segunda-feira, janeiro 30, 2006

Richard Perle


Richard Perle, presidente do conselho de política de defesa do Pentágono, comentou, em finais de 2002, os planos da administração Bush na guerra ao terrorismo:

- «Não há fases. Isto é guerra total. Estamos a lutar contra uma série de inimigos. São imensos. Esta conversa toda acerca de irmos primeiro tratar do Afeganistão, depois, do Iraque, de seguida olharmos em volta e vermos em que pé estão as coisas. Esta é a maneira mais errada de fazer as coisas... se deixarmos a nossa visão do mundo ir para a frente, se nos dedicarmos totalmente a ela, e se deixarmos de nos preocupar em praticar diplomacia elegante, mas simplesmente desencadearmos uma guerra total... daqui a uns anos os nossos filhos cantarão hinos em nosso louvor.»

O jornalista John Pilger entrevistou Perle em 1987, quando este era conselheiro do presidente Reagan. Nessa altura, Pilger pensou que ele era louco.


Comentário:

Não concordo com Pilger. Acho apenas que Richard Perle é demasiado pragmático. Desregradamente pragmático. Quanto aos hinos, se os nossos filhos ainda cá estiverem, talvez os cantem.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

A aposta «falhada» de Sócrates

Pacheco Pereira no blog Abrupto e no Público de 28-7-2005:

...ainda mais o motiva (Mários Soares) poder pôr na ordem o PS e encaminha-lo para uma esquerda mais radical, “social” no sentido anti-capitalista, anti-globalizadora, anti-americana e gaullista-europeista extremada, que é o núcleo duro do seu pensamento actual. Ironicamente, para quem meteu o socialismo na “gaveta”, o seu pensamento económico, ou melhor, a sua ideologia económica, é hoje claramente anti-capitalista e o apoio que dá aos movimentos anti-globalização, simbolizados no fórum de Porto Alegre, e que representam hoje o “socialismo terceiro-mundista” que combateu no passado, tem poucas nuances. Soares é hostil às políticas de liberalização da OMC, combateria aquilo a que chama “capitalismo selvagem” e a “dominação” do globo pelo “pensamento único”, pelo “neo-liberalismo”, ou seja, a mundialização da economia de mercado que o fim do “socialismo real” permitiu.

Soares apoiaria um eixo Paris-Berlim-Moscovo e deseja uma Europa federada, uns Estados Unidos da Europa mesmo que sem este nome, uma Europa que se dotasse dos meios de defesa e intervenção que lhe dessem capacidade para se medir com a super potência americana. O seu ideal seria uma Europa armada que substituiria o lugar da URSS como a outra super potência, e com uma política externa essencialmente de contenção anti-americana. Faria tudo para combater o “império”, ou seja os EUA, e para o isolar e condenar sob todas as formas nas instituições internacionais, apoiaria a retirada imediata ou quase das tropas da coligação e da NATO do Afeganistão e no Iraque. Por aí adiante.

Ora, quem tem este programa em Portugal é o Bloco de Esquerda e não o PS e se isso não soa o alarme no governo, é porque perderam qualquer capacidade analítica e não têm ouvido e lido Mário Soares nos últimos anos.



Comentário:


Terá a terceira via de Sócrates ficado fortemente diminuída com a estrondosa derrota do seu candidato presidencial?

Mário Soares (Fórum Social Mundial): «O colapso do mundo comunista fez com que os partidos socialistas e social-democratas interiorizassem a derrota, embora não tenha sido uma derrota do socialismo. Começaram a aproximar-se do neoliberalismo e adotaram certas expressões e idéias neoliberais. Isso foi visível principalmente com (Tony) Blair e sua terceira via, em que nunca acreditei. O povo de esquerda não mais se sentiu representado pelos socialistas, ou se sentiram insuficientemente representados pelos partidos políticos...»

terça-feira, janeiro 24, 2006

De nada serve, chorar sobre leite derramado

Este povo miserável esqueceu a sua própria cultura assimilada ao longo dos séculos...
Se os ensinamentos dos antigos não tivessem sido levados pelo "vento" da modernidade, Cavaco não teria tido a mínima hipótese de ser eleito. Senão, vejamos os provérbios populares:
1) Em Janeiro sobe ao outeiro; se vires verdejar, põe-te a cantar, se vires Cavacar, põe-te a chorar.
2) Quem vai ao mar avia-se em terra; quem vota Cavaco, mais cedo se enterra.
3) Cavaco a rir em Janeiro, é sinal de pouco dinheiro.
4) Quem anda à chuva molha-se; quem vota em Cavaco lixa-se.
5) Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão; parvo que vota em Cavaco, tem cem anos de aflição.
6) Gaivotas em terra temporal no mar; Cavaco em Belém, o povinho a penar.
7) Há mar e mar, há ir e voltar; vota Cavaco quem se quer afogar.
8) Março, marçagão, manhã de Inverno tarde de Verão; Cavaco, Cavacão, manhã de Inverno tarde de inferno.
9) Burro carregando livros é um doutor; burro carregando o Cavaco é burro mesmo.
10) Peixe não puxa carroça; voto em Cavaco, asneira grossa.
11) Amigo disfarçado, inimigo dobrado; Cavaco empossado, povinho atropelado.
12) A ocasião faz o ladrão, e de Cavaco um aldrabão.
13) Antes só que mal acompanhado, ou com Cavaco ao lado.
14) A fome é o melhor cozinheiro, Cavaco o melhor coveiro.
15) Olhos que não vêm, coração que não sente, mas aturar o Cavaco, não se faz à gente.
16) Boda molhada, boda abençoada; Cavaco eleito, pesadelo perfeito.
17) Casa roubada, trancas na porta; Cavaco eleito, ervas na horta.
18) Com Cavacos e bolos se enganam os tolos.
19) Não há regra sem excepção, nem Cavaco sem confusão.
20) De Boliqueime, nem bom vento nem pôrra nenhuma.

domingo, janeiro 22, 2006

Graças a Deus que o nosso sistema eleitoral (ainda) não é igual ao americano

Hoje é dia de eleições. Graças a Deus que o nosso sistema eleitoral (ainda) não é igual ao americano. Se fosse, até o Garcia Pereira tinha hipóteses de ganhar.

O texto seguinte está em brasileiro.


Common Dreams
6 de Novembro de 2004

Thom Hartmann é um autor de sucesso ganhador do Project Censored Award que tem um programa de entrevistas no rádio transmitido diariamente em cadeia nacional, assim como uma página na Internet (www.thomhartmann.com). Seus livros mais recentes são "The Last Hours of Ancient Sunlight" (As Últimas Horas da Antiga Luz do Sol, Editora Sinais de Fogo, Portugal), "Unequal Protection: The Rise of Corporate Dominance and the Theft of Human Rights" (Proteção Desigual: A Ascenção da Domínio Corporativo e o Roubo dos Direitos Humanos), "We The People: A Call To Take Back America" (Nós o Povo: Um Apelo Para Devolver a América) e "What Would Jefferson Do?: A Return To Democracy" (O Que Jefferson Faria: Uma Volta à Democracia).


AS EVIDENCIAS MOSTRAM QUE O VOTO FOI FRAUDADO
por Thom Hartmann

Quando conversei com o candidato a deputado democrata pelo 16º
distrito da Flórida Jeff Fisher esta manhã (sábado 6 de novembro de
2004), ele disse que estava esperando o FBI chegar. Fisher tinha as
evidências, segundo ele, que não somente a eleição na Flórida havia
sido fraudada, mas por quem e como. E não só este ano, mas que estas
mesmas pessoas havia fraudado o pleito primário democrata em 2002 para
que Jeb Bush não tivesse que concorrer contra Janet Reno, que
representava uma ameaça real a Jeb, mas contra Bill McBride, de quem
Jeb ganharia.

- Foi um exercício para uma conquista a nível nacional - Fisher me
disse.

E as evidências se acumulam na conquista nacional ocorrida em 2 de
novembro de 2004. Kathy Dopp compilou as informações oficiais numa
tabela disponível em http://ustogether.org/Florida_Election.htm, e
observou coisas surpreendentes.

Enquanto as máquinas de votar de toque de tela de grande capacidade
pareciam produzir resultados onde a proporção Democrata/Republicano
batia com a votação Kerry/Bush, assim como os votos em papel
digitalizados nas comarcas maiores, nas localidades menores da Flórida
os resultados dos votos em papel digitalizados - alimentados num PC e
portanto mais vulnerável à fraude - pareciam se inverter.

Na comarca de Baker, por exemplo, com 12.887 eleitores registrados,
69,3% votaram no Partido Democrata e 24,3% no Republicano, mas a
votação foi de somente 2.180 votos para Kerry e 7.738 para Bush, o
oposto do que se viu no resto do país onde os democratas votaram em
massa em Kerry.

Na comarca de Dixie, com 4.988 eleitores registrados, 77,5% deles
votando no Partido Democrata e apenas 15% no Republicano, só 1.959
pessoas votaram em Kerry, mas 4.433 em Bush.

O padrão se repete em todo lugar - mas somente nas comarcas menores
onde, possivelmete, o pequeno número de eleitores não chamaria a
atenção. Em Franklin, 77,3% votaram nos democratas mas 58,5% em Bush.
Em Holmes, 72,7% votaram nos democratas, e 77,25% em Bush.

Ainda assim em localidades maiores, onde estas anomalias seriam mais
óbvias para a mídia, altos percentuais de votos para os democratas
equivaliam a altos percentuais para Kerry.

Mais análises visuais dos resultados podem ser vistas em
http://ustogether.org/election04/FloridaDataStats.htm, e
www.rubberbug.com/temp/Florida2004chart.htm.

E, embora as autoridades eleitorais não tivessem notado nenhuma
anomalia, em conjunto elas foram suficientes para fazer a Flórida
virar de Kerry para Bush. Se você simplesmente pegar os resultados e
inverter os números "anômalos" nestas localidades que parecem ter sido
fraudadas, o resultado mostra números semelhantes às pesquisas de
boca-de-urna: Kerry ganha, e ganha longe.

Estas pesquisas de boca-de-urna têm sido um problema para os
repórteres desde o dia da eleição.

Na noite da eleição, eu fazia uma cobertura ao vivo para a WDEV, uma
das rádios que transmitem meu programa, e, logo depois da meia-noite,
durante o boletim da Associated Press das 0:20, fiquei surpreso em
ouvir que a repórter Karen Hughes havia dito a George W. Bush que ele
havia perdido a eleição. As pesquisas eram claras: Kerry estava
ganhando por maioria esmagadora. "Bush ouviu o comentário
estoicamente" dizia a nota da AP.

Mas então os computadores começaram a mostrar algo diferente. Em
muitos estados chave.

Os conservadores vêem aqui uma conspiração: eles acham que as
pesquisas foram manipuladas.

Dick Morris, o mal-afamado consultor político da primeira campanha de
Clinton que passou para contultor Republicano e comentarista da Fox
News, escreveu um artigo para The Hill, a publicação lida por todo
político em Washington, em que ele faz duas observações brilhantes.

"As pesquisas de boca-de-urna quase nunca estão erradas" escreve
Morris. "Elas eliminam as duas maiores falhas em pesquisas ao separar
corretamente os eleitores de fato dos que pretendem votar mas não o
fazem, e ao substituir observações reais por conjeturas de avaliação
do índice de abstenção em diferentes partes do Estado".

Ele acrescenta: "Portanto, de acordo com as pesquisas de boca-de-urna
da rede ABC, por exemplo, Kerry deveria ganhar nos estados de Flórida,
Ohio, Novo México, Colorado, Nevada e Iowa, onde na realidade Bush
ganhou em todos. O único estado onde as pesquisas davam vitória para
Bush foi West Virginia, onde o presidente ganhou por 10 pontos.

E poucas horas depois de as pesquisas mostrarem uma clara vitória de
Kerry, quando os números de votos computadorizados começaram a vir de
vários estados a eleição estava decidida para Bush.

Como isso pode acontecer?

No programa de TV da CNBC "Topic A With Tina Brown", alguns meses
atrás, Howard Dean entrevistou Bev Harris, a avó de Seattle que criou
www.blackboxvoting.org na sua sala de estar. Bev chamou a atenção
para, independente de quantos votos forem tabulados (exceto os de
pequenas cidades em Vermont onde a contagem é manual), a contagem real
é feita por computadores. Sejam máquinas de leitura ótica da Diebold,
que lêem cédulas de papel preenchidas a lápis ou caneta pela mão do
eleitor, ou os leitores de cartões perfurados, ou as máquinas que
simplesmente registram os votos dados em tela de toque, em todos esses
casos os totais são enviados para uma máquina "tabuladora central".

Esta máquina tabuladora central é um PC com Windows.

"Num sistema de votação" explicou Harris a Dean em cadeia nacional,
"você tem todas as diferentes máquinas de votar em todos os locais de
votação, algumas vezes em localidades como a minha, mil locais de
votação numa única comarca. Todas essas máquinas alimentam uma única
máquina para somar todos os votos. Portanto, é claro, se você fosse
querer fazer alguma coisa que não deve ser feito, seria mais
conveniente fazê-lo nas 4000 máquinas ou apenas numa que concentra
elas todas?".

Dean aquiesceu em concordância retórica, e Harris continuou. "O que
causa surpresa é que o tabulador central é um simples PC, como o que
eu ou você usamos. É apenas um computador normal".

"Portanto," disse Dean "qualquer um que pode fraudar um PC poderá
fraudar esse tabulador central?".

Harris concordou, e mostrou como a Diebold usa um programa chamado
GEMS, que preenche a tela de um PC e efetivamente o transforma no
sistema tabulador central. "Este é o programa oficial que o Supervisor
da Comarca vê", disse ela, apontando para um PC que estava entre eles,
carregado com o software da Diebold.

Bev fez então Dean abrir o programa GEMS para ver os resultados de um
teste de uma eleição. Eles foram até a tela intitulada "Relatório de
Resumo da Eleição" e esperaram um momento enquanto o PC "somava todos
os votos de todas as seções", e então viram que nesta falsa eleição
Howard Dean tinha 1000 votos, Lex Luthor tinha 500, e Tiger Woods
nenhum. Dean tinha ganho.

"Naturalmente, você não pode fraudar este programa" observou Harris. A
Diebold desenvolveu um ótimo programa.

Mas está rodando num PC com Windows.

Então Harris fez Dean fechar o software GEMS, e, voltando ao Windows,
clicou no ícone "Meu Computador", escolheu "Disco Local C:", abriu a
pasta chamada GEMS, e abriu a sub-pasta "LocalDB" que, observou
Harris, "significa banco de dados local, isto é, o local onde estão os
votos". Harris fez então Dean dar um duplo clique num arquivo na pasta
"Votos do Tabulador Central", o que fez o PC abrir uma planilha de
votos num programa de banco de dados semelhante ao Excel.

Na linha "Soma dos candidatos", ela descobriu que numa seção Dean
tinha recebido 800 votos e Lex Luthor 400.

"Vamos invertê-los" disse Harris, e Dean cortou e arrastou os números
de uma célula para outra. "E," acrescentou magnanimamente, "vamos dar
100 votos a Tiger".

Fecharam o banco de dados, voltaram ao software oficial GEMS "de forma
legítima, você é o responsável na comarca e você está conferindo o
andamento de sua eleição".

Enquanto a tela mostrava a tabulação oficial, Harris disse "você pode
ver que agora Howard Dean tem apenas 500 votos, Lex Luthor tem 900, e
Tiger Woods 100". Dean, o vencedor, agora era o perdedor.

Harris ajeitou-se, sorriu e disse "nós acabamos de editar uma eleição,
e só levou 90 segundos".

O clipe com a entrevista pode ser visto em www.votergate.tv.

O que nos traz de volta a Morris e às incômodas pesquisas de
boca-de-urna que levaram Karen Hughes a dizer a George W. Bush que ele
tinha perdido a eleição de lavada.

A teoria da conspiração de Morris é que as pesquisas de boca-de-urna
"foram sabotadas" para fazer os eleitores dos Estados ocidentais não
se incomodarem em votar em Bush, já que as redes iriam prever o
resultado baseado nas pesquisas para Kerry. Mas as redes não fizeram
isso, nem tinham a intenção de faze-lo. Faz muito mais sentido que as
pesquisas estavam corretas - não foram feitas em PCs da Diebold - e
que os votos é que foram fraudados.

E não só para o candidato a presidente - Jeff Fisher pensa que isso o
atingiu e qualquer outro candidato democrata para a Câmara nos
estados mais fraudados.

Por enquanto, o único a chegar próximo desta história na mídia
nacional foi Keith Olbermann em seu programa de sexta-feira à noite em
5 de novembro, quando observou que era curioso que todas as
irregularidades das máquinas de votar encontradas até então eram
favoráveis a Bush. Enquanto isso, o Washington Post e outras mídias
estão se contorcendo sobre a teoria da bala única para explicar como
as pesquisas de boca-de-urna falharam.

Mas eu concordo em grande parte com Dick Morris da Fox. Ao fechar esta
matéria para The Hill, Morris escreveu no parágrafo final: "Este não
foi um simples erro. As pesquisas de boca-de-urna não podem estar tão
erradas em todo lugar como no dia da eleição. Eu suspeito de jogo
sujo".

http://www.commondreams.org/headlines04/1106-30.htm

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Chirac admite usar armas nucleares contra ataques terroristas

19-01-2006

É a primeira vez que a França fala desta hipótese. Não disse o nome de nenhum país, mas sublinhou que as reservas estratégicas e a defesa dos aliados são interesses vitais

A França reserva-se o direito de ripostar com armas nucleares contra qualquer país que lance um ataque terrorista em território francês, afirmou hoje o Presidente francês, Jacques Chirac.

"Os dirigentes dos Estados que recorram a meios terroristas contra nós ou que considerem a possibilidade de utilizar armas de destruição maciça devem compreender que se expõem a uma resposta firme e consentânea da nossa parte. Essa resposta pode ser convencional, mas também pode ser de outra natureza", disse Chirac, sem referir nenhum país em concreto.

Esta é a primeira vez que a França admite usar armas nucleares contra o terrorismo.

A França planeou as suas forças nucleares para poder responder "com flexibilidade" a uma ameaça, disse Chirac, que discursava sobre a doutrina militar francesa às tripulações dos submarinos nucleares da base nuclear de Ile Longue, ao largo de Brest (oeste).

As reservas estratégicas e a defesa dos aliados são, em última análise, interesses que podem ser considerados vitais e que justificariam o recurso à dissuasão nuclear, acrescentou o Presidente francês.

Até agora, a França apontava como interesses vitais justificativos de um recurso ao nuclear a integridade do seu território, a protecção da sua população e o livre exercício da sua soberania.

Chirac frisou, no entanto, que qualquer "ameaça ou chantagem" visando esses interesses terá sempre de ser "avaliada pelo Presidente da República quanto à sua amplitude e potenciais consequências", análise decisiva para a sua qualificação como "interesses vitais".

"A luta contra o terrorismo é evidentemente uma das nossas prioridades", disse Chirac, acrescentando no entanto que "não se deve ceder à tentação de limitar o conjunto das problemáticas da defesa e da segurança a esse necessário combate ao terrorismo".

"Não é por surgir uma nova ameaça que todas as outras desaparecem", explicou, acrescentando que "o mundo é (hoje) marcado pelo aparecimento de afirmações de poder que assentam na posse de armas nucleares, biológicas ou químicas".



Comentário:

A quem se referirá Chirac? A Bin Laden, a Ahmadinejad, a Putin ou a Bush?

Quem tem nos últimos anos vindo a fazer afirmações de poder que assentam na posse de armas nucleares, biológicas ou químicas?

Quem cedeu (aparentemente) à tentação de limitar o conjunto das problemáticas da defesa e da segurança a esse necessário combate ao terrorismo?

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O racismo é uma besta pestilenta.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Erro Nuclear

A CNN foi expulsa liminarmente do Irão, depois de ter errado numa tradução de um discurso do Presidente Ahmadinejad, ao afirmar que este teria dito que “todos os países têm direito a ter armas nucleares” quando, a verdade é que o homem disse “todos os países têm direito à tecnologia nuclear”.
Quando confrontada com o facto, a CNN pediu desculpa pelo erro, mas o pretexto para pôr os americanos fora dali é demasiado bom para ser desperdiçado…
A dúvida sobre se o erro foi propositado ou não, é pertinente. É que no discurso que fez, Ahmadinejad afirmou que “o Irão não pretende produzir a bomba atómica” e que “a posse e a utilização dessa bomba é contrária à religião”. Mas os tipos da CNN já nem devem ter ouvido esta parte, tão excitados devem ter ficado quando julgaram perceber que o dirigente iraniano dizia ser favorável à produção da arma nuclear.
É verdade que o Presidente iraniano não é homem para falinhas mansas. Desde que venceu as eleições, que não se cansa de rogar pragas a Israel e, além disso, reiniciou uma política de linha dura com a Europa e EUA, a pretexto da questão nuclear.
Ahmadinejad tem “as costas quentes” com o apoio tácito da China e da Rússia que, julgo, jamais deixarão que o Conselho de Segurança dê a bênção a um ataque preventivo contra o Irão. Se Bush o quiser fazer, vai ter de o fazer sozinho.

domingo, janeiro 15, 2006

Crime Impune

Pervez Musharraf, o ditador paquistanês tratado como amigo fiel e aliado pelo governo dos EUA, está a braços com mais um problema: como justificar o ataque da passada 6ªfeira à aldeia de Damadola, perto da fronteira com o Afeganistão.
O ataque foi perpretado por um avião não-tripulado do exército norte-americano. Tratou-se, tudo indica, de uma operação da CIA destinada a matar Al-Zawhairi, o alegado nº2 da Al-Qaeda. Parece que a CIA teria tido indicações de que Al-Zawhairi estaria numa das casas atingidas pelo ataque.

O certo é que morreram 18 pessoas. Os aldeões dizem que mais de metade dos mortos são mulheres e crianças da aldeia e que não havia nenhum motivo para terem sofrido esse ataque. O certo é que mataram 18 pessoas, provavelmente inocentes de qualquer crime. O certo é que ninguém jamais será responsabilizado por este crime, ninguém jamais será responsabilizado por este erro, por este acto desumano. Jamais haverá um tribunal para julgar estas mortandades perpretadas pelos americanos em nome… do petróleo que consomem.
Pervez Musharraf diz que mandou protestar junto do governo norte-americano. Mas baixinho… que é para não incomodar a sesta do presidente Bush… Alto e bom som foi o aviso que deu aos seus próprios concidadãos, ontem na tv: “If we kept sheltering foreign terrorists here ... our future will not be good," disse este lacaio do imperialismo americano, sem ligar ao facto de que os americanos não mataram qualquer terrorista em Damadola, apenas aldeões indefesos que morreram sem saber de quê.
Em Washington, o cinismo impõe-se. Nenhum organismo reconhece a autoria do ataque. No comments é a única resposta. Mas é um silêncio ensurdecedor.

sábado, janeiro 14, 2006

Les uns et les autres

Les uns:



Les États-Unis arment Israël contre l’Iran

Dans le cadre de leur «partenariat stratégique», les États-Unis ont accordé des fonds supplémentaires conséquents à Israël pour accroître son arsenal.

Le Congrès a ainsi approuvé, fin décembre 2005, une allocation de 133 millions de dollars pour le développement du projet de missiles Arrow (photo), ainsi que le transfert de 600 millions de dollars supplémentaires à Israël, pour des projets communs de défense, en plus de ce que l’État hébreu reçoit annuellement.

Sous couvert d"un prétendu bouclier anti-missile israélien, les États-unis arment en fait Israël contre l’Iran: les quelques 600 millions de dollars seront ainsi affectés à la construction de drones, à l’acquisition de blindages de transports de troupes et de systèmes anti-leurres.

Plusieurs rapports états-uniens font également état de l’importance de ces « bases de défense anti-missiles » Arrow, dont la vocation est duale (leur porté étant estimé de 60 à 100km) : à la fois défensive et offensive.

Israël participe activement à la campagne de diabolisation de l’Iran, l’accusant sans preuves de chercher à fabriquer l’arme nucléaire en violation du Traité de non prolifération. Cependant, Israël est actuellement la seule puissance régionale à s’être dotée illégalement de la bombe atomique. C’est donc lui, et lui seul, qui représente une menace pour ses voisins.

«Le déploiement de missile de défense est un élément essentiel dans l’élargissement de nos efforts pour transformer notre défense, nos politiques de dissuasion et nos capacités de faire face aux nouvelles menaces», George W.Bush, le 17 décembre 2002.



Et les autres:

Tandis que le ministère russe de la Défense a annoncé, le même jour, l’accélération des livraisons d’armes défensives à l’Iran. Le transfert porte sur 29 missiles de cinquième génération Tor-M1 capables d’intercepter drones, hélicoptères, avions et mêmes missiles. De nouveaux systèmes de DCA pourraient également être vendus à l’Iran pour protéger ses grandes villes, ses ports et ses centrales nucléaires. Enfin, l’Iran devrait obtenir le statut d’observateur de l’Organisation de coopération de Shangaï, l’alliance militaire russo-chinoise, à l’été 2006.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Quando a ficção é demasiado real

Jornal Expresso – 15 de Setembro de 2001 (quatro dias após o 11 de Setembro de 2001)

Quando a capa do álbum Party Music do grupo «rap» The Coup (O Golpe) apareceu na Web, chegou a pensar-se numa partida de mau gosto face aos atentados de terça-feira contra as torres gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, e o Pentágono, em Washington. O CD foi posto à venda com a dita capa na Internet (na foto), apesar de só ser editado em finais de Outubro. O grupo, segundo a sua distribuidora portuguesa AnAnAnA, diz que apenas quis «retratar o impensável e o impossível, como uma crítica simbólica ao poderio das grandes multinacionais e à escravização financeira das sociedades actuais».

A capa, feita há meses, será substituída por outra, por decisão da editora, a 75ARK.

Mas a arrepiante coincidência é uma minúscula fatia de um bolo maior: a utilização da destruição de Nova Iorque e de grandes símbolos americanos como tema ou cenário em livros, discos e, principalmente, filmes de Hollywood.


Comentário:

Quem diria que Bush, Cheney, Rumsfeld e restantes neoconservadores eram tão fervorosos admiradores de música rap. Sobretudo do seu simbolismo pictórico. Será que também eles quiseram «retratar o impensável e o impossível, mas como um apoio simbólico ao poderio das grandes multinacionais e à escravização financeira das sociedades actuais»? Impensável e impossível?

domingo, janeiro 08, 2006

A privatização da classe política



Miguel Sousa Tavares – Expresso - 07.01.2006

É como a Ota e o TGV: ninguém ainda conseguiu explicar direito a lógica de interesse público, de rentabilidade económica ou de factor de desenvolvimento. Mas todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos, não apenas os directamente interessados - os empresários de obras públicas, os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos - mas também flutuantes figuras representativas dos principais escritórios da advocacia de negócios de Lisboa. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. Não há nada pior e mais perigoso do que a relação dos socialistas com o grande dinheiro: são saloios, deslumbrados e complexados. E o grande dinheiro agradece e aproveita.

Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro -, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre. Jogando com o que resta do património público, com o dinheiro que receberemos até 2013. Cá fora, na rua e frente a eles, estão os que acreditam que nada pode mudar, mude ou não mude o mundo. Sobreviveremos depois disso?


Comentário:

Não podia estar mais de acordo. Penso apenas que não são só os socialistas que são saloios, deslumbrados e complexados com o grande dinheiro. Muitos outros há igualmente fascinados pelo dito cujo.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Allah Akhbar

Apesar da terra ser pródiga em milagres, é pouco provável que Sharon consiga ressuscitar de três hemorragias cerebrais. Aos 77 anos, ninguém é de ferro…
Os médicos tentam fazer de deus, mas o homem está em coma, ligado à máquina e dali não sairá com facilidade.
Parece que a última ordem que deu, esta semana, foi no final de um briefing com os chefes militares a propósito dos constantes ataques dos rockets palestinianos. Rezam os jornais israelitas que terá dito: “isto tem que parar. Acabem com esses rockets Kassam. Mexam-se”. Heróico…
Ao mesmo tempo que era internado e operado de urgência, os generais obedeciam-lhe e davam início a uma vasta operação militar, com bombardeamentos aéreos, sobre alegados locais onde se ocultarão os lançadores dos rockets Kassam que, afinal de contas, são uma arma rudimentar e pouco eficaz, incapaz de acertar prepositadamente num alvo e com pouquíssimo poder destruidor. Os rockets Kassam funcionam melhor como arma de propaganda…
Mas a festa está em preparação, apesar dos bombardeamentos israelitas. Os árabes não conseguem esconder o que lhes vai na alma, apesar de terem de parecer politicamente correctos. Não se deseja a morte a ninguém, não é?... Mas, ao responsável pelos massacres nos campos de refugiados palestinianos em Beirute, eles desejam uma bela morte.
Agora, vão começar a aparecer nos jornais e nas televisões os feitos heróicos do guerreiro que, desde 1948, combateu em todas as batalhas de Israel. Poucos irão lembrar os massacres de Sabra e Chatila de 1982. Pouco importa. As vítimas de Sharon esperam por ele.

A malta não quer é trabalhar

TVI - 6 Jan 2006

O desemprego não pára de subir e ninguém parece acreditar que possa inverter esta tendência tão cedo. No último inquérito feito pelo Instituto Nacional de Estatística, os portugueses mostraram-se mais pessimistas quanto à evolução do desemprego nos próximos 12 meses, isto apesar da confiança dos consumidores ter estabilizado.

Esta é pois uma das maiores preocupações das famílias portuguesas. Os dados mais recentes do Eurostat mostram que Portugal foi o terceiro país entre os 25 da União Europeia onde o desemprego mais cresceu no último ano.

Entre Novembro de 2004 e o mesmo mês do ano passado, a taxa de desemprego trepou de 7 para 7,5 por cento. Pior desempenho na Europa só o Luxemburgo e a Hungria.



Comentário:

Somos um país de parasitas. E o resto da Europa e os Estados Unidos não são muito melhores. Queremos ganhar muito sem fazer nenhum e as empresas, muito compreensivelmente, deslocalizam. Porque é que havemos de ganhar setenta contos por mês a trabalhar oito horas por dia numa fábrica de confecções, quando os chineses trabalham por 33 cêntimos à hora, catorze horas por dia, sete dias por semana?

Só podemos ser competitivos se superarmos, por baixo, estes valores. Por exemplo: 20 cêntimos por hora, dezoito horas por dia, sete dias por semana, doze meses por ano. Desta forma, e enquanto os povos da África Equatorial estiverem fora do mercado de trabalho, poderemos aspirar a um desenvolvimento sustentado.

Agora, como estão as coisas não iremos a lado nenhum. E o mau desempenho da Hungria e do Luxemburgo também não é de admirar. Quantos de nós já alguma vez viu um luxemburguês a trabalhar?

terça-feira, janeiro 03, 2006

O Virtuoso

Para George W.Bush a virtude é um dado adquirido. Discurso após discurso, ele fala da virtude da “sua” guerra, da virtude do “seu” mandato celestial. Explicando a virtude, Bush sabe que será perdoado. Principalmente pelos que morrerem na guerra.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Os Muscídeos


Expresso Online - 2 Janeiro 2006

António Mega Ferreira será o próximo presidente do Centro Cultural de Belém (CCB).

O nome do jornalista e escritor, que já tinha sido avançado pelo EXPRESSO, voltou hoje a ser referido pela agência Lusa, depois de ter sido anunciada a exoneração do actual presidente da Fundação, João Fraústo da Silva.

O despacho ministerial refere que a tutela pretende «imprimir uma nova dinâmica ao CCB, consentânea, por um lado, com o programa do actual governo e, por outro lado, com novas valências de intervenção cultural e internacional».

A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, alegou também a «necessidade de uma mudança de orientação».

Fraústo da Silva presidia ao Conselho de Administração do CCB desde 1996, por convite do então ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho.



Comentário:

O excremento é o mesmo. O que muda são os insectos dípteros, pertencentes à família dos Muscídeos, sempre muito bem remunerados e com excelentes indemnizações quando esvoaçam em busca de novo monte de estrume.