados, mas a falta de dinheiro paralisou a nação.

Com este simples estratagema a América foi colocada em "depressão" e os banqueiros apropriaram-se de centenas e centenas de propriedades rurais, casas e propriedades comerciais. Foi dito às pessoas, "os tempos estão difíceis" e "o dinheiro é pouco". Não compreendendo o sistema, as pessoas foram cruelmente roubadas dos seus ganhos, das suas poupanças e das suas propriedades.

Bancos agravam restrições ao crédito à chegada da crise

RTP - 6 de Fevereiro de 2009

[...] O sector da banca voltou a acentuar, no último trimestre do ano passado, as restrições para a concessão de empréstimos. [...] O aperto das restrições à concessão de empréstimos é explicado com o argumento de que a crise financeira agravou os custos de financiamento dos próprios bancos, a somar ao aumento da percepção de risco e à consequente degradação dos balanços.

O primeiro reflexo prático da estratégia das instituições bancárias é a subida do ónus dos empréstimos para famílias e entidades empresariais, em resultado do aumento dos spreads (margens de lucro dos bancos). Ao mesmo tempo, as verbas a emprestar encolhem, assim como os prazos dos créditos.


Nicolau: «O que precisamos é de algo que não se compra mas que tem um valor incalculável: bom senso. O bom senso que se espera dos que ganham mais é que reduzam os seus salários para evitar despedimentos. O bom senso que se espera dos gestores é que abdiquem de bónus que, na fase que atravessamos, são ofensivos. O bom senso que se espera dos banqueiros é que não apresentem lucros pornográficos nem tenham remunerações indecorosas. O bom senso que se espera dos trabalhadores é que não agravem o problema das empresas com reivindicações irrealistas.»

Excerto de Viviane Forrester: Dizem sempre que temos de nos adaptar. Digo que não há razão para se adaptar ao insuportável. Falam do desemprego como se fosse algo natural e inevitável. Na verdade, se se escutar boa parte dos discursos sobre a situação mundial tem-se a impressão de que estamos a sair de uma catástrofe mundial, de que estamos numa situação trágica à qual temos de nos adaptar. Mas onde está a catástrofe?

Reivindicações irrealistas? O que é a economia? A organização, a distribuição da produção em função das populações, do seu bem-estar? Ou a utilização ou a marginalização das populações em função de flutuações financeiras anárquicas, sem ligação com as pessoas, mas exclusivamente ligadas ao lucro, e em detrimento delas? Estaremos numa verdadeira economia ou, pelo contrário, na sua negação?

Não faz sentido mandar desempregados procurar emprego num mundo onde o trabalho já não existe e, mais do que isso, já não interessa.

Está na hora de a sociedade pensar noutra forma de viver, uma forma que não dependa de emprego. Os homens e o seu trabalho são hoje absolutamente desnecessários à economia. Não é mais o trabalho que gera o lucro, é a economia virtual (as aplicações, os papéis, um mundo globalizado que ignora o trabalhador). Os empregos não existem, tampouco passarão a existir no futuro.



Nicolau: «É por tudo isto que é um bálsamo para a alma a decisão do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de taxar a 90% os bónus dos administradores de empresas que recorreram a empréstimos do Estado. Se os próprios administradores não tiveram o bom senso de recusar esses bónus (o que diz muito da estupidez da natureza humana), que haja, da parte do poder político, decisões que moralizem a sociedade. Esperemos que o exemplo se espalhe e frutifique. Porque a alternativa é um mundo a caminho de convulsões sociais cada vez mais violentas.»


Obama aceitou dinheiro da AIG para a campanha eleitoral


AOL News - 19 de Março de 2009

No seguimento de toda a indignação vinda da Casa Branca sobre os bónus pagos aos executivos do grupo de Seguros AIG, a Casa Branca poder-se-á sentir algo embaraçada em admitir que como senador, o presidente Obama recebeu muito dinheiro da AIG sob a forma de contribuições para a campanha eleitoral. Segundo o OpenSecrets.org [uma organização que monitoriza os dinheiros recebidos pelos candidatos nas campanhas eleitorais], o senador Obama foi o segundo maior receptor de dinheiro da AIG, no valor de 101,332 dólares. Obama só foi ultrapassado pelo senador democrata pelo Connecticut, Chris Dodd, que, soube-se, é responsável pelo expediente que permitiu que os bónus fossem pagos aos executivos da AIG.
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sexta-feira, março 20, 2009

Jon Stewart - a guerra do Iraque vai acabar. A afirmação é de Obama, que emprega textualmente as mesmas palavras que Bush utilizou uns anos antes

Jon Stewart, do Daily Show, fala-nos, com humor cáustico, do plano de retirada de Barack Obama do Iraque, plano curiosamente retirado a papel químico do plano de retirada de George Bush:


Jon Stewart: Já não falamos do Iraque há algum tempo. Todavia, isso mudou a semana passada quando o presidente Obama falou aos Marines.

Barack Obama: Vou ser tão directo quanto possível. Dia 31 de Agosto de 2010, a nossa missão de combate no Iraque terminará.

Jon Stewart (exultante): A guerra acabou… Acabou… A guerra acabou!

Barack Obama: Vamos manter uma força de transição com três funções. Esta força terá de 35 a 50 mil tropas americanas.

Jon Stewart: F***-se! É isso mesmo. Ao que parece, toda a gente vem para casa, excepto várias dezenas de milhares de soldados. Mas o combate vai acabar, não é?

Barack Obama: A nossa missão vai mudar de combate para apoio ao governo do Iraque e às suas forças de segurança. Treinar, equipar e aconselhar as forças de segurança do Iraque. Levar a cabo missões de contra-terrorismo.

Jon Stewart: Isso é incrível. É bem diferente da missão antiga.

George Bush (alguns anos antes): À medida que tem lugar esta transição na nossa missão, as nossas tropas terão tarefas mais limitadas, incluindo operações de contra-terrorismo e treinar, equipar e apoiar as forças iraquianas.

Jon Stewart: É tão parecido! Tem de haver uma diferença entre estes dois homens. Parece que a única diferença entre as tropas de combate que estão lá agora e as tropas de combate que lá estarão daqui a um ano é estarmos a chamar-lhes outra coisa, mas não pode ser verdade.

Robert Gates (ministro da defesa): As unidades que lá ficarão serão caracterizadas de forma diferente. Não serão chamadas brigadas de combate. Serão chamadas "brigadas de aconselhamento e apoio."

Jon Stewart: Não é para nos dizerem isso! “Brigadas de aconselhamento e apoio.” Por momentos, achei que ainda iam correr perigo. Vão só ser um pelotão de cromos no Iraque. Digam-me objectivamente, sem rodeios, quando vamos sair do Iraque?

Barack Obama: Pretendo retirar todas as tropas americanas do Iraque até ao fim de 2011.

Jon Stewart: Tem a certeza disso? Não vai lá deixar a brigada de limpeza e desinfecção? 30 mil soldados do pelotão de instalação da televisão por cabo? Talvez vá reclassificar as tropas como árvores para nunca terem de sair?


Vídeo legendado em português:


@ Yahoo! Video

quarta-feira, março 18, 2009

A fraternidade maçónica é useira em beneficiar apenas os próprios 'irmãos'


A maçonaria tem por regra recrutar para membros das suas 'lojas' apenas os mais bem sucedidos socialmente, especialmente entre as classes profissionais mais ricas - financeiros, médicos, advogados, jornalistas, empresários, oficiais militares, magistrados e políticos nacionais e locais - que a financiam generosamente.

Os maçons angariam para as suas hostes as pessoas influentes e em postos chave, e persuadem-nos com promessas de prestígio social. Em contrapartida, os recrutados podem contar com o apoio da poderosa 'fraternidade' sempre que dela necessitarem, seja por motivos profissionais, económicos, políticos, judiciais, etc. Desta forma, toda a 'fraternidade' beneficia.


A TVI fez uma grande reportagem sobre a maçonaria. Seguem-se alguns excertos do 2º vídeo:

António Reis, grão mestre do Grande Oriente Lusitano: "Diz-se que a maçonaria é uma forma de se conseguir contactos com vista a encontrar melhores empregos, ou para progredir melhor numa carreira profissional e política. A minha experiência aqui dentro [da maçonaria] diz-me que sucede muito mais vezes o contrário".

O mesmo António Reis: "A maçonaria pretende reunir uma elite. Haverá necessariamente uma zona de coincidência entre quem está no poder económico, empresarial, político, cultural, cívico e quem está numa obediência maçónica. Mas é apenas uma coincidência parcelar. Não há, como é óbvio, nem todo o poder está na maçonaria, nem todos os maçons estão no poder".

Nandim de Carvalho, ex-grão mestre da Grande Loja Regular de Portugal, ex-governante do executivo do PSD, tem uma opinião diferente. Ele vê uma linha de separação entre as maçonarias Regular e Liberal: "É uma visão de ultra-maçonaria, considerada como liberal ou como irregular. É o contrário, essa maçonaria, reivindica mesmo postos na política. Estou recordado de um antigo grão-mestre do Grande Oriente, o arquitecto Rosado Correia, que interpelou na altura o primeiro-ministro, António Guterres, no sentido de ter mais ministros maçons. E de o criticar porque tinha muitos ministros católicos".

O maçon João Soares, o rechonchudo rebento do ex-presidente e também maçon, Mário soares, afirma: "Eu acho que há sobre isso [a maçonaria] um mito que não corresponde à realidade de facto. E a minha esperança é que, a mesma imagem que também existe sobre uma organização com outras conotações e com outros valores como é a Opus Dei, também corresponda, também aconteça exactamente aquilo que acontece com a maçonaria, que é, a fama seja muitíssimo maior que o proveito".


Maçonaria - Grande Reportagem TVI - Parte 1 de 3:




Maçonaria - Grande Reportagem TVI - Parte 2 de 3:




Maçonaria - Grande Reportagem TVI - Parte 3 de 3:

segunda-feira, março 16, 2009

A alucinante trajectória profissional de Armando Vara, um amigo do peito de José Sócrates

O factor Vara

[...] Por exemplo: a história de Armando Vara, promovido ao nível máximo de vencimento na Caixa Geral de Depósitos e para efeitos de reforma futura, depois de já estar há dois meses a trabalhar na concorrência do BCP, é uma história que me deprime. Não, não, acreditem que, apesar de isto envolver o dinheiro que pago em impostos, esta história não me revolta nem me indigna, apenas me deprime. E de forma leve. Eu explico.

Toda a 'carreira', se assim lhe podemos chamar, de Armando Vara, é uma história que, quando não possa ser explicada pelo mérito (o que, aparentemente, é regra), tem de ser levada à conta da sorte. Uma sorte extraordinária. Teve a sorte de, ainda bem novo, ter sentido uma irresistível vocação de militante socialista, que para sempre lhe mudaria o destino traçado de humilde empregado bancário da CGD lá na terra. Teve o mérito de ter dedicado vinte anos da sua vida ao exaltante trabalho político no PS, cimentando um currículo de que, todavia, a nação não conhece, em tantos anos de deputado ou dirigente político, acto, ideia ou obra que fique na memória. Culminou tão profícua carreira com o prestigiado cargo de ministro da Administração Interna - em cuja pasta congeminou a genial ideia de transformar as directorias e as próprias funções do Ministério em Fundações, de direito privado e dinheiros públicos. Um ovo de Colombo que, como seria fácil de prever, conduziria à multiplicação de despesa e de "tachos" a distribuir pela "gente de bem" do costume. Injustamente, a ideia causou escândalo público, motivou a irritação de Jorge Sampaio e forçou Guterres a dispensar os seus dedicados serviços. E assim acabou - "voluntariamente", como diz o próprio - a sua fase de dedicação à causa pública. Emergiu, vinte anos depois, no seu guardado lugar de funcionário da CGD, mas agora promovido por antiguidade ao lugar de director, com a misteriosa pasta da "segurança". E assim se manteve um par de anos, até aparecer também subitamente licenciado em Relações Qualquer Coisa por uma também súbita Universidade, entretanto fechada por ostensiva fraude académica. Poucos dias após a obtenção do "canudo", o agora dr. Armado Vara viu-se promovido - por mérito, certamente, e por nomeação política, inevitavelmente - ao lugar de administrador da CGD: assim nasceu um banqueiro. Mas a sua sorte não acabou aí: ainda não tinha aquecido o lugar no banco público, e rebentava a barraca do BCP, proporcionando ao Governo socialista a extraordinária oportunidade de domesticar o maior banco privado do país, sem sequer ter de o nacionalizar, limitando-se a nomear os seus escolhidos para a administração, em lugar dos desacreditados administradores de "sucesso". A escolha caiu em Santos Ferreira, presidente da CGD, que para lá levou dois homens de confiança sua, entre os quais o sortudo dr. Vara. E, para que o PSD acalmasse a sua fúria, Sócrates deu-lhes a presidência da CGD e assim a meteórica ascensão do dr. Vara na banca nacional acabou por ser assumida com um sorriso e um tom "leve".

Podia ter acabado aí a sorte do homem, mas não. E, desta vez, sem que ele tenha sido tido ou achado, por pura sorte, descobriu-se que, mesmo depois de ter saído da CGD, conseguiu ser promovido ao escalão máximo de vencimento, no qual vencerá a sua tão merecida reforma, a seu tempo. Porque, como explicou fonte da "instituição" ao jornal "Público", é prática comum do "grupo" promover todos os seus administradores-quadros ao escalão máximo quando deixam de lá trabalhar. Fico feliz por saber que o banco público, onde os contribuintes injectaram nos últimos seis meses mil milhões de euros para, entre outros coisas, cobrir os riscos do dinheiro emprestado ao sr. comendador Berardo para ele lançar um raide sobre o BCP, onde se pratica actualmente o maior spread no crédito à habitação, tem uma política tão generosa de recompensa aos seus administradores - mesmo que por lá não tenham passado mais do que um par de anos. Ah, se todas as empresas, públicas e privadas, fossem assim, isto seria verdadeiramente o paraíso dos trabalhadores!



Eu bem tento sorrir apenas e encarar estas coisas de forma leve. Mas o 'factor Vara' deixa-me vagamente deprimido. Penso em tantos e tantos jovens com carreiras académicas de mérito e esforço, cujos pais se mataram a trabalhar para lhes pagar estudos e que hoje concorrem a lugares de carteiros nos CTT ou de vendedores porta a porta e, não sei porquê, sinto-me deprimido. Este país não é para todos.

P.S. - Para que as coisas fiquem claras, informo que o sr. (ou dr.) Armando Vara tem a correr contra mim uma acção cível em que me pede 250.000 euros de indemnização por "ofensas ao seu bom nome". Porque, algures, eu disse o seguinte: "Quando entra em cena Armando Vara, fico logo desconfiado por princípio, porque há muitas coisas no passado político dele de que sou altamente crítico". Aparentemente, o queixoso pensa que por "passado político" eu quis insinuar outras coisas, que a sua consciência ou o seu invocado "bom nome" lhe sugerem. Eu sei que o Código Civil diz que todos têm direito ao bom nome e que o bom nome se presume. Mas eu cá continuo a acreditar noutros valores: o bom nome, para mim, não se presume, não se apregoa, não se compra, nem se fabrica em série - ou se tem ou não se tem. O tribunal dirá, mas, até lá e mesmo depois disso, não estou cativo do "bom nome" do sr. Armando Vara. Era o que faltava!


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Outras apostas de sucesso do (Dr.) Armando Vara

(Dr.) Vara duplicou salário no BCP


Correio da Manhã - 18 de Março de 2009

Armando Vara duplicou o rendimento ao passar de vogal do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para vice-presidente do Millennium/BCP.

De acordo com o Relatório do Bom Governo da CGD referente a 2007, Armando Vara recebeu uma remuneração-base de 244 441 euros/ano. Um montante que fica muito aquém daquele que foi pago pelo BCP em 2008: mais de 480 mil euros. Trata-se, no entanto, de um valor que é mais de cinco vezes inferior àquele que ganhava a administração liderada por Paulo Teixeira Pinto.



(Dr.) Vara deposita confiança total em [Fátima] Felgueiras


Correio da Manhã - 9 de Abril de 2008

'Por norma, o cabeça de lista não é ocupado com funções de recolha ou gestão directa de fundos para a campanha, para se poder dedicar mais a assuntos de natureza política e também para se resguardar de eventuais conflitos de interesses pós-eleitorais', defendeu o ex-coordenador nacional do PS e actual administrador do BCP, Armando Vara, numa sessão em que as virtudes da autarca Fátima Felgueiras foram efusivamente realçadas.

Em causa está a gestão de dinheiros de uma conta do PS de Felgueiras supostamente financiada por verbas resultantes de negócios lucrativos de empresas com o município.

[...] Apesar disso, Vara garantiu não ter 'quaisquer dúvidas sobre o carácter e a honestidade' de Felgueiras, que 'tinha um grande capital de confiança do partido que não era passível de ser posto em causa'. Por isso, o então coordenador nacional do PS para as autárquicas entende que tomou a decisão correcta ao recandidatar Fátima Felgueiras.

José Sócrates foi também arrolado como testemunha de Fátima Felgueiras. O primeiro-ministro deverá utilizar a prerrogativa de responder por escrito às perguntas feitas pelo colectivo.

A presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, Fátima Felgueiras, vai responder, neste processo, pela alegada prática de 23 crimes e por ter lesado o município em cerca de 785 349 euros.
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quarta-feira, março 11, 2009

Monty Python – Um ataque devastador à postura da Igreja Católica sobre o uso do preservativo

Os criadores e intérpretes britânicos da série cómica Monty Python's Flying Circus brindam-nos, neste sketch do filme "The Meaning of Life" [O Sentido da Vida], com os pontos de vista antagónicos de Católicos e Protestantes em relação à procriação:


O pai, católico, após mais um dia de extenuante trabalho, chega a casa, cheia de filhos, e onde acaba de nascer mais uma criança.

O Pai: Tenho algo a dizer a toda família. A fábrica fechou. Não há mais trabalho. Estamos paupérrimos. Não tenho outra opção, senão vender-vos a todos para experiências científicas. É assim que tem que ser. Culpem a Igreja Católica por não me deixar usar uma coisinha de borracha. A Igreja fez coisas maravilhosas, mas se me tivesse deixado usar uma coisinha de borracha na ponta da pila, não estaríamos nesta situação.

Um dos filhos: A mãe não podia ter usado uma espécie de diafragma?

O Pai: Não, se continuarmos a ser membros da religião de mais rápido crescimento do mundo. Porque, todo o esperma é sagrado e todo o esperma é bestial, se o esperma for desperdiçado então Deus fica muito irado.

Uma filha (que não terá mais de seis anos): Deixem os pagãos derramar o [sémen] deles no chão poeirento, Deus fá-los-á pagar por cada esperma que não for encontrado.

O Pai: Portanto, já perceberam qual é o meu problema. Não vos posso manter a todos por mais tempo. Deus abençoou-nos tanto que não vos posso alimentar mais.

Outro dos filhos: Não podia ter cortado os tomates?

O Pai: Não é assim tão simples, Nigel. Deus sabe tudo. Ele veria esse golpe baixo. O que fazemos a nós mesmos, fazemos a Ele.

Outro das filhas: Podia tê-los arrancado num acidente.

O Pai: Não. Crianças, sei que querem ajudar, mas acreditem, estou decidido. Pensei muito seriamente sobre isto e a maioria de vocês servirá para experiências médicas.


Entretanto, na casa em frente, vive um casal de protestantes.

O marido protestante diz, enquanto espreita pela janela: Olha para eles. Católicos dum raio. Enchem o mundo de gente que não podem alimentar.

A mulher protestante: Porque têm tantos filhos?

O marido protestante: Porque, cada vez que têm relações sexuais, têm de fazer um filho.

A mulher protestante: Mas connosco é igual, Harry. Temos dois filhos e tivemos relações sexuais duas vezes.

O marido protestante: Não é essa a questão. Podíamos ter tido sempre que queríamos. E como não acreditamos em todas as tretas papistas, podemos tomar precauções. Podemos usar borrachinhas para evitar a descendência. Eu podia, se quisesse, ter tido relações contigo. E, por usar uma borrachinha no meu coiso, podia estar certo de que quando me viesse, tu não serias fecundada. É esse o fulcro de ser Protestante.

E a conversa entre o casal protestante vai subindo de tom, em acesa censura a uma Igreja Católica que não parece não ter sabido ultrapassar a Idade Média...


Vídeo legendado em português:

MP - Catolicos e Protestantes Short @ Yahoo! Video


Ou numa versão um pouco mais alargada do mesmo Vídeo, também legendado em português:

MP - Catolicos e Protestantes @ Yahoo! Video

segunda-feira, março 09, 2009

Monty Python - A mais extraordinária aula de educação sexual já leccionada num secundário


Os criadores e intérpretes britânicos da série cómica Monty Python's Flying Circus oferecem-nos neste sketch do filme "The Meaning of Life" [O Sentido da Vida], uma aula de educação sexual inesquecível:


Professor: Bom, sexo. Sexo, sexo, sexo. Onde ficámos na última aula? Bem, já tinha chegado à parte em que o pénis entra na vagina?

Os alunos após alguma hesitação: Não senhor.

Professor: Já dei os preliminares?

Os alunos após alguma hesitação: Sim senhor.

Professor: Já que todos sabem tudo sobre preliminares, podem dizer-me qual o propósito dos preliminares. Higgs?

Aluno Higgs, [após grande hesitação]: Não sei. Desculpe.

Professor: Carter?

Aluno Carter: Era tirar a roupa?

Professor: E depois disso? O propósito dos preliminares é causar a lubrificação da vagina, para que o pénis possa penetrar mais facilmente. E, obviamente, causar a erecção e rigidez do pénis. Bom, dei os sucos vaginais na semana passada?

Professor: Presta atenção Wadsworth! Sei que é sexta-feira. Posso decidir fazer um teste este período.

Ouve-se um burburinho de desagrado entre os alunos.

Professor: Ouçam com atenção. Dei ou não dei os sucos vaginais? Digam-me dois modos de os fazer fluir, Watson?

Aluno Watson: Esfregando o clitóris?

Professor: ... Que mal tem um beijo? Porque não começar a excitá-la com um beijo? Não tens de saltar directamente para o clitóris como uma besta. Dá-lhe um beijo!

Um Aluno: Chupar o mamilo?

Professor: Sim, bem, pode ser...

Outro Aluno: Acariciar as coxas?

Professor: Sim. Acho que sim...

Um terceiro Aluno: Morder o pescoço.

Professor: Sim, bem. Mordiscar a orelha, massajar o traseiro e por aí adiante. Temos todas estas possibilidades antes de atacar o clitóris.


E a lição sexual continua num crescendo de humor até atingir um clímax inesperado...


Vídeo legendado em português:


MP - Aula de Educacao Sexual @ Yahoo! Video

quinta-feira, março 05, 2009

O dinheiro enquanto dívida - a finança explicada a Armandos, Armindos, Frangos e Arturinhos

Donde é que vem o Dinheiro?

O que é o dinheiro?

Para a maioria de nós, a questão "Donde é que vem o dinheiro?" lembra-nos uma imagem da casa da moeda a imprimir notas e a cunhar moedas. O dinheiro, a maioria acredita, é criado pelo governo.

É verdade, mas só até um certo ponto. Esses símbolos de valor de metal e de papel que costumamos pensar como dinheiro são, na verdade, produzidos por uma agência do governo federal chamada Casa da Moeda.

Mas a grande maioria do dinheiro não é criado pela Casa da Moeda. É criado em grandes quantidades todos os dias por empresas privadas chamadas bancos.

A maioria de nós acredita que os bancos emprestam dinheiro que lhes foi confiado por depositantes. É fácil de imaginar. Mas não é verdade.

De facto, os bancos criam o dinheiro que emprestam, não dos ganhos do próprio banco, não do dinheiro depositado, mas directamente da promessa de pagamento da pessoa que pede emprestado.

A assinatura da pessoa que pede emprestado nos papéis do empréstimo é uma obrigação para pagar ao banco o empréstimo mais o juro, ou, perde a casa, o carro, qualquer bem que tenha dado como garantia. É um grande compromisso para o devedor.

O que é que essa assinatura requer do banco? O banco faz surgir do nada a quantidade do empréstimo e inscreve-o na conta do devedor.

Parece absurdo?

De certeza que não pode ser verdade. Mas é!

Para demonstrar como é que este milagre da banca moderna acontece, considerem esta simples história:


A história do ourives

Antigamente, quase qualquer coisa era utilizada como dinheiro.

Tinha apenas de ser portátil e que houvesse gente suficiente que acreditasse que o poderia trocar mais tarde por coisas de valor real como comida, roupa ou abrigo. Conchas, grãos de cacau, pedras bonitas, mesmo penas foram usadas como dinheiro.

Ouro e prata eram atraentes, flexíveis e fáceis de trabalhar, portanto algumas culturas tornaram-se especialistas nestes metais. Os ourives comerciavam mais facilmente moldando moedas, unidades estandardizadas destes metais cujo peso e pureza eram certificados.

Para proteger este ouro o ourives precisava de um cofre.

Depressa os outros habitantes estavam a bater à sua porta querendo alugar um espaço para guardar em lugar seguro as suas moedas e valores.

Passado pouco tempo, o ourives estava a alugar cada prateleira do seu cofre e ganhava um pequeno rendimento pelo seu negócio de aluguer de espaço no cofre.

Os anos passaram e o ourives fez uma observação astuta. Os depositantes raramente vinham retirar o seu ouro físico e nunca vinham todos ao mesmo tempo.

Isto acontecia porque os cheques que o ourives passava como recibos do ouro depositado, estavam a ser trocados no mercado como se fossem o próprio ouro.

Este papel-moeda era muito mais cómodo do que moedas pesadas, e somas de dinheiro podiam ser simplesmente escritas, em vez de laboriosamente contadas uma a uma em cada transacção.

Entretanto, o ourives desenvolvera outro negócio. Ele emprestava o seu ouro cobrando juros.

Bem, à medida que os cheques fáceis de utilizar foram sendo aceites, as pessoas que pediam empréstimos queriam o valor em forma de cheques em vez de metal. À medida que a indústria se expandia, mais e mais pessoas pediam empréstimos aos ourives.

Este facto deu ao ourives uma ideia ainda melhor.

Ele sabia que muito poucos dos seus depositantes alguma vez retiravam o seu ouro. Portanto, o ourives pensou que poderia facilmente emprestar cheques sobre o ouro dos seus depositantes, a somar ao seu próprio ouro.

Desde que os empréstimos fossem reembolsados, os depositantes nunca saberiam e não seriam prejudicados. E o ourives, agora mais banqueiro que artesão, conseguiria um lucro muito maior do que se emprestasse apenas o seu ouro.

Durante anos o ourives aproveitou secretamente um bom rendimento dos juros ganhos com os depósitos dos outros.

Agora um importante emprestador, ele foi enriquecendo mais que os outros habitantes e exibia a sua fortuna. As suspeitas aumentaram de que ele estava a gastar o dinheiro dos seus depositantes. Estes juntaram-se e ameaçaram retirar o seu ouro se o ourives não explicasse a sua riqueza recente.

Contrariamente ao que se poderia esperar, isto não foi um desastre para o ourives. Não obstante a duplicidade do seu esquema, a sua ideia resultou. Os depositantes não tinham perdido nada. O seu ouro ainda estava seguro no cofre do ourives.

Em vez de retirarem o seu ouro, os depositantes exigiram que o ourives, agora o seu banqueiro, lhes pagasse uma parte dos juros dos seus depósitos.

E isto foi o princípio do sistema bancário. O banqueiro pagava uma pequena taxa de juros pelos depósitos de dinheiro das pessoas, e então emprestava-o a uma taxa de juro maior.

A diferença cobria os custos de operação do banco e o seu lucro. A lógica deste sistema era simples. E parecia uma forma razoável de satisfazer a procura de crédito.

Contudo esta não é a forma como a banca trabalha hoje.

O nosso ourives-banqueiro não estava satisfeito com o rendimento que restava depois de partilhar os ganhos dos juros com os seus depositantes.

E a procura por crédito estava a crescer depressa, à medida que os Europeus se espalhavam através do mundo. Mas os seus empréstimos estavam limitados à quantidade de ouro que os seus depositantes tinham no seu cofre.

Foi quando ele teve uma ideia ainda mais arrojada. Já que só ele é que sabia a quantidade de ouro que estava nos seus cofres, então podia emprestar cheques sobre ouro que nem sequer estava lá!

Desde que os detentores dos cheques não aparecessem todos ao mesmo tempo a reclamar o ouro que estava no seu cofre, como é que alguém descobriria?

Este novo esquema funcionou muito bem, e o banqueiro tornou-se tremendamente rico com os juros pagos por ouro que nem sequer existia!

A ideia de que o banqueiro podia criar dinheiro a partir do nada era demasiada escandalosa para acreditar, por isso, por muito tempo, esse pensamento nem sequer ocorreu às pessoas.

Mas, o poder de inventar dinheiro subiu à cabeça do banqueiro, como podem imaginar. Com o tempo, a magnitude dos empréstimos e a ostentação da riqueza do banqueiro levantou novamente suspeitas.

Algumas pessoas que pediam empréstimos começaram a exigir ouro em vez de representações em papel. Rumores espalharam-se.

Subitamente, vários depositantes ricos apareceram para retirar o seu ouro. O jogo tinha acabado!

Uma multidão de possuidores de cheques apareceu junto às portas fechadas do banco. O banqueiro não tinha ouro e prata suficiente para cobrir todo o papel que tinha distribuído.

Isto chama-se uma "corrida ao banco" e é o que qualquer banqueiro mais teme.

Este fenómeno da "corrida ao banco" arruinou bancos individuais e, sem surpresa, danificou a confiança do público em todos os banqueiros.



Os primeiros oito minutos e vinte segundos (8:20m) do vídeo 'Money as Debt' - 'O dinheiro enquanto dívida' - legendados em português:



O dinheiro enquanto dívida - Money as Debt @ Yahoo! Video


A versão completo do vídeo em inglês (47m): Money as Debt

E a versão completa do vídeo em espanhol (47m): El Dinero es Deuda.
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